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E NÃO É A
PRIMEIRA VEZ
É
um facto verificado por muitos cidadãos que ao tentar raciocinar
sobre os acontecimentos que lhes chegam ao seu conhecimento, mesmo
que isoladamente poderiam aceitar-se sem gerar um alarme
acentuado. Todavia pode suceder que esta paz de espírito seja
contrariada pela influência das políticas generalistas que tem
sido incrementadas desde os países tradicionalmente mais
poderosos económicamente. Dito de outra forma. O sossego imediato
não consegue vencer as preocupações geradas pela situação
social internacional.
A
globalização e a expansão do livre comércio conduziu a um
empobrecimento geral e progressivo das classes médias ocidentais,
e uma queda mais acentuada em direcção à pobreza das camadas já
inicialmente mais desfavorecidas.Simultâneamente a especulação
bolsista e a manipulação oculta do capital tem estado nas mãos
de um reduzido grupo de profissionais,que conseguem multiplicar os
seus lucros na razão inversa de como se degrada a economia das
suas vítimas. As quais estão positivamente indefesas e inermes
para poder reagir positivamente, perante a pressão consumista
-que está na base desta alteração global das sociedade, sem
mostrar sintomas de receber pressões nítidas para pretender um
abrandamento, Tal mudança na orientação da economia mundial só
poderia acontecer por uma decisão revolucionária, e por isso
pouco provável, por parte dos que tem poder de mudança, ou seja
da vontade regeneradora (caso surgisse) de uma parte das elites
que comandam,.
Quanto
mais se acentua a globalização e o "livre comércio"
mais fundo fica o fosso que separa a reduzida classe dos
beneficiados frente aqueles que são arrastados pela corrente
depredadora. Mais se degrada a vida dos novos escravos como,
paralelamente, se destrói o habitat deste planeta, que é o nosso
único habitat. O capital só declara propósitos de recuperação
ambiental sem que tenha a mínima intenção de os cumprir, pois
tal decisão implicaria custos imediatos que não lhes parecem ser
de rentabilidade rápida. O longo prazo deve ficar para os que
venham a seguir.
Todos
os que se dedicaram a ler atentamente o que os historiadores
descomprometidos nos foram relatando ao longo de séculos e até
de milénios, sentem que, apesar de existirem modulações
próprias em cada época histórica, existiu uma repetição quase
que cíclica de esquemas que deram novos rumos à humanidade. Uma
situação que é extensamente referida nos comentários
sócio-económicos é o da deslocalização de fabricas da zona
onde se geraram para outras zonas do globo onde, como factor
preponderante, o ser factível impor condições laborais
muito mais favoráveis para o empresário. Dito de modo mais
concreto reduzem-se os custos de produção sempre pagando menos
aos empregados, além de lhes exigir horários mais prolongados e
reduzir, quase anulando, os períodos de descanso. A isto
sobrepõe-se a inexistência total de segurança social e ausência
de contratos legais. Agem com uma impunidade maior do que nos
tempos da escravatura reconhecida como tal. A responsabilidade de
patrão, ausente, é total, como nunca tinha sido.
Paralelamente
no dito "primeiro mundo" os lugares disponíveis para
ocupar os que ficaram desempregados ao fechar as empresas onde
labutavam, cada vez são menos, pior remunerados e raramente com
garantias de continuidade. Esta evolução da sociedade, tipo bola
de neve, especialmente na zona do assalariado, só poderia deixar
de continuar se moderasse a febre consumista. Por enquanto tal não
acontece mesmo que os produtos colocados no mercado possam atingir
preços nitidamente abaixo dos que tinham pouco tempo antes. As
vacas fracas, mesmo na pele e o osso, que se relatam numa das
famosas pregas do Egipto, não tardarão a surgir acentuadamente.
É fatal que depois da maré cheia venha a maré vaza, e
paulatinamente caminha-se para as marés vivas.
É
pertinente referir que na fase madura do Império Romano já
se concretizou muita deslocalização do trabalho manual. Para
reduzir os preços de comercialização, sempre, como agora,
baixando os custos na origem, transferiram-se o fabrico de muitos
artigos de cerâmica para os territórios então ultramarinos
(recordemos que o Mediterrâneo era referido, naquele tempo, como
Mare Nostrum, daí que muitas marcas estampadas nas peças se
verificou que correspondiam a estabelecimentos fabris do Norte de
África. Dali também partiam os operários que instalavam os
mosaicos com tacelas.
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