Podemos
acreditar, piamente, nesta que foi palavra de ordem quando a revolta
dos capitães, e depois verificar como e em que sentido foi agarrada
pelos extremistas da esquerda? E como os conservadores, aparentemente
vencidos, mas nunca convencidos, reagiram com ajudas camufladas, mas
evidentes, e com a colaboração do deus socialista, que bem soube amordaçar aos que o incomodavam ou criticavam.
Será
que o tal povo que se entusiasmou não passava de um grupo de
exaltados, alguns deles perigosos, mas na sua maior parte a raiar no
lirismo, por desconhecerem a impossibilidade de que
o tal dito “povo” conseguisse ser capaz de arrumar as suas
ideias, caso sejam de facto suas, engendradas nas suas cabeças, em
geral ocupadas com temas muito mais imediatos do que o governar um
território, e, após esta, hipotética, arrumação poder enfrentar
a marcha do País?
Para
complicar tudo, antes de começar, é imperioso entender que não
estamos isolados numa pequena ilha da Polinésia, ou numa área
esquecida nas profundidades das selvas da Amazónia ou da Papuasia.
A realidade, é que não podemos fugir. Tudo nos recorda que estamos
inseridos num mundo ocidental, muito complexo, e que pouco nos resta
de liberdade decisória, pelo menos nos temas que se imaginava que o
tal “povo” nos poderia orientar.
Sabemos
que podemos decidir ser sócio ou adepto de um clube determinado.
Assim como podemos escolher entre ir ver as marchas de Lisboa,
inventadas pelo Estado Novo e que tanto agarraram as querenças do
tal “povo”, ou escolher entre sardinhas assadas e febras de porco
grelhadas. Existem bastantes mais opções para que o povo se
entretenha. Entre elas imaginamos a de guerrear com o vizinho, matar
a mulher, o amante responsável dos chifres, ou bater com a porta e
partir para outra, pois o que por aí não falta são mulheres.
São
muitos os caminhos que estão abertos a este “povo” que mais
ordena. Mas desconfio que com estas pessoas não teríamos muitas
possibilidades de sair da cepa torta. Quiçá nos afundaríamos mais
depressa e mais profundamente do que com esta elite que, em
principio, escolhemos, e que está mais preocupada com o trabalho de
encher os seus bolsos do que em servir a população, que tanto
ordena (?)
Ou
seja, se a tal jangada de pedra nos colocasse num local isolado, onde
nem sequer os satélites bisbilhoteiros, ou mirones inveterados, nos
descobrissem, então podíamos inclusive nos dedicar à antropofagia
e a miniaturização das cabeças dos nossos vizinhos, entre outras
agradáveis actividades.
Infelizmente
e sem tentar descortinar as forças e preconceitos, uns visíveis e
outros ocultos, subjacentes, que continuam a prevalecer nas decisões
sociais em que a população em geral, ou seja, incluído o povo e as
elites, votam sem saber bem o que é que os espera. Havendo festas e
bola, comezainas e facebook nada mais importa neste reino. Nem vale a
pena tentar avisar que entre o dizer e o fazer muita coisa há meter.
Eles, eleitores activos ou abstencionistas, já ouviram falar da
cruel realidade, mas preferem virar a cara e não se ralar, pelo
menos no dia de escolher, pois que no dia seguinte raro será o
elemento que não se lamente.
Não
esquecemos que é obrigatório não perder de vista os astutos,
vivaços, desavergonhados e anexos que sabem perfeitamente aquilo que
desejam. Os outros, os que sem pensar, lhes abriram a porta, deveria
estar cientes de que estes desejos não incluem o se preocupar pelas
necessidades mais prementes e convenientes para o tal “povo que
mais ordena”
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