Com
quase 70 anos de vida passados em Portugal considero que tenho a
experiência pessoal suficiente para, apoiado na história que fui
lendo e na observação do comportamento da sua população, me sentir autorizado para dar algumas opiniões, admitindo, logo a
priori, que podem estar erradas.
Seja
devido a factores ambientais, históricos ou da repressão de
ditaduras, sente-se que neste nosso espaço, embora pertencente à
Europa Ocidental o nível de contestação de rua, com alguma
violência não é uma atitude de protesto muito habitual entre nós.
A tentativa de imitar os “coletes amarelos” de Paris, e outras
cidades francesas, não conseguiu uma adesão notável. Apesar de que
por cá existem razões do mesmo teor, e até mais acentuadas, para
reclamar.
A
actualidade mais recente, sem ser inédita, refere as mostras de
agressividade centrados em zonas residenciais, ou mais propriamente
em “guetos” habitados por migrantes. Não será um pensamento
descabido admitir que nem todos os que lá moram estão integrados na
sociedade. O facto de se lhes ter fornecido residência e outras
ajudas sociais que não teriam nos seus países de origem, não evita
a que se sintam recluídos numa periferia.
Assim
sendo não podemos classificar todos os seus habitantes num mesmo
estereótipo. Deve-se admitir que existe uma percentagem,
indeterminada, que se mantém fora dos limites do que a lei admite, e
que possivelmente será de entre estes elementos que surjam as
atitudes agressivas.
O
que importa é que esta contestação violenta existe e não é, por
enquanto, enquadrada pelas agregações sociais, sindicais,
religiosas ou profissionais, que os possa representar num esquema
aceitável. Isto apresenta para as entidades que dentro do seu campo
de actividade, devem tentar acalmar os protestos e propor soluções,
caso elas sejam plausíveis. Felizmente, estes grupos de contestação
violenta parece que agem de forma isolada, sem coordenar a
possibilidade de agirem concertadamente desde locais afastados entre
si.
Por
um lado este comportamento de acção limitada geograficamente é
favorável para a sociedade, que pode incumbir a sua neutralização
através das forças da ordem pública. Mas nada nos pode garantir
que a situação actual não se possa agravar.
O
perigo que se pode antever é o do aparecimento, entre nós, de um
movimento extremista, xenófobo, racista que aproveite o nervosismo
de uma situação em crescente na Europa e altere o equilíbrio,
sempre periclitante, que tem existido entre os grupos com ideias
nacionalistas e a população em geral, que desde séculos esta
habituada a conviver com quem não é exactamente igual.
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