(texto corrigido e com tentativa de eliminar gralhas)
Sendo
eu o Presidente da Assembleia Municipal fui forçado, por pressões
de âmbito reservado, vindas oralmente de residentes na aldeia, para convocar esta sessão, de cariz extraordinário, destinada a dar seguimento ao tema do FESTIVAL DA CHUVA doirada. Admitindo que nenhum dos presentes se vai opor, entrego a
palavra ao companheiro e amigo Zé Maravilhas, com o qual, antes de
abrir a sessão, combinamos que manterá via de diálogo aberto com
qualquer um dos presentes, esteja de acordo ou se oponha, com
argumentos ponderáveis Vos deixo entregues ao
Zé.
Amigos
e vizinhos. Ao longo destas horas pude meditar, interrompido em
diversas ocasiões, por amigos que desejavam esclarecimentos sobre a
estrutura e funcionamento deste Festival
da chuva doirada. Por
enquanto estamos na fase de gestação, só existem apontamentos
soltos, que devem ser ponderados e ordenados. Mas o que me foi dado
avaliar é que existe um número, já numeroso, de conterrâneos
interessados em que algo de novo, e espectacular pela originalidade
mediática, tenha lugar neste canto de Portugal. Também chegaram até os meus ouvidos zun-zuns de que o assunto em causa criou um certo mal estar, nomeadamente entre os mais castos. Castos, e respeitadores dos preceitos emanados do púlpito, mas só apariência. De facto são tão devassos na intimidade quanto possam ser os que aderiram fervorasamente à ideia. Sem esquecer que inclusive aqueles retraídos que não se atreveram a dar rédea solta aos seus instintos certamente que pecaram em pensamento. E na doutrina me ensinaram que pode-se pecar tanto em pensamento como em obra.
De
entrada posso afirmar que na sessão anterior não me sentia
minimamente motivado. Mas quando um dos presentes propôs umas festas
invocatórias de chuva senti que uma coisa se disparou na minha
mente. É provável que, inconscientemente, fizesse uma ligação
entre a proposta e o
nome da nossa aldeia.
Sempre
antevi a influência de alguma picardia neste Vale
do Pito, e tentei
descobrir como e quando se gerou tal nome. Uma das hipóteses que me
coloquei foi que se devesse às comunicações entre os pastores que
acompanhavam os rebanhos de uma e outra escarpa que limitam o vale,
com o recurso a apitos ou assobios modulados. Outra hipótese, com
ligame ao que insinuou o anónimo bracarense, e que as duas ladeiras
do vale e mais as filas de estratos verticais que se observam entre
as águas da ribeira, podem dar a ideia de uma vagina, zona da
anatomia feminina que a norte do Mondego é denominada, popularmente,
como sendo o pito.
O que é certo e sabido é que os
nortenhos, quando lhes dizemos o nome da nossa aldeia, abrem um
sorriso maroto e um olhar sumamente malandro. Nunca me aborreci com
isso, uma vez que fui engendrado sem artifícios de modernice e vim a
este mundo sem negar o nome do Vale.
Confesso,
sem vergonha, que a velocidade com que esta ideia se instalou entre
nós, não me facilitou conseguir um esquema correcto e aceitável
para o certame. Especialmente porque, sendo patrocinado (como espero
que assim seja) pela edilidade, teremos que ser muito cuidadosos na
forma em que se dê a conhecer, sem ofender os espíritos mais
timoratos -esta vai para a minha lista-
mas tampouco podemos escamotear um tema que deve ser do conhecimento
de todos os adultos, e hoje até de alguns adolescentes.
O festival, a ser, será dependente
da colaboração das senhoras, sejam elas residentes entre nós,
coisa que sinto ser difícil numa primeira edição, ou de pessoas
mais descontraídas, ou até profissionais nas artes da nudez
exposta.
Com uma mão alçada um dos presente pergunta; E
poderemos ver, ao natural e mesmo que sem tocar, mas de perto, todas
estas espectaculares novidades, velhas como o mundo? Como? Pagando
certamente. Haverá descontos para os idosos? Eles merecem!. Durará
muitos dias? Os da terra terão direito a entrar primeiro ou terão
que aguardar na fila? Quem entrar na sala só poderá ficar uns
minutos contados? Tenho tantas perguntas!
Caro conterrâneo, são muitas
perguntas, que ainda não posso responder, mas que proporcionam
pistas de importantes pormenores que, espero, serão tratados com ponderação. Tenha, tenham, paciência
e ajudem a organizar este dito “invento”.
Restringindo-nos
exclusivamente à chuva doirada propriamente dita, existem vários
factores a ponderar, e até a proporcionar classificações entre as
concorrentes. Assim, e num balanço repentino e por isso mesmo não
exaustivo, referiria em primeiro lugar, e aproveitando
a colaboração do anónimo bracarense,
ser merecedor de valorização a
fonte donde mana a chuva.
Aí temos muitas possibilidades, desde uma bica no meio de um
matagal, normalmente escuro como nos contos de bruxas, mas também
ser possível aparecerem selvas loiras, ruivas ou pintadas com alguma
das cores psicadélicas que vemos nalgumas cabeças. Terão as
pilosidades em cores a condizer? Não
esquecemos a existência de montes de Vénus totalmente desprovidos
de pelos, seja de seu natural ou por depilação, total ou parcial,
pois de tudo podemos encontrar “na vinha do Senhor”. Recordo que
a minha avó dizia, com certa frequência, que o pudor e vergonha era
só mania, pois quando somos batizados fica todo o nosso corpo com
isenção de pecado.
Abordando
o fluxo de chuva
também aqui teremos variantes, que não necessito especificar pois
dou por certo que todos conhecem o que vou dizer , e que concordarão merecem ser atendidos, com o pormenor correspondente.Temos a cor
da urina, desde o trnsparente e límpido, passando aos diferentes tons de amarelo doirado, até chegar a uma tonalidade mais escura; O fluxo,
abundante, tumultuoso, frouxo, efémero ou, persistente. definido ou
em dispersão. O aroma ou
cheiro, que pode ser agradável como perfume, com fragância
cativante ou odor repulsivo.
E o simpático barulho?, pergunta um
dos presentes.
Tem razão, ainda podemos e devemos
qualificar, dada a sua importância para quem tem o privilégio de
estar presente, o som que acompanha o fluxo, que tanto pode ser pouco
intenso como atingir a intensidade de um assobio. Pessoalmente
aprecio uma descarga veloz, impetuosa, longa, e ruidosa.
Até aqui temos pano para mangas
para dar classificações idóneas.
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