Recordo,
mas não letra a letra, uma máxima que diz qualquer coisa como : Na
vida temos que fazer três coisas, ter um filho, plantar uma árvore
e escrever um livro.
Não
garanto que fosse exactamente assim, mas o espírito da coisa seria
este. Afirmo que cumpri as duas primeiras exigências. Quanto à
terceira fiquei-me no manuscrito (a
bem dizer numa gravação num disco de memória),
e não tratei de editar porque a sensatez me esclareceu de que o tema
não era para atrair muitos compradores e fazer uma edição paga
pelo autor, e ficar com uma pilha de exemplares em casa...
Deixarei
três filhos, um deles mulher e o único descendente que nos deu a
alegria de nos proporcionar o aceso a uma segunda geração. Quanto a
plantar árvore, já comprei e plantei muitas. Algumas foram
sacrificadas mais tarde por não corresponderem ao que se esperava.
Além
destes capítulos, conseguidos nem que seja parcialmente, não me
sinto totalmente realizado no balanço da minha estadia neste mundo.
Fui
criativo, sempre num patamar de amador, diletante. Consegui ter um
rendimento económico aceitável com algumas das minhas iniciativas,
mas naquilo que mais me interessava, que seria o deixar algumas boas
memórias, nomeadamente em mentes que não se sentissem pressionadas
para me satisfazer, nisso aceito que fui um desastre.
E
o mais triste é que não posso descarregar para outrem este peso
que me esmaga. Nós, cada um de nós, individualmente, é que
tivemos a possibilidade de optar em muitas situações. O somatório
das escolhas erradas creio que, tal como tempo, não se pode
neutralizar e muito menos começar de novo.
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