sábado, 24 de junho de 2017

VALERÁ A PENA ?



Após estes dias terríveis em que, mais uma vez, o fogo desbastou, queimou, matou, feriu e destruiu tanto quando quis, sem que os esforços de profissionais e voluntários, mais os ditos populares, conseguissem travar o desastre nas primeiras horas, e assim evitar o muito que sucedeu, despertou em mim um impulso irresistível para quebrar uma lança, mentalmente, pois que jamais seria promotor de uma revolta violenta.

Porém sinto que os bons propósitos, promessas e palavras de consolo só podem conduzir a que sintamos que os cidadãos que não estão em situação propícia para se poder beneficiar com a já chamada indústria do fogo, estão, novamente, a ser abusados, ou gozados com cara séria. Não é fácil, ou, mais correctamente, é impossível, acreditar nestas promessas e discursos de ocasião, recordando que ano após ano se repetem desgraças semelhantes e se ouvem, mesmo que proferidas por outras bocas, equivalentes, as mesmas histórias de encantar.

Muitos já conhecem os bons negócios que se fazem em volta dos incêndios florestais. Desde a compra de equipamentos, tantas vezes dados como obsoletos ou inadequados no ano seguinte, a compra de viaturas, de aparelhagem diversa, de compra ou aluguer de meios aéreos, alguns deles comprados com preços exorbitantes quando já estavam nos parques de sucata no Leste europeu. Etc. Uma lista infindável que implicam nomes de pessoas bem concretas. Existe um comércio de vulto à roda de um fechar de olhos à perda de bens privados e vidas humanas.

Tudo isto está extensamente escrito, com datas e valores, tanto nalguns jornais -poucos, pois que os interesses económicos não gostam que temas tão quentes se coloquem à disposição da plebe- e principalmente no circuito informal das redes sociais, onde aparecem não só denúncias e comentários correctos como, também, colocam a contra-informação que beneficia aos que lucram com a desgraça alheia.


A repetição imparável desta situação e o sentimento de impotência, dada a falta de reacção colectiva, impede-me a continuar neste tema. A revolta que sinto não a posso transferir.

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