quarta-feira, 21 de junho de 2017

A ACTUALIDADE DESACTUALIZA-SE



Arrisco-me ao afirmar que todos, absolutamente todos, somos conscientes de que aquilo que hoje nos é apresentado como de primeira magnitude, amanhã ou poucos dias mais, será afastado da ribalta por outro tema, possivelmente de menor valia social, nacional ou internacional.

Quem conhece em profundidade a volubilidade dos cidadãos, e as técnicas para escamotear temas que incomodam, são os políticos, os mesmos que com frequência e por mérito próprio desqualificamos. Os cidadãos, practicamente anónimos, é que valorizam os seus eleitos de uma forma irreal. Não captamos que eles agem, sempre, consoante os seus objectivos, que raramente até podem coincidir com as prioridades dos cidadãos. Mas depressa darão uma machadada que nos coloque na vida real.

Uma das manobras mais usadas quando se encontram no que parece ser um beco sem saída, popularmente “com as calças na mão”, é a de fazer promessas de acções importantes, necessárias e que até já podem ter sido proferidas em ocasiões anteriores. Sempre com cara séria e mostras de virem a ser zelosos cumpridores. Consoante os temas, e as ocasiões, juntam-se uns abraços, puxa-se alguma lágrima, organizando sempre o espectáculo com a presença dos meios de comunicação, especialmente das televisões. Dá realce e brilho, mas em nada compromete, pois estes mesmos comparsas se encarregam, com zelo profissional, de arrumas o assunto na canto mais escuro da sua despensa mediática.

Só os grandes artistas, os que não se engasgam ao mentir e prometer, é que conseguem singrar na difícil tarefa de governar. Eles tem que aguentar uma larga lista de temas, alguns velhos de séculos, anos, meses ou dias, e outros que surgem de improviso.

Sabendo isso, a cidadania já caleja no azedume de ver que as promessas poucas vezes de cumprem, decidiu actualizar um dos muitos adágios que, desde séculos atrás, cristalizaram o saber e o cepticismo do tal povo que nada ordena.


Dizia-se O PROMETIDO É DEVIDO, mas a realidade vivida esclarece que O PROMETIDO É DE VIDRO, dada a facilidade com que se quebram as promessas. E mais quando elas são enviadas desde o topo, ou por alguém que se admite o representa. 

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