(este capítulo já foi revisto, corrigido e completado)
A
última reunião da Junta de Freguesia de Vale de Pito foi
excepcional por longa e animada. Após os temas do dia, que eram de
pura rotina e por isso pouca luta provocaram, em verdade nenhuma,
surgiu, por boca do presidente um assunto que era falado pelos
residentes desde faz mais de um ano, sem que se tivesse atingido o tal
ponto de não retorno, entendendo por isso que era necessário agir
sem mais delongas.
Disse
o Presidente que a nossa aldeia, com tão espectaculares paisagens,
bons produtos de horta; vinhos que vendem toda a produção, e mais
se venderiam se as vinhas fosses maiores; lindas raparigas, esposas
esbeltas, simpáticas, asseadas, sempre com bom humor e apetitosas, para benefício de quem a tal se habilita seguindo as regras sociais; casas limpas e repletas de flores; ruas pavimentadas; fontanários; internet gratuita em todo o perímetro urbano, e mais que sabem. E
mesmo assim estamos esquecidos pelo mundo em geral. Não temos imagem
de marca.
Por
isso, meus estimados conterrâneos, aceito e proponho que lutemos
pela ideia de criar um festival
que nos coloque nas primeiras páginas dos tabloides e da televisão
generalista. -Bem se nota que o presidente está à par de tudo o
que educa no Correio e na Bola!-
Admito que é difícil avançar
desde zero nesta temática que está gasta em tantos festivais que
por aí se geraram. Apontei neste papel as ideias que me surgiram e
me foram sugeridas por alguns de vós. E lamento que algumas, a
maioria sendo franco, não sejam exequíveis -eu não disse que o
homem é culto?- Não temos castelo, nem muralhas ou templos românicos que nos possibilitem o armar ao pingarelho de
festas medievais. Não temos salas para fazer um
festival de cinema. Quanto à doçaria tradicional.
Fora das argolas, arroz doce, arrufadas, pasteis de grão ou de
feijão, e fritos, que se encontram em qualquer lado, tampouco me
parece que por aí possamos ir longe. Uma eleição de miss Vale
do Pito, temos poucas moças capazes e dispostas a desfilar de
tanga Penso que não
encheriamos uma plateia, nem sequer a da casa do povo.
Uma mão se levanta propondo um
Festival da chuva! , que
tanta falta nos faz nestes meses de extrema canícula -outro
letrado!- Poderíamos
organizar procissões rogativas de manhã, à tarde e à noite,
acompanhadas de charanga -o
nível vai bom!-,
aproveitando os que tocam instrumentos de sopro na banda e nos
bombeiros municipais.
Como
Presidente sinto ter que rebater o interesse que os forasteiros
pudessem devotar a estas procissões. É coisa ultrapassada. A tropa
acredita mais, ou menos, no boletim meteorológico da televisão do
que nas ajudas de santos ou mesmo do trio Deus Pai-Filho-Espírito
Santo. Muitos o avaliam como uma geringonça desactualizada. A não
ser que nestes cortejos, além de rezas e andores incorporássemos
uns flagelantes -vamos
ter que criar uma academia de linguistas!- e
outros penitentes que carreguem cruzes e outros artigos de tortura.
O
Zé Maravilhas levanta o braço e pede a palavra: Pois eu vejo
grandes possibilidades num FESTIVAL DA CHUVA, sempre e tanto que se
entre na variante da chuva doirada!
-este visita a página
dos anúncios com foto no Correio!-
Óh
homem, por donde nos quer meter? Isto que propõe implica cavalarias
altas! Nem vale a pena imaginar esta proposta. Não temos capacidade para lutar num terreiro destes. Disse o Presidente da Junta de Freguesia.
Tudo
depende de como se encarar a coisa, Tem que ser com tacto e
malandrice q.b. Enquanto ouvia a discursata anterior já fui montando
o esquema, que poderei discriminar, caso o pedirem.
De
entrada, e para não espantar a caça, embora todos estejam
interessados no que a proposta induz, referiria que o adjectivo
“dourado-dourada” é usado correntemente. Desde vinhas douradas,
vinho dourado, fatias doradas, pasteis dourados, e tudo o mais que não recordo
agora. Mas um festival da verdadeira chuva doirada, se preparado com
sageza -toma! Faltava
este!- teria uma procura
que tomariam os das festas e mercados medievais. Eu, Senhor Presidente, até propunha que registássemos este nome antes de que
os vivaços nos copiem. E tenho outra possibilidade na manga, que não
adianto!
Um expontâneo interrompeu perguntando se na animação de rua não se poderia incluir uma imitação da dança da chuva dos peles vermelhas americanos, seguindo aquilo que os cineastas apresentaram em diversos filmes antigos, mesmo que aquilo fosse inventado nos miolos da cabeça dos argumentistas e produtores. O Zé Maravilhas retorquiu que lhe parecia muito oportuno e aproveitável. Era questão de trabalhar afincadamente para organizar o "invento", até disse ter a certeza de que ao longo da preparação irião aparecer capítulos interessantes. Entre o Coreeio e a Internet podem tirar o curso de espectáculos eróticos sem grandes dificuldades.
Um expontâneo interrompeu perguntando se na animação de rua não se poderia incluir uma imitação da dança da chuva dos peles vermelhas americanos, seguindo aquilo que os cineastas apresentaram em diversos filmes antigos, mesmo que aquilo fosse inventado nos miolos da cabeça dos argumentistas e produtores. O Zé Maravilhas retorquiu que lhe parecia muito oportuno e aproveitável. Era questão de trabalhar afincadamente para organizar o "invento", até disse ter a certeza de que ao longo da preparação irião aparecer capítulos interessantes. Entre o Coreeio e a Internet podem tirar o curso de espectáculos eróticos sem grandes dificuldades.
Zé Maravilhas insiste na sua: Pensem
nas possibilidades! Aqui viriam stripers, acompanhadas dos seus empresários, ou chulos se preferirem, mais os comerciantes de artigos eróticos; montariam pavilhões no campo de
futebol e terrenos adjacentes. Os visitantes, nacionais e
estrangeiros ficariam loucos para alugar quartos por noite ou por
períodos curtos... Teriamos que habilitar um espaço para campistas, de preferência ao pé do nosso ribeiro, que por enquanto não está demasiado poluído, mas que aproveito o momento de atenção para pedir que, entre todos, retiremos os plásticos, garrafas, embalagens e lixo em geral que os zelosos cidadãos, "respeitadores da natureza" largam por todo lado na maior das descontracções.
Resumindo e terminando, um festival deste género pode trazer um sem fim de possibilidades de negócio, incluídos aqueles considerados como honestos.
Resumindo e terminando, um festival deste género pode trazer um sem fim de possibilidades de negócio, incluídos aqueles considerados como honestos.
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