sexta-feira, 23 de junho de 2017

VIDEO KILLED THE RADIO STARS


Uma composição de The Bugles que foi um êxito em 1979, pela denúncia das consequências, nefastas, que a evolução trazia na manga e que se tornavam irreversíveis.

Inicialmente tinha previsto intitular esta crónica forçando uma similitude entre o eucalipto -que mais uma vez está no foco dos sucessos e estamos cientes de que para o ano voltaremos ao mesmo- e os maravilhosos progressos da electrónica de uso corrente. Daí que tinha magicado EUCALIPTOS E ELECTRÓNICA SÃO ASSASINOS.

Explicarei o porque recordei esta canção:

Esta manhã, depois de deixar o leito e iniciar o percurso caseiro, dei por mim, mais uma vez, entre as muitas com que este pensamento me surgiu, ver que a extensa colecção de molduras que albergam fotografias de antecessores, nomeadamente familiares, incluindo filhos e netas, ficou interrompida subitamente com a utilização, massiva e exclusiva, das fotografias electrónicas.

Em álbuns e caixas de arquivo insisto em manter guardados testemunhos de avós, familiares directos e colaterais, incluindo amigos e até a minha figura. Suspeito que, tal como foi acontecendo com outras peças de arquivo modernas, também esta memória actual, que os mais fervorosos adeptos colocam no arquivo do computador, ou em peças de suporte que se diz serem de fiabilidade a perpétuidade, terão a surpresa, ou nem isso, de ver que a possibilidade de aceder a estes arquivos vai desaparecer na poeira da evolução.

Se os discos de vinil, que muitos ainda continuamos a guardar, já são de reprodução difícil, e para muitos impossível, dada a carência de aparelhagens adequadas, também sabemos que o mesmo aconteceu com as fitas de música. A seguir “morreram” as vídeo cassetes e pouco falta para ficarem obsoletos os discos de computador. Quem se lembra das consolas de jogos que foram viciantes para os nossos filhos, hoje por sua vez pais de outros viciados em jogos em telemóveis, que nunca são da última geração, nem sequer a penúltima?

O que teremos para satisfazer a nossa vontade em avivar a memória visual, caseira, em disposição imediata, daqui a breves anos?


O torrente indomável do progresso electrónico, mais o das novas tecnologias vai trazer o maná para as novas gerações, ou, pelo contrário, conduzirá à deshumanização e ao caos? Espero que não tenha oportunidade para ver o que irá surgir, quando frutificar este casamento entre tecnologias de ponta e consumismo.

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