Vivências

Neste espaço pretendo colocar relatos de experiência próprias e algumas elucubrações mais ou menos disparatadas.

sábado, 26 de janeiro de 2019

NÃO SE CONSEGUE FACILMENTE




Pensar que seja pelo esforço, pelo saber, pela sorte ou outra força qualquer, podemos conseguir dar a volta TOTAL à nossa vida, à forma como vemos, sentimos e analizarmos o que nos rodeia, é uma ideia com poucas probabilidades de êxito. Mesmo quando tudo pode parecer que estamos “no bom caminho” e que se saiu do poço (em sentido figurado, entenda-se) e nos encontramos num novo paradigma, como se já tivéssemos deixado para trás as origens e chegássemos a umas páginas impolutas, prontas a serem escritas como desejarmos.

Este preâmbulo, mais confuso do que explícito, pretende abrir caminho para a noção de que, para muitos ou poucos cidadãos, a influência do passado é quase inexistente. Nem sequer é merecedora de um pensamento, já não digo quantitativo mas, pelo menos, qualitativo. Resumindo, aquilo que somos hoje implica, ou não, a herança do que viveram as duas gerações imediatamente anteriores?.

Pensar que as nossas liberdades e capacidades nos permitem manter no quarto dos dejectos -da tralha abandonada e considerada como imprestável- tudo aquilo que, gostemos ou não, nos foi transferido é um sonho, uma fantasia. Queiramos ou não o passado familiar pesa como uma âncora atada à cintura.

Atendendo a que a permanência de cada geração neste mundo, mesmo que se reconheça a existência de uma fase de sobreposição com a anterior e a seguinte, é um facto inegável que existe um afastamento físico progressivo, e mais geral do que em épocas anteriores, entre as gerações sucessivas. Admito que as transferências de vivências, pesares e alegrias -sempre mais recordados primeiros do que os segundos- cada vez é mais reduzida. As esporádicas reuniões familiares são, em geral, mantidas em ambiente festivo, mas as penas sempre acabam por vir à tona.

Mesmo assim penso que Para conseguir uma mudança drástica, notável, vivida, sentida pelos próprios e também (desejável) por aqueles que observam de fora, tem que passar três gerações, ou mais.

Para a geração intermédia, aquela que gostaria de ver anulada a fase que a antecedeu, é muito difícil, mesmo traumático, tentar apagar tudo aquilo que viveu e ouviu na fase de criança e adolescência. Isto se aplica para os que, por um factor ou outro, foram transferidos para um meio “mais evoluído” do que aquele onde nasceram. Para os descendentes destes, se as condições conseguidas pela nova família se mantiverem ou até melhorarem -sempre valorizando a posição relativa na escala social- já será mais fácil esquecer aquilo que mal assimilaram, e até podem chegar ao ponto de negar e repudiar o passado que não aceitam como sendo seu.

É uma conclusão referida insistentemente que a memória das pessoas é curta, e podemos acrescentar que sem esforço os que nos seguem praticam uma lavagem mental que sentem lhes é favorável.

Publicada por Albert Virella à(s) 02:29 Sem comentários:

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

UMA DÚVIDA “IMPERTINENTE”



Na sequência de situações pessoais, que entendo devem ser vistas desde um aspecto mais generalizado, surgiu-me o pensamento “impertinente” de se todos os que nos movemos per este mundo, mesmo que reduzindo o espectro aos que, com mais profundidade ou levemente imaginamos que conhecemos,  tem uma noção clara do patamar social em que, de facto, cada um pertence.

Tenho a ideia, possivelmente errada, de que nos imaginamos com excessiva boa-vontade, que mesmo sendo repulsivo nem sempre p espelho nos mostra quem somos.

Entrando por outra porta. Penso que cada um de nós é a resultante de uma vida começada ainda em cada um dos progenitores, e que a evolução que se atingiu no fim é mais ilusória do que profunda. Isso porque esta ilusão nos pode levar a renegar aquilo de onde partimos, e neste caso vivemos num estado de fantasia desligado daquilo que, de facto, trazemos dentro.

Caso existir, este deve ser “existencial” -desculpem a redundância”- difícil de aceitar e practicamente impossível de neutralizar. O saltar degraus na escala, nem que seja mentalmente, carece de uma sequência de gerações favorável e isenta de memórias.

Esqueça quem tenha lido até aqui.

Publicada por Albert Virella à(s) 02:54 Sem comentários:

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O RISCO EXISTE




Podia ficar no “A possibilidade”, e não seria tão apelativo.

O facto inquestionável é que a situação política entre as populações da Europa Central e Ocidental -além de já ter colocado o pé no duplo continente americano- é que entre a incerteza sobre o rumo da Economia mundial, onde os seus mentores, através do dinheiro, manipulam a seu bel-prazer, sente-se que nos levaram a uma senda cheia de profundos fossos, que progressivamente parecem mais difíceis de ultrapassar. Já se ultrapassou a fase em que uma trovoada local não afectava o clima de outro continente. Hoje já acreditamos na exagerada metáfora que afirma que o leve bater de asas de uma borboleta aqui pode causar um tufão no lado oposto do globo.


Quando se introduziu a dupla decisão de globalizar e deslocalizar, primeiro de forma subtil e pouco alarmante e depois com uma potência avassaladora, a população ocidental não tardou a notar que a maravilha de conseguir bens de consumo a baixo preço não era compatível, com o seu bem-estar. Não tardaram a surgir problemas de difícil resolução.

Os dois movimentos, simultâneos, nem sequer se podem considerar como novidades absolutas. A importação de matérias primas, produtos semi-elaborados e outros aptos a ser distribuídos de imediato no mercado sempre existiu, apoiado no transporte, seja por via terrestre (caravanas na rota da seda, por exemplo) ou marítima, primeiro no Mediterrâneo, que não foi por casualidade que os latinos baptizaram como mare nostrum, e posteriormente com a navegação transoceânica.

O que mudou, neste capítulo do comércio a nível mundial foi a possibilidade de movimentar quantidades ingentes de artigos, com um custo de transporte cada vez menor, quando medido por valor do transporte por tonelada ou metro cúbico. Acrescentado com que o somatório das diversas parcelas que incrementam o custo do artigo na origem até chegar ao comprador final. Não é segredo que o êxito desta mudança se baseia no retribuir mal as primeiras fases do produto e depois em repartir custos por grandes quantidades.

O reflexo social desta mudança de paradigma é duplo: por um lado se eliminaram muitos trabalhos remunerados nos países consumidores. Entre a deslocalização de empresas e a automatização, o leque de actividades remuneradas tem-se reduzido paulatinamente, e as remunerações estagnaram. Surgiu um ambiente de desemprego para não especialistas, e mesmo em tarefas antes de nível de remuneração interessante encontraram-se, sem aviso prévio, no patamar das especialidades consideradas obsoletas ou incorporadas na automatização.

Esta mudança, generalizada em quase todos os sectores, colocou em inactivos muitos cidadãos, com os problemas que se reconhecem quando as pessoas deixam de se sentir úteis e imprescindíveis. Daí um problema duplo: social e psicológico, que não se neutraliza com o recurso a subsídios e acções de apoio social. O estar inactivo e sem vislumbrar, no horizonte restrito de cada indivíduo, uma alternativa satisfactória, não se pode neutralizar, eternamente, através de entregar uma quantia de dinheiro sem retorno, só tentando com isso conseguir uma paz social.

Paralelamente a acelerada evolução das comunicações, quase que em tempo real para todo o globo, as incitações a consumo de bens que nem sequer se conheciam, levou a que muitos habitantes dos chamados segundo e terceiro mundo ansiassem, e se decidissem, a tentar a sua deslocação, individual ou familiar, em sentido de entrar no sonhado primeiro mundo, sem ponderar a real situação de muitos sectores das suas populações. Que, mesmo assim, eram muito melhores das que eles tiveram durante gerações no seu lugar de origem.

Aceitando a possibilidade de incluir o principio de que A CADA ACÇÃO SE LHE OPÕE UMA REACÇÃO EM SENTIDO OPOSTO E IGUAL MAGNITUDE, de imediato sentimos que o mundo ocidental está, neste momento, sob uma complexidade preocupante de forças negativas, e que a resultante não está em equilíbrio.

O “nosso mundo”, ocidental, encontra-se num atoleiro, que se vai magnificando de dia para dia. Usando uma imagem popular diremos que Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Temos que admitir que a mensagem não se pode tomar à letra -pelo menos por enquanto- pois ainda muitos temos “pão na mesa” e até capacidade para alguns extras. Mas as nuvens negras estão em progressão, e não olhamos devidamente para elas.

A intranquilidade social traduz-se, inevitavelmente, pelo avanço dos partidos nitidamente xenófobos, reaccionários. É um facto inquestionável. E a sua pujança não se pode considerar como uma reacção a diferenças de cor da pele, de costumes, de religião e outras características importantes. Por trás destes cartazes de incitação existem aqueles problemas, sociais, de fundo que tentei especificar anteriormente.

A assimilação de revêm chegados depende, quase sempre, da elasticidade do tecido social. Se nos habituamos à imagem de que no comboio, metropolitano ou outro meio de transporte, por muito cheio que estiver “sempre cabe mais um” é forçoso admitir que isso não se pode prolongar até o infinito. Que a realidade nos leva a que “rompa pelas costuras”.

A história universal nos oferece muitos exemplos de como se pode chegar a limites sociais impensáveis, mas que chegam mesmo. O mais triste é que não são fáceis nem “aceitáveis” as acções preventivas. A sociedade, sempre comandada desde cima mas influenciada pelos de baixo, prefere o “deixa andar e logo se vé”. Até que caldo entorne.


Sem vírus. www.avg.com
Publicada por Albert Virella à(s) 03:22 Sem comentários:

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

SERÁ UM PROBLEMA LATENTE ?



Com quase 70 anos de vida passados em Portugal considero que tenho a experiência pessoal suficiente para, apoiado na história que fui lendo e na observação do comportamento da sua população, me sentir autorizado para dar algumas opiniões, admitindo, logo a priori, que podem estar erradas.

Seja devido a factores ambientais, históricos ou da repressão de ditaduras, sente-se que neste nosso espaço, embora pertencente à Europa Ocidental o nível de contestação de rua, com alguma violência não é uma atitude de protesto muito habitual entre nós. A tentativa de imitar os “coletes amarelos” de Paris, e outras cidades francesas, não conseguiu uma adesão notável. Apesar de que por cá existem razões do mesmo teor, e até mais acentuadas, para reclamar.

A actualidade mais recente, sem ser inédita, refere as mostras de agressividade centrados em zonas residenciais, ou mais propriamente em “guetos” habitados por migrantes. Não será um pensamento descabido admitir que nem todos os que lá moram estão integrados na sociedade. O facto de se lhes ter fornecido residência e outras ajudas sociais que não teriam nos seus países de origem, não evita a que se sintam recluídos numa periferia.

Assim sendo não podemos classificar todos os seus habitantes num mesmo estereótipo. Deve-se admitir que existe uma percentagem, indeterminada, que se mantém fora dos limites do que a lei admite, e que possivelmente será de entre estes elementos que surjam as atitudes agressivas.

O que importa é que esta contestação violenta existe e não é, por enquanto, enquadrada pelas agregações sociais, sindicais, religiosas ou profissionais, que os possa representar num esquema aceitável. Isto apresenta para as entidades que dentro do seu campo de actividade, devem tentar acalmar os protestos e propor soluções, caso elas sejam plausíveis. Felizmente, estes grupos de contestação violenta parece que agem de forma isolada, sem coordenar a possibilidade de agirem concertadamente desde locais afastados entre si.

Por um lado este comportamento de acção limitada geograficamente é favorável para a sociedade, que pode incumbir a sua neutralização através das forças da ordem pública. Mas nada nos pode garantir que a situação actual não se possa agravar.

O perigo que se pode antever é o do aparecimento, entre nós, de um movimento extremista, xenófobo, racista que aproveite o nervosismo de uma situação em crescente na Europa e altere o equilíbrio, sempre periclitante, que tem existido entre os grupos com ideias nacionalistas e a população em geral, que desde séculos esta habituada a conviver com quem não é exactamente igual.

Publicada por Albert Virella à(s) 09:29 Sem comentários:

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

OS MELHORES ANOS



Décadas atrás, muitas, por casa dos meus pais circulavam exemplares das Selecções, uma publicação mais ou menos anódina mas que é muito possível tivesse por trás interesses políticos de algum departamento satélite do governo americano. Desconfianças de quem nasceu desconfiado. Piores coisas se foram sabendo ao longo do tempo. Recordo que o meu avô dizia, referindo-se aos que governavam, muito ou pouco, que não se podia encontrar um palmo limpo.

Mas retomando o fio da meada, comecei citando as Selecções do Reader Digest porque nelas encontrava algumas anedotas "angelicais", pequenos relatos, certamente inventados, onde se referiam "personagens inesquecíveis",  muitos assuntos inócuos e depois um resumo de uma obra literária escolhida pela redacção.

Além de alguns jornais, chegavam revistas pelo correio, entre elas a mensal americana LIFE, pela qual soubemos, atempadamente, de como os EUA financiaram e apoiaram Fidel Castro para que derrubasse o  ditador Baptista, que era amigo da máfia de Miami e, de uma forma indirecta, apoiada pela CIA. Depois todos os veteranos, que estávamos vivos nos anos 40 e seguintes, sabemos como as coisas se desencaminharam. Contrariar os poderosos, que sempre se apoiam entre si, é muito perigoso. Neste caso particular, ao tentar domesticar os barbudos de Cuba, a pedido dos gansters, financiadores exigentes, empurraram os revolucionários cubanos, inicialmente uns senhoritos de boas famílias, certamente que insatisfeitas por alguns abusos cometidos pelos magnatas do jogo e prostituição, para os braços da União Soviética. Voltas que o mundo dá.

Pois nas ditas Selecções além das citadas personagens inesquecíveis, constava outra rubrica que uma trazia relatos dos "melhores anos da minha vida"., ou coisa equivalente.Hoje senti-me vocacionado a procurar recordar os melhores anos da minha vida, os mais felizes. 

Depois de fazer um breve balanço da minha já longa existência, surgiram várias ocasiões que deveriam ficar destacadas. Entre elas ficaria bem que referisse o tempo de namoro com a que veio a ser, e assim continua sendo, a minha mulher. Importantes foram os tempos em que iniciamos a vida de casal, aquilo que se denomina lua de mel.Também tem um lugar destacado os nascimentos dos três filhos. Recuando um pouco, destacaria o terminar a fase de formação académica e entrar na vida profissional. O ver como os filhos cresciam e seguiam os seus percursos de vida,,cada um já independente da casa paterna, mas com laços bem firmes,num grupo disperso mas coeso nos seus princípios. Outras fases da vida deveria destacar, mas nenhuma delas se compara com a que, sentimentalmente, sempre sinto como presente:

Os melhores anos da minha vida foram, sem dúvida, aqueles em que eu ão tinha outra responsabilidade de que dar atenção na escola e obedecer pais e outros familiares que completavam a tutoria do infante.  Os anos da infância, até começar a fase seguinte à escola primária. Tudo aquilo que, posteriormente, foi completando o panorama da situação em que se viveu naquela guerra e sua fase de represálias, só mais tarde é que entrou no arquivo de memórias,por via indirecta. Mas o que de facto ficou como vivenciais pessoais é de uma banalidade habitual nas crianças: os amigos de escola; os amigos das casas da vizinhança; os jogos de então,que em nada se assemelhavam ao que hoje está à disposição das crianças

Destacarei, por mérito e justeza, a companhia que o meu avô materno me deu nesta fase da iniciação para a vida. Muito me ensinou sem tomar numa atitude didáctica. Aprendi, e esqueci, muitas coisas: fazer papagaios de papel e canas, comprar cordel adequado, preparar cola de farinha, e conseguir que o papagaio se erguesse no céu. Ensinou-me os jogos de mesa, cartas, dominó, glória e outros aptos para crianças e que mais tarde pude transmitir a filhos e netas.

Suponho que, se colocarem a mão sobre o peito, não serei um exemplar único por guardar uma memória especial à fase de criança. Podia estar horas rememorando situações concretas, todas elas com um valor formativo muito especial. Sem dúvida estes foram os melhores anos da minha vida.
Publicada por Albert Virella à(s) 02:47 Sem comentários:

sábado, 19 de janeiro de 2019

É OBRIGATÓRIO DEIXAR UMA PEGADA ?




Recordo, mas não letra a letra, uma máxima que diz qualquer coisa como : Na vida temos que fazer três coisas, ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro.

Não garanto que fosse exactamente assim, mas o espírito da coisa seria este. Afirmo que cumpri as duas primeiras exigências. Quanto à terceira fiquei-me no manuscrito (a bem dizer numa gravação num disco de memória), e não tratei de editar porque a sensatez me esclareceu de que o tema não era para atrair muitos compradores e fazer uma edição paga pelo autor, e ficar com uma pilha de exemplares em casa...

Deixarei três filhos, um deles mulher e o único descendente que nos deu a alegria de nos proporcionar o aceso a uma segunda geração. Quanto a plantar árvore, já comprei e plantei muitas. Algumas foram sacrificadas mais tarde por não corresponderem ao que se esperava.

Além destes capítulos, conseguidos nem que seja parcialmente, não me sinto totalmente realizado no balanço da minha estadia neste mundo.

Fui criativo, sempre num patamar de amador, diletante. Consegui ter um rendimento económico aceitável com algumas das minhas iniciativas, mas naquilo que mais me interessava, que seria o deixar algumas boas memórias, nomeadamente em mentes que não se sentissem pressionadas para me satisfazer, nisso aceito que fui um desastre.

E o mais triste é que não posso descarregar para outrem este peso que me esmaga. Nós, cada um de nós, individualmente, é que tivemos a possibilidade de optar em muitas situações. O somatório das escolhas erradas creio que, tal como tempo, não se pode neutralizar e muito menos começar de novo.

Publicada por Albert Virella à(s) 02:27 Sem comentários:

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

COMO NO FUTEBOL



Deveriam respeitar mais o Norte.

E também noutros desportos em que se joga a duas mãos, o que mais força anímica dá é poder “jogar em casa”. É o que Rui Rio, com sagacidade, fez quando convocou o plenário para a Invicta. Mesmo que os contestatários tivessem a maçada de se deslocar “em peso” para o Porto, bastava este incómodo para os abater, pelo menos moralmente. Caso a sua moral estivesse em máximos, o que é pouco provável

Em complemento podemos afirmar que a teimosia existente de que tudo aquilo que se considera importante tem que se realizar na Capital, é um abuso por excesso de vaidade, e mostra um desprezo notório perante o desgaste de deslocações que implica, aos que ainda teimam em fazer vida longe de Lisboa. Ou será que esqueceram que ninguém gosta de ter que se prostrar de joelhos perante aquele que, a bem ser, deveria acolher os de fora com mais atenção do que a que prestam aos moscões que constantemente giram à sua volta. Bem hajam estes "provincianos" teimosos, pois é entre eles que sempre surgiram as boas e valentes decisões.

Não é do meu hábito dissertar sobre as doutrinas e comportamentos reais dos diferentes grupos políticos. Estou feliz vendo como decorre o torneio desde o segundo balcão. Foi nestes galinheiros que eu fui criando o hábito e paixão pelo cinema. De facto o poder manter uma prudente distância nos proporciona a possibilidade de ter uma visão menos apaixonada, menos clubista, e menos comprometida, e nos vacina do ter que defender acções que repudiamos.

Imagino, sem ter dados que confirmem esta ideia, que os expedicionários da capital, quando regressaram aos seus ninhos iam com o rabo entre as pernas e com muita acidez estomacal. Se tivessem feito, e bem feito, o trabalho de casa na devida altura não teriam colocado a bola na posição de grande penalidade a favor de Rui Rio.

Este encumbramento dos que se sentam na Assembleia da República os deixa encandeados, estáticos, desnorteados, como um animal selvagem que, ao meio da escuridão da noite sem lua, se defronta com os faróis de um automóvel. Não foi a primeira vez que esta orfandade mental cai sobre os vaidosos que residem na capital. E não será a última, pois o que Lisboa faz com os seus residentes, nomeadamente com os recém chegados, é que os converte em desenraizados, eticamente anódinos, sem valores afectivos familiares e de grupo. Por isso se acolhem a clubes “desportivos” que ainda os alienam mais, se possível.

Resumindo e concluindo: A força de Portugal ainda está fora da capital. Por enquanto.

Publicada por Albert Virella à(s) 03:40 Sem comentários:

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

SOU ASSIM OU PELO CONTRÁRIO




Considero que deve ser geral a dificuldade em nos auto qualificar, em especial quanto a características dificilmente mensuráveis, pois que o esquema usual é fazer, mentalmente, uma comparação quantitativa com um padrão que mesmo que não seja exactamente neutro, intermédio, sirva para nos situar numa escala relativa de méritos ou valores.

Logicamente esta dificuldade não existe, ou não está muito evidente, quando o que queremos qualificar entra no domínio das obviedades. Por exemplo, se nos queremos situar como gordos ou magros, ou assim-assim; ou se altos ou baixos; ou se de tez clara ou escura. entre outras características pessoais, a subjectividade é menor. Mesmo assim inclusive em características tão evidentes sempre se podem encontrar uns pareceres próprios com limites favoráveis, tais como nos vermos como “fortes” e não exactamente “gordos”.

Mais difícil, ou mesmo problemático, se torna o pretender nos calibrar em função de comportamentos, condutas, e características pessoais que serão vistas por terceiros com vontade mais escrutinadora, ou até rigorosa, do que aquela que nos mesmos atribuímos. Não só os critérios próprios podem não coincidir com aqueles que aplicam os terceiros, como tanto eles como nós, nem sempre medimos os comportamentos sob a mesma bitola.

Assim sendo podemos considerar com avaliações subjectivas as que correspondem a comportamentos pessoais de índole social. O nível de seriedade, honestidade, bonomia, correcção, humor, participação na comunidade, integrador ou segregacionista, entre outras mais, é muito provável que seja valorizado em níveis diferentes consoante o avaliador. Sempre mais favorável para si próprio e para os seus amigos do que para os que se lhe opõem ou simplesmente detesta, seja qual for o motivo.

Antes de fechar devo referir a minha convicção de que ao longo da vida e até de um só dia, as condições em que nos encontremos, assim como o estado de ânimo do momento, nos podem induzir a efectuar acções em sentido diferente, ou mesmo oposto, às que tomaríamos noutras circunstâncias. Existe portanto uma dificuldade, quase que inultrapassável, em manter fixos e inalteráveis os níveis de comportamento pessoal e social que livremente aceitamos manter.

Todos entendemos a sabedoria que se transmite no anexim Não se deve ser juiz em causa própria.

Publicada por Albert Virella à(s) 11:22 Sem comentários:

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

DESÇAMOS ATÉ OS PÉS




Já nos dedicamos a pensar nos braços e acercadas suas importantes funções, que não tratamos exaustivamente porque levaria bastante espaço e o pessoal gosta pouco de ler. Mas chegou o momento de descer até o chão e ali meditar sobre os pés.

Os estudos da evolução dos humanos mostraram mais dedicação e interesse ao crânio e aos membros superiores do que aos pés. O facto de que existam fetichistas que consideram ser os pés considerados como belos, adoráveis não obsta a que a sua real importância reside na possibilidade de nos permitir manter uma posição erecta, andar, correr, saltar. Podemos considerar que está certa a ideia de que a função orienta a evolução. Vejamos se esta proposta está correcta.

Os estudos que se tem feito nos últimos 150 anos indicam que foram diversas as tentativas de criar um hominídeo evoluído, já muito semelhante ao que somos na actualidade. Por condicionalismos que desconhecemos, foi na zona sul-este do Continente Africano onde se encontraram mais fósseis humanos deste período inicial da humanidade. Seja devido à sua capacidade de reprodução, de adaptação ao meio ambiente e até de o rejeitar quando chegou o momento, um factor se tornou importante: o gregarismo. Agir em grupo, tal como já faziam os herbívoros e as aves migratórias, e ainda hoje é sintomático entre os os grandes antropóides.

O que se descobriu é que a espécie humana decidiu deixar o seu local de origem e estender a sua presença por todas as terras que foram encontrando. e necessitaram de muitos anos, milénios, e foram longas as caminhadas. Só os que tinham melhores capacidades das pernas é que prosseguiam. Deve ter sido nesta fase evolutiva que o pé atingiu e fixou na estrutura actual.

Mas os pés ficarão tal como estão por “todo o sempre?”

Há teorias futurologistas para todos os gostos. Uma delas nos avisa de que é possível que surjam membranas interdigitais, como nas aves palmípedes, e em mamíferos aquáticos. Não só nos pés, como os pinípedes, mas também nas mãos. E esta premonição baseia-se no facto de que, esporadicamente, nascem pessoas com estas características. Por enquanto tal anomalia se atribui a genes recessivos, não dominantes.

Mas nada impede que se tornem dominantes. Basta que aceitemos que muitas alterações na biologia foram consequência de mudanças drásticas no meio ambiente. Se o aquecimento global se efectivar e todas as geleiras, incluindo as calotes polares, se derreterem, o nível das águas do mar subiria imenso; muitas terras hoje habitáveis ficariam inundadas e inclusive é possível que as mudanças viessem a ser mais catastróficas, de índole geológica. Que muitas espécies de seres terrestres, entre eles o homem, fossem empurrados a se adaptar a um meio acusmático. Há bastante tempo que os futurólogos de ciência ficção, incluídos os de banda desenhada, exploram esta possibilidade.

E assim nos encontramos, por tabela, com uma nova versão do dilúvio universal e de tudo estar submerso. São metáforas pouco realistas, mas as podemos conectar com as propostas de enviar colonos para habitar noutros planetas. Cada época tem os seus mitos e adapta os antigos para a situação da altura.

Publicada por Albert Virella à(s) 09:19 Sem comentários:

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

AS ESCOLHAS DA NATUREZA

Ainda nos braços

Num escrito anterior, onde referi factos que devem ser bem conhecidos dos meus fantasmagóricos leitores, fiquei parado nos membros anteriores, braços e mãos, e deixei para outra entrega referir as modificações evolutivas que sofreram em espécies diferenciadas.

Interessam-me nesta altura, por egocentrismo, o que de perto ou de longe pode estar relacionado com o homem/mulher. Mantendo o foco nos membros anteriores, aqueles que chamamos de braços, permito-me recuar uns milhões de anos, até a época em que o homem “nem sonhava” em fazer parte do elenco dos seres vivos terrestres. Na fase em que dominavam o terreiro os répteis, com diferentes espécies na sua evolução, senti que uns estavam prematuramente situados num patamar que, sob certos aspectos, nos aparentava. Concretamente com aqueles em que os membros posteriores desenvolveram-se desmesuradamente em relação aos anteriores, reservando os braços para tarefas mais acuradas.


Nesta reconstituição, elaborada a partir dos achados arqueológicos, podemos observar a desproporção entre os membros. Mas também nos mostra algo muito importante na evolução corpórea, que permaneceu em quase todas as espécies terrestres actuais e que me cativou, pessoalmente, durante muitos anos.

Não sei se as pessoas, em geral, alguma vez se centraram nas articulações dos membros. A seguir da ligação entre o tórso e os membros, a primeira articulação funciona em sentido oposto. Ou seja, o cotovelo está orientado para trás e o joelho para a frente. Pode parecer um pormenor sem importância, mas ele repete-se em muitos seres vivos além dos mamíferos, como podemos observar com os crustáceos, répteis e aves (todos eles, e nós, derivados de um tronco comum).

Existem variadas especializações dos membros. Após observar a gravura junta é quase imediato encontrar um mamífero actual que também tem os membros anteriores e posteriores em estados de desenvolvimento muito diferentes. O canguru, além de ser marsupial, tem os braços e as pernas mais diferentes, em tamanho e poder, do que acontece com a imensa maioria dos mamíferos actuais, mas a estrutura “mecânica” dos seus membros é igual à do homem.


Se continuássemos observando as especializações dos membros dos animais existentes na actualidade, recordaremos como entre os pinípedes ou seja, focas e seus semelhantes, os braços adaptaram-se a serem propulsores aquáticos, e tem um papel quase que rudimentar nas suas deslocações em terra firme. MAS conservaram as unhas nos seus dedos!, quase invisíveis mas estruturalmente presentes. E utilizam muito as suas unhas para se livrarem de parasitas e limpeza da pele.

Não me alongarei mais nesta divagação, e deixarei a avaliação dos membros dos cetáceos para vosso t.p.c. Só entendo que devemos respeitar, e muito, a sabedoria da natureza evolutiva e de como procurou novas soluções para diferentes problemas, além de adoptar soluções comuns em espécies muito diferentes.

RESUMINDO . A Natureza só rejeita aquilo que não pode utilizar e insiste nas boas soluções.

Publicada por Albert Virella à(s) 06:41 Sem comentários:

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

PORGY AND BESS


Uma obra que deve estar quase esquecida

Terminei a leitura do libro de DuBOSE HEYWARDS, publicado pela primeira vez em 1925 e que sendo escrito por um branco sulista, de Charleston, que era um importante porto de entrada de escravos para as plantações de algodão e tabaco, além dos serviços domésticos. Este escritor, pelo menos nesta obra, raramente se coloca na pele de um branco. As personagens principais são sempre negros, desgraçados. Os únicos brancos são autoridades. Daí e pelo seu argumento, que desce á população negra livre mas muito paupérrima, foi considerado como uma pedra fundamental para entender e situar a população servil dos estados sulistas, mesmo os libertos. Não é um complemento dos escritos de Mark Twain, pois nestes as personagens de cor não são os principais actores.

Este romance foi tão bem recebido pelo público que rapidamente, em 1930, sofreu uma reedição corrigida pelo autor. Em 1935 foi adaptado para uma peça de teatro declamado e a seguir a uma peça musical de grande êxito. também e sempre, com o nome de PORGY and BESS. Posteriores adaptações, tanto em teatro declamado como em musical se sucederam ao longo de anos. Uma das razões do sucesso deste filme deve-se à brilhante estrutura e composições feitas propositadamente, para o fundo musical em especial das canções. A participação de GERSHWIN esteve à altura da direcção deste filme rodado em 1959, começado com um director e terminado, após outras mudanças, por OTTO PREMINGER. Teve um grande êxito (que eu vi de jovem em Lisboa) com as personagens principais encarnados pelos actores SIDNEY POITIER, DOROTHY DANDRIDGE e SAMMY DAVIS Jr.

Só aqueles cinéfilos que procuram pérolas do passado, e gentes com muitos anos às costas, como é o meu caso, devem ter alguma recordação do filme, e uns poucos do livro. Um sucesso que foi a origem dum movimento anti “segregacionista”, mas com pouco impacto social, pelo menos dentro dos USA, naquele então. Da visão deste filme tenho pouca memória. Só que era espectacular e tinha muitas canções, sendo a mais famosa SUMMER TIME da qual se fizerem muitas versões e se gravaram milhentos discos. A fama desta partitura chegou a incomodar o seu autor Gershwing, que sendo dono dos direitos, decidiu a retirar do mercado em 1974.

No texto da obra literária refere-se, como era (e ainda persiste) o costume dos negros em cantar salmos, blues e outras composições mais ou menos espontâneas, maiormente de conteúdo religioso. As canções que aparecem no filme são todas criadas pelo compositor já citado, mesmo que procurando que tivessem conteúdo e toada ao estilo das cantadas pelos pretos.

Publicada por Albert Virella à(s) 02:59 Sem comentários:

ACERCA DAS EXTREMIDADES


PENSAR NAS MÃOS E NOS PÉS

Deixando de lado as convicções criacionismo,depois de olhar atentamente para a forma como estão estruturados os seres vivos, e se juntarmos ao que observamos os factos que tem sido descobertos nos cem anos mais próximos, temos que concluir que a evolução das espécies não se conduziu de uma forma aleatória, que sempre se procurou a solução mais favorável e qu quando alguma solução se verificou ser eficaz a natureza não teve nenhum preconceito em a aplicar em muitos casos particulares, e nem sempre próximos entre si.

Uma vez que o homem se auto-classificou como o rei da bicharada , e por extensão como o mais importante membro da população do planeta terra, é lógico que esta glória se ligasse à pretensão de que existia um ser, impessoal, omnipoderoso e omnipresente, mas muito humanizado nos seus sentimentos e soberba acurada. Um ser eterno que, além de estar na base da criação absoluta e do governo de tudo o que existe, existiu e existirá na Terra e por extensão no Universo, se dedicou, com esmero, a todos os pormenores. Esta valorização, extrema, de um ser superior, é, ainda a base de quem nega a realidade da evolução. É mais fácil entregar todas as decisões ao grande patrão,

Todos reconhecemos a importância que tem o facto da estrutura das mãos nos apresentar um polegar separado dos outros dedos, numa posição que, num primeiro olhar, nos parece anormal, ou incompreensível. Só com uma observação criteriosa é que valorizamos, de forma importante, as passibilidades que nos oferece ter um dedo polegar forte e colocado a noventa graus dos restantes dedos. Como se deu esta evolução?

Para o homem, como animal, esta estrutura das mãos não é única. Para já sabemos que os antropóides, tem as suas extremidades posteriores terminadas numa estrutura muito semelhante à das mãos, com o polegar em posição oposta aos outros dedos. Terem quatro ãos justifica-se pela sua necessidade de deslocação e fixação no meio arbóreo, que lhes oferece uma maior segurança perante predadores do que o solo. Curiosamente, ou não, quando se deslocam pelo chão, o polegar em oposição não lhes é favorável e por isso vemos que dobram os dedos como punhos e progridem apoiados nestes punhos. Mas a planta dos seus pés/mãos é suficientemente ampla,larga e comprida, para lhes proporcionar inclusive a possibilidade de se deslocarem com o torso erguido.

A opção de ter extremidades com polegar em oposição aos outros dedos está longe de ser exclusiva dos antropóides. Os camaleões,de vida essencialmente arborícola, tem polegares destacados e opostos tanto nas extremidades anteriores como nas posteriores. Outras espécies animais optaram, na sua evolução específica, por soluções semelhantes.

Ainda no capítulo das extremidades anteriores vimos que evoluíram de formas diferentes, adaptando-se às necessidades de cada espécie. É muito curioso ver como, em certos casos, os braços se transformaram em asas, com penas ou membranas que permitissem a deslocação pelo ar e a decisão do rumo a seguir.

Publicada por Albert Virella à(s) 02:07 Sem comentários:

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

EVOLUÇÃO


COISAS CONHECIDAS

Depois do importante salto que Darwin nos ofereceu ao dar a conhecer as suas observações acerca da evolução das espécies, as descobertas tem-se continuado a fazer, cada vez com mais profundidade. Hoje o conhecimento de como se chegaram às espécies animais actuais são muito mais pormenorizadas, recuando até a génese mais elementar que se conseguiu imaginar e verificar.

O facto de que de uma simples célula, ao dividir-se e multiplicar-se, se geram órgãos muito específicos e diferentes entre si, é uma descoberta que nos obriga a pensar como a nossa evolução, como seres humanos, não se pode considerar como terminada. O que sim nos é dado a entender é que as mudanças, perceptíveis por comparação entre fases afastadas da evolução, não se conseguem apreciar no curto período de tempo em que estamos vivos.

As modificações são progressivas e sequenciais. Algumas são fruto das condições ambientais em que o homem se tem deparado ao longo dos tempos e da sua localização no globo, e outras inclusive podem ter sido condicionadas pelos hábitos dos humanos. Nos animais -não falantes ou que nós não conseguimos entender, mas que reconhecemos comunicam entre si- admitimos que as sequências entre seres afins mas afastadas de milénios ou mesmo milhões de anos, são tão evidentes que não podem ser ignoradas, desprezadas. Nós somos relutantes para aceitar o nosso parentesco com os simios.

Cingindo-nos ao homem sabemos que entre os vestígios dos homens primitivos e os actuais existem diferenças estruturais notórias, não só no esqueleto completo como, especialmente, no cráneo. O volume da cavidade encefálica e o perfil facial são aqueles pormenores, macroscópicos, que mais nos chamam a atenção. Especialmente a fronte e o arco frontal supraciliar, além da proeminência frontal das maxilas.

É interessante verificar que na herança cromossómica que nos é dada através dos progenitores, surgem exemplos de regressividade. Felizmente a regressão não é total. Em geral, quando acontece, limita-se a algumas características. Como podem ser uma anormal pilosidade no corpo do nasciturno. Estes caracteres reduzidos, por muitos cromossomas recessivos que tenho recebido no seio dos seus genes, o resultado já não é uma réplica total do homem de Neandertal ou o de Crómagnon. Mas em pormenores específicos o seu aspecto pode não coincidir exactamente com os cânones de normalidade, ou beleza se preferirmos, que hoje aceitamos.

Um dos pontos que mais nos pode interessar no introspecção pessoal é o da estrutura bucal. As maxilas e os seus arcos dentários não são exactamente coincidentes entre a fixa, superior, e a móvel, inferior. Esta é nitidamente mais aberta, mesmo que, provavelmente, imaginamos que coincidiam exactamente. Mas não é assim e por uma razão de herança histórica. Tentarei explicar:

O homem é, por natureza, um animal omnívoro. Ou seja, que deve alimentar-se de uma ampla gama de produtos, entre eles os vegetais e animais. A mastigação dos alimentos é fundamental para conseguir a sua assimilação, e se olharmos para um herbívoro em repouso, quando ele está regurgitando e triturando as plantas que previamente escolheu, vemos como a mandíbula inferior não só se desloca na vertical como oscila na horizontal. Dizemos que está ruminando, termo que simbolicamente se assimila a pensar. 

Estes dois movimentos resultam de que o processo de preparação dos alimentos ates de seguirem para o estômago a fim de ser digeridos, não ficaria completo com a redução de tamanho inicial, dada pelo encontro de pressão entre as duas maxilas, seja por corte ou por esmagamento, mas carece de uma redução mais acurada, que é possível graças à deslocação dos molares. (que moem, como as pedras de um moinho, daí o seu nome)

Todavia, a progressiva evolução do nosso corpo, condicionada até pela alimentação, fez com que a importância das peças dentárias molares fosse paulatinamente diminuindo, e por isso pode suceder que as peças mais internas, nas duas maxilas, que conhecemos como dentes do siso, não cheguem a despontar, ou sejam das primeiras a se degradarem. Paralelamente os dentes caninos, tão importantes na fase primitiva do homem, para rasgar a carne crua e a poder engolir, foram perdendo a sua função primordial e encurtaram-se para ficar, na maioria dos casos, num comprimento semelhante ao das peças adjacentes. Por isso quando vemos alguém com uns caninos muito evidentes ficamos admirados. Imaginamos de imediato a figura do vampiro. Foi um gene regressivo que afectou esta pessoa.

Braços e pernas também tem as suas características curiosas. Fica para outra vez.
Publicada por Albert Virella à(s) 06:12 Sem comentários:

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

UMA MÁ TÁCTICA






Sabem, os que me seguem, que não entro nas tricas partidárias. Mas isso não impede de que, mesmo de longe, vá observando, sem paixão, o comportamento duns e outros, assim como as actividades "subversivas" com que alguns se entretém procurando guerras intestinas.

E neste capítulo sinto um certo desconforto ao ver a pressão que um grupo de "sociais democratas" que não gostam de ser citados como direitistas, mas tampouco se sentem minimamente sociais, o que aliás é compreensível quando o PS, que deveria ser uma referência, já meteu o socialismo na gaveta desde o tempo do falecido patriarca Mário Soares. Mas ao que vamos, ou seja, ao que me incitou a escrever:

Esta proposta de defenestração encabeçada, visivelmente por um tal de Montenegro, mas apoiada, pelo que se diz, por Santana ou seu fantasma, e possivelmente também por Marques Mendes, e outros no género, é, mais uma vez, a ponta visível da ciumeira de Lisboa, incluídos aqueles que não sendo nados neste distrito e menos na capital, ali tecem as suas redes e não querem perder uma oportunidade para as lançar e ver se apanham alguma coisa que se veja.

O grupo de conspiradores sabe, por experiência e valores numéricos históricos, que não podem conseguir o poder do partido através dum referendo nacional, pois que de Coimbra para cima estão fartos das gentes da capital e apoiariam até uma nulidade (que não é o caso) para não ter que aguentar os rapazes da capital.

Apesar de que mantenho as minhas adversões para a imensa maioria dos políticos e, por consequência, dos partidos em que se organizam, as poucas vezes que dei atenção às palavras de Rui Rio pareceram-me sensatas e merecedoras de se terem em conta, coisa que não acontece com os discursos provocadores dos "rebeldes" de Lisboa. Para minha satisfacção pessoal espero que os lisboetas não consigam os seus propósitos, que aceitem manter, pacientemente um tempo de espera até que as cartas do baralho mostrem outra realidade.


Os cidadãos, com direito ao voto, devem meditar acerca da situação 
actual. De como é periclitante e falsa a estabilidade conseguida. Mas 
que é preferível esperar para ver e não apressar um parto que nada de
bom pode prometer. Provocarem uma guerra interna não vai favorecer 
os seus intentos a médio e longo prazo, pelo menos se tiverem em 
consideração que tal atitude não iria só favorecer os interesses dum grupo, 
mas afectaria toda a população.

Os governos, sejam mono partidários ou em coligações. comportam-se

como todos os seres vivos: nascem, crescem e morrem. Já não estamos 
ou não desejamos voltar, aos tempos do golpismo, das ditaduras seja de
qual for a orientação. Deixem que a situação evolua por si mesma, e em
chegando o momento apresentem uma alternativa séria, correcta, descom 
prometida. Serão capazes disso? Sei que é difícil, mas seria bom para o
Pais e seus habitantes, que sem eles nem sequer existiria o dito País.

Aguardar a oportunidade mais favorável é de sábios e ,tal como diz o povo
,  ANTES ASSIM QUE PIOR 

Publicada por Albert Virella à(s) 09:22 Sem comentários:

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

ABRIR UMA PORTA PARA DESCARGA DA LAGOA DE ÓBIDOS

É a enésima vez que se faz este trabalho, que dura pouco mais de duas épocas, consoante os temporais e o transporte de areia de Norte para Sul, devido às corrente oceânicas nesta costa.
E não se entra neste problema com os conhecimentos e disponibilidades actuais. Santa paciência. Alguém vai ganhar com este trabalho.

Albert Virella Torras Enquanto não se decidir construir uns espigões, de pedra ou betão, que alterem as correntes costeiras, que trazem areia para a lagoa, fecham a saída e elevam o fundo do interior lagunar ate umas centenas de metros da entrada e saída da água salgada, o trabalho agora adjudicado, caso se execute será mais uma quantia gasta sem sucesso. Já a remoção dos depósitos junto às desembocaduras do Arnoia e Real, mesmo que pertinente, será ineficaz a médio prazo caso não se criarem obstáculos que travem a descarga de sedimentos com o fluxo das águas.
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Publicada por Albert Virella à(s) 10:21 Sem comentários:
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