sexta-feira, 16 de junho de 2017

O POVO É QUEM MAIS ORDENA


Podemos acreditar, piamente, nesta que foi palavra de ordem quando a revolta dos capitães, e depois verificar como e em que sentido foi agarrada pelos extremistas da esquerda? E como os conservadores, aparentemente vencidos, mas nunca convencidos, reagiram com ajudas camufladas, mas evidentes, e com a colaboração do deus socialista, que bem soube amordaçar aos que o incomodavam ou criticavam.

Será que o tal povo que se entusiasmou não passava de um grupo de exaltados, alguns deles perigosos, mas na sua maior parte a raiar no lirismo, por desconhecerem a impossibilidade de que o tal dito “povo” conseguisse ser capaz de arrumar as suas ideias, caso sejam de facto suas, engendradas nas suas cabeças, em geral ocupadas com temas muito mais imediatos do que o governar um território, e, após esta, hipotética, arrumação poder enfrentar a marcha do País?

Para complicar tudo, antes de começar, é imperioso entender que não estamos isolados numa pequena ilha da Polinésia, ou numa área esquecida nas profundidades das selvas da Amazónia ou da Papuasia. A realidade, é que não podemos fugir. Tudo nos recorda que estamos inseridos num mundo ocidental, muito complexo, e que pouco nos resta de liberdade decisória, pelo menos nos temas que se imaginava que o tal “povo” nos poderia orientar.

Sabemos que podemos decidir ser sócio ou adepto de um clube determinado. Assim como podemos escolher entre ir ver as marchas de Lisboa, inventadas pelo Estado Novo e que tanto agarraram as querenças do tal “povo”, ou escolher entre sardinhas assadas e febras de porco grelhadas. Existem bastantes mais opções para que o povo se entretenha. Entre elas imaginamos a de guerrear com o vizinho, matar a mulher, o amante responsável dos chifres, ou bater com a porta e partir para outra, pois o que por aí não falta são mulheres.

São muitos os caminhos que estão abertos a este “povo” que mais ordena. Mas desconfio que com estas pessoas não teríamos muitas possibilidades de sair da cepa torta. Quiçá nos afundaríamos mais depressa e mais profundamente do que com esta elite que, em principio, escolhemos, e que está mais preocupada com o trabalho de encher os seus bolsos do que em servir a população, que tanto ordena (?)

Ou seja, se a tal jangada de pedra nos colocasse num local isolado, onde nem sequer os satélites bisbilhoteiros, ou mirones inveterados, nos descobrissem, então podíamos inclusive nos dedicar à antropofagia e a miniaturização das cabeças dos nossos vizinhos, entre outras agradáveis actividades.

Infelizmente e sem tentar descortinar as forças e preconceitos, uns visíveis e outros ocultos, subjacentes, que continuam a prevalecer nas decisões sociais em que a população em geral, ou seja, incluído o povo e as elites, votam sem saber bem o que é que os espera. Havendo festas e bola, comezainas e facebook nada mais importa neste reino. Nem vale a pena tentar avisar que entre o dizer e o fazer muita coisa há meter. Eles, eleitores activos ou abstencionistas, já ouviram falar da cruel realidade, mas preferem virar a cara e não se ralar, pelo menos no dia de escolher, pois que no dia seguinte raro será o elemento que não se lamente.


Não esquecemos que é obrigatório não perder de vista os astutos, vivaços, desavergonhados e anexos que sabem perfeitamente aquilo que desejam. Os outros, os que sem pensar, lhes abriram a porta, deveria estar cientes de que estes desejos não incluem o se preocupar pelas necessidades mais prementes e convenientes para o tal “povo que mais ordena”

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