terça-feira, 20 de junho de 2017

AFINAL RECORRO A OUTRO OPINADOR

Falto à minha promessa de ser uma vez sem exemplo. O escrito que transcrevo merece ser conhecido pelos meus 3 ou 4 leitores mudos e quedos.

Apanhado da BLASFÉMIAS, que habitualmente está dedicada, em exclusividade, e malhar no governo, na troika e na esquerda em geral. UM ASCO, por serem facciosos obcedaos. Mas tal como o burro soprou na flauta e ela tocou, uma nota, por vezes escrevem arrazoados correctos.


por rui a.

Todos os anos, nos meses de Verão, Portugal arde de norte a sul, de leste a oeste. Todos os anos, depois da «época de incêndios», os políticos fazem declarações exaltadas contra quem governa ou quem governou, por não ter resolver ou não ter resolvido o problema. Todos os anos os governantes anunciam novas medida que resolverão, ou reduzirão muito, este horrível drama nacional, «já no próximo ano». Todos os anos se reclamam duras penas contra os donos de terrenos que não estejam devidamente limpos e preparados para a época incendiária. Todos os anos se pedem castigos mais severos para os responsáveis por estes crimes. Todos os anos choramos os mortos. E todos os anos exaltamos a heroicidade e a coragem dos nossos bombeiros.
Todos os anos é assim, desde que me conheço. Com excepção de alguns poucos em que o clima ajudou, todos os anos Portugal arde, de lés-a-lés, perante a impotência de todos, governantes e governados. Aí há uns dois meses, um responsável, de cujo pelouro não me lembro, teve, na TSF, um assombro de honestidade e disse o óbvio que ninguém aceita reconhecer: se chovesse um pouco mais antes do Verão, as coisas correriam melhor, porque as florestas ficariam mais húmidas e menos explosivas; caso contrário, que Deus nos ajude! Neste ano, desgraçadamente, não ajudou.
Estamos condenados a isto? Estamos, enquanto Portugal for um país pobre, pouco desenvolvido, sem riqueza privada que seja capaz de manter e preservar o que lhe pertence. Porque, apesar das proclamações de António Costa, boas para lhe serenar a consciência e não o fazer perder muitos votos em Outubro, a verdade é que, se alguém falha, ao longo de todos estes anos, é o estado português. Se bem me recordo, uma das funções do estado, de qualquer estado, a primeira razão que justifica o «contrato social» é a de prover a segurança dos seus. Para isso lhe pagamos impostos. Que, no caso português, não são baixos.
Pois bem, o problema não é um problema: são muitos e, afinal de contas, sempre o mesmo: Portugal não tem dinheiro e os portugueses não têm dinheiro. Não tem dinheiro, o estado, para mandar limpar os seus terrenos (antes de chatearem os privados verifiquem como estão as matas públicas…), para montar meios humanos e técnicos de prevenção e de fiscalização, para comprar e manter meios eficazes de combate ao flagelo dos incêndios. Não têm dinheiro, as pessoas comuns, para mandarem limpar os seus terrenos (antes de vociferarem, informem-se sobre o preço do m2 da limpeza de terrenos de mato), para os cultivarem com espécies menos perigosas para o ambiente e para os incêndios (os eucaliptos são um recurso de «tesos» e de quem não acredita no retorno de um investimento florestal a médio, longo prazo…), enfim, para manterem o que é seu. Não tendo, uns e outros dinheiro, o estado faz leis! As leis são a confissão da sua incompetência e impotência face a este problema. Os particulares procuram esquecer que são proprietários.
O problema de Portugal com os seus incêndios só se resolverá a médio, longo prazo. E se quem nos governa não apostar no empobrecimento das pessoas e se as deixar (já não digo incentivar) ganhar dinheiro e mantê-lo na sua propriedade. Tudo o mais é conversa para aliviar consciências e ganhar votos, cujo dramático resultado testemunhamos ano após ano.
rui a. | 20 Junho, 2017 às 16:36 | Categorias: Geral | URL: http://wp.me/pai

Sem comentários:

Enviar um comentário