Arrisco-me
ao afirmar que todos, absolutamente todos, somos conscientes de que
aquilo que hoje nos é apresentado como de primeira magnitude, amanhã
ou poucos dias mais, será afastado da ribalta por outro tema,
possivelmente de menor valia social, nacional ou internacional.
Quem
conhece em profundidade a volubilidade dos cidadãos, e as técnicas
para escamotear temas que incomodam, são os políticos, os mesmos
que com frequência e por mérito próprio desqualificamos. Os
cidadãos, practicamente anónimos, é que valorizam os seus eleitos
de uma forma irreal. Não captamos que eles agem, sempre, consoante
os seus objectivos, que raramente até podem coincidir com as
prioridades dos cidadãos. Mas depressa darão uma machadada que nos
coloque na vida real.
Uma
das manobras mais usadas quando se encontram no que parece ser um
beco sem saída, popularmente “com as calças na mão”, é a de
fazer promessas de acções importantes, necessárias e que
até já podem ter sido proferidas em ocasiões anteriores. Sempre
com cara séria e mostras de virem a ser zelosos cumpridores.
Consoante os temas, e as ocasiões, juntam-se uns abraços, puxa-se
alguma lágrima, organizando sempre o espectáculo com a presença
dos meios de comunicação, especialmente das televisões. Dá realce
e brilho, mas em nada compromete, pois estes mesmos comparsas se
encarregam, com zelo profissional, de arrumas o assunto na canto mais
escuro da sua despensa mediática.
Só
os grandes artistas, os que não se engasgam ao mentir e prometer, é
que conseguem singrar na difícil tarefa de governar. Eles tem que
aguentar uma larga lista de temas, alguns velhos de séculos, anos,
meses ou dias, e outros que surgem de improviso.
Sabendo
isso, a cidadania já caleja no azedume de ver que as promessas
poucas vezes de cumprem, decidiu actualizar um dos muitos adágios
que, desde séculos atrás, cristalizaram o saber e o cepticismo do
tal povo que nada ordena.
Dizia-se
O PROMETIDO É DEVIDO, mas a realidade vivida esclarece que O
PROMETIDO É DE VIDRO, dada a facilidade com que se quebram as
promessas. E mais quando
elas são enviadas desde o topo, ou por alguém que se admite o
representa.
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