segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

PORGY AND BESS


Uma obra que deve estar quase esquecida

Terminei a leitura do libro de DuBOSE HEYWARDS, publicado pela primeira vez em 1925 e que sendo escrito por um branco sulista, de Charleston, que era um importante porto de entrada de escravos para as plantações de algodão e tabaco, além dos serviços domésticos. Este escritor, pelo menos nesta obra, raramente se coloca na pele de um branco. As personagens principais são sempre negros, desgraçados. Os únicos brancos são autoridades. Daí e pelo seu argumento, que desce á população negra livre mas muito paupérrima, foi considerado como uma pedra fundamental para entender e situar a população servil dos estados sulistas, mesmo os libertos. Não é um complemento dos escritos de Mark Twain, pois nestes as personagens de cor não são os principais actores.

Este romance foi tão bem recebido pelo público que rapidamente, em 1930, sofreu uma reedição corrigida pelo autor. Em 1935 foi adaptado para uma peça de teatro declamado e a seguir a uma peça musical de grande êxito. também e sempre, com o nome de PORGY and BESS. Posteriores adaptações, tanto em teatro declamado como em musical se sucederam ao longo de anos. Uma das razões do sucesso deste filme deve-se à brilhante estrutura e composições feitas propositadamente, para o fundo musical em especial das canções. A participação de GERSHWIN esteve à altura da direcção deste filme rodado em 1959, começado com um director e terminado, após outras mudanças, por OTTO PREMINGER. Teve um grande êxito (que eu vi de jovem em Lisboa) com as personagens principais encarnados pelos actores SIDNEY POITIER, DOROTHY DANDRIDGE e SAMMY DAVIS Jr.

Só aqueles cinéfilos que procuram pérolas do passado, e gentes com muitos anos às costas, como é o meu caso, devem ter alguma recordação do filme, e uns poucos do livro. Um sucesso que foi a origem dum movimento anti “segregacionista”, mas com pouco impacto social, pelo menos dentro dos USA, naquele então. Da visão deste filme tenho pouca memória. Só que era espectacular e tinha muitas canções, sendo a mais famosa SUMMER TIME da qual se fizerem muitas versões e se gravaram milhentos discos. A fama desta partitura chegou a incomodar o seu autor Gershwing, que sendo dono dos direitos, decidiu a retirar do mercado em 1974.

No texto da obra literária refere-se, como era (e ainda persiste) o costume dos negros em cantar salmos, blues e outras composições mais ou menos espontâneas, maiormente de conteúdo religioso. As canções que aparecem no filme são todas criadas pelo compositor já citado, mesmo que procurando que tivessem conteúdo e toada ao estilo das cantadas pelos pretos.

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