sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

O MUNDO ESTÁ INSTÁVEL



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E NÃO É A PRIMEIRA VEZ
É um facto verificado por muitos cidadãos que ao tentar raciocinar sobre os acontecimentos que lhes chegam ao seu conhecimento, mesmo que isoladamente poderiam aceitar-se sem gerar um alarme acentuado. Todavia pode suceder que esta paz de espírito seja contrariada pela influência das políticas generalistas que tem sido incrementadas desde os países tradicionalmente mais poderosos económicamente. Dito de outra forma. O sossego imediato não consegue vencer as preocupações geradas pela situação social internacional.

A globalização e a expansão do livre comércio conduziu a um empobrecimento geral e progressivo das classes médias ocidentais, e uma queda mais acentuada em direcção à pobreza das camadas já inicialmente mais desfavorecidas.Simultâneamente a especulação bolsista e a manipulação oculta do capital tem estado nas mãos de um reduzido grupo de profissionais,que conseguem multiplicar os seus lucros na razão inversa de como se degrada a economia das suas vítimas. As quais estão positivamente indefesas e inermes para poder reagir positivamente, perante a pressão consumista -que está na base desta alteração global das sociedade, sem mostrar sintomas de receber pressões nítidas para pretender um abrandamento, Tal mudança na orientação da economia mundial só poderia acontecer por uma decisão revolucionária, e por isso pouco provável, por parte dos que tem poder de mudança, ou seja da vontade regeneradora (caso surgisse) de uma parte das elites que comandam,.

Quanto mais se acentua a globalização e o  "livre comércio" mais fundo fica o fosso que separa a reduzida classe dos beneficiados frente aqueles que são arrastados pela corrente depredadora. Mais se degrada a vida dos novos escravos como, paralelamente, se destrói o habitat deste planeta, que é o nosso único habitat. O capital só declara propósitos de recuperação ambiental sem que tenha a mínima intenção de os cumprir, pois tal decisão implicaria custos imediatos que não lhes parecem ser de rentabilidade rápida. O longo prazo deve ficar para os que venham a seguir.

Todos os que se dedicaram a ler atentamente o que os historiadores descomprometidos nos foram relatando ao longo de séculos e até de milénios, sentem que, apesar de existirem modulações próprias em cada época histórica, existiu uma repetição quase que cíclica de esquemas que deram novos rumos à humanidade. Uma situação que é extensamente referida nos comentários sócio-económicos é o da deslocalização de fabricas da zona onde se geraram para outras zonas do globo onde, como factor preponderante, o ser factível impor condições  laborais muito mais favoráveis para o empresário. Dito de modo mais concreto reduzem-se os custos de produção sempre pagando menos aos empregados, além de lhes exigir horários mais prolongados e reduzir, quase anulando, os períodos de descanso. A isto sobrepõe-se a inexistência total de segurança social e ausência de contratos legais. Agem com uma impunidade maior do que nos tempos da escravatura reconhecida como tal. A responsabilidade de patrão, ausente, é total, como nunca tinha sido.

Paralelamente no dito "primeiro mundo" os lugares disponíveis para ocupar os que ficaram desempregados ao fechar as empresas onde labutavam, cada vez são menos, pior remunerados e raramente com garantias de continuidade. Esta evolução da sociedade, tipo bola de neve, especialmente na zona do assalariado, só poderia deixar de continuar se moderasse a febre consumista. Por enquanto tal não acontece mesmo que os produtos colocados no mercado possam atingir preços nitidamente abaixo dos que tinham pouco tempo antes. As vacas fracas, mesmo na pele e o osso, que se relatam numa das famosas pregas do Egipto, não tardarão a surgir acentuadamente. É fatal que depois da maré cheia venha a maré vaza, e paulatinamente caminha-se para as marés vivas.

É pertinente  referir que na fase madura do Império Romano já se concretizou muita deslocalização do trabalho manual. Para reduzir os preços de comercialização, sempre, como agora, baixando os custos na origem, transferiram-se o fabrico de muitos artigos de cerâmica para os territórios então ultramarinos (recordemos que o Mediterrâneo era referido, naquele tempo, como Mare Nostrum, daí que muitas marcas estampadas nas peças se verificou que correspondiam a estabelecimentos fabris do Norte de África. Dali também partiam os operários que instalavam os mosaicos com tacelas.


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