terça-feira, 22 de janeiro de 2019

SERÁ UM PROBLEMA LATENTE ?



Com quase 70 anos de vida passados em Portugal considero que tenho a experiência pessoal suficiente para, apoiado na história que fui lendo e na observação do comportamento da sua população, me sentir autorizado para dar algumas opiniões, admitindo, logo a priori, que podem estar erradas.

Seja devido a factores ambientais, históricos ou da repressão de ditaduras, sente-se que neste nosso espaço, embora pertencente à Europa Ocidental o nível de contestação de rua, com alguma violência não é uma atitude de protesto muito habitual entre nós. A tentativa de imitar os “coletes amarelos” de Paris, e outras cidades francesas, não conseguiu uma adesão notável. Apesar de que por cá existem razões do mesmo teor, e até mais acentuadas, para reclamar.

A actualidade mais recente, sem ser inédita, refere as mostras de agressividade centrados em zonas residenciais, ou mais propriamente em “guetos” habitados por migrantes. Não será um pensamento descabido admitir que nem todos os que lá moram estão integrados na sociedade. O facto de se lhes ter fornecido residência e outras ajudas sociais que não teriam nos seus países de origem, não evita a que se sintam recluídos numa periferia.

Assim sendo não podemos classificar todos os seus habitantes num mesmo estereótipo. Deve-se admitir que existe uma percentagem, indeterminada, que se mantém fora dos limites do que a lei admite, e que possivelmente será de entre estes elementos que surjam as atitudes agressivas.

O que importa é que esta contestação violenta existe e não é, por enquanto, enquadrada pelas agregações sociais, sindicais, religiosas ou profissionais, que os possa representar num esquema aceitável. Isto apresenta para as entidades que dentro do seu campo de actividade, devem tentar acalmar os protestos e propor soluções, caso elas sejam plausíveis. Felizmente, estes grupos de contestação violenta parece que agem de forma isolada, sem coordenar a possibilidade de agirem concertadamente desde locais afastados entre si.

Por um lado este comportamento de acção limitada geograficamente é favorável para a sociedade, que pode incumbir a sua neutralização através das forças da ordem pública. Mas nada nos pode garantir que a situação actual não se possa agravar.

O perigo que se pode antever é o do aparecimento, entre nós, de um movimento extremista, xenófobo, racista que aproveite o nervosismo de uma situação em crescente na Europa e altere o equilíbrio, sempre periclitante, que tem existido entre os grupos com ideias nacionalistas e a população em geral, que desde séculos esta habituada a conviver com quem não é exactamente igual.

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