sábado, 11 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - A ROBÓTICA



TENTATIVA DE ADIVINHAR O PRÓXIMO FUTURO

São frequentes os artigos onde se especula acerca do futuro que estamos construindo -um plural magistrático que não abrange a todos, mas apenas aos directamente implicados, apesar de que os apáticos, ou os que não sabem como agir para se opor, também merecem ser inculpados , nem que seja por aquilo de que quem cala consente- ameaça degradar a importância que as pessoas sempre tiveram na condução do trabalho e de qualquer actividade em que as suas decisões tem sido importantes.

Alertam-nos sobre a inevitabilidade de os automatismos, em implantação acelerada, reduzirem o número de pessoas activas em muitas tarefas hoje correntes. Mas sem negar esta evidência, pode-se imaginar que as máquinas se ocuparão de todos os capítulos, ou chegar-se a um equilíbrio favorável? Seja qual for a progressão do automatismo, temos que admitir que pessoas continuarão a existir, a nascer, viver e morrer e que na humanidade ainda não se vislumbra o chegar ao total automatismo robótico. Implicaria o domínio total da inteligência artificial sobre a espécie humana

Aqueles autómatos domésticos, deslocando-se sobre rodas pela casa, e que em muitas ilustrações futuristas, tem um aspecto caricatural de pessoas, inclusive com roupa, e “inté” falam numa voz pouco humana, não se vulgarizou. Por enquanto. Para os conceber, construir e reparar estão dependentes de humanos

Mas por este caminho já se avançou bastante. Pessoas das zonas económicamente pujantes, com idade inferior a quarenta, nem conseguem imaginar o esforço e sacrifício que implicava a lavagem de roupa feita manualmente ! Hoje existe uma multiplicidade de máquinas automáticas que se encarregam desta tarefa cansativa. Mesmo assim é necessário separar as peças a lavar consoante os cuidados com que devem ser tratados; carregar e programar a máquina pessoalmente em conformidade com o tipo de roupa a lavar; mais o detergente a usar; descarregar e depois, secar a brunir ou passar, que é a mesma coisa. Por mais que evoluir na robótica a mente humana e as capacidades de adaptação implícitas serão de grande importância.

Por muito sofisticada que seja uma programação existirá sempre um momento em que a opção a seguir estará pendente do raciocínio do operador. Tentando dar um exemplo citarei, sem concretizar, as notícias que apontam para viaturas automóveis, evoluídas dos carros de passageiros e de transporte colectivo, e até de mercadorias, que após lhes aplicarem automatismos, cuidadosamente programados, podem circular pelas estradas em absoluta segurança. Será assim? Por enquanto receio que poucos aceitariam ser passageiros de um veículo totalmente robotizado. Que pudesse reagir imediatamente a situações imprevistas e perigosas, tomar opções repentinas.

Que o automatismo vai ferir a actividade humana é aceite como algo inevitável. Mas daí a nos colocar, a todos, numa prateleira por sermos dispensáveis... Ou seja, ferir, ferirá, mas matar... nunca. Toda a evolução será feita pensando na rentabilidade dos processos, e o custo de um operador, ou uma série deles, será o primeiro factor a ponderar. Em princípio ficarão reservadas para os humanos as tarefas situadas nos dois extremos.

Por um lado a concepção e programação dos automatismos, e no lado oposto tudo aquilo que for mais penoso e desgastante para o nosso corpo, mas difícil de automatizar (como, por exemplo, o desmontar para sucata um petroleiro em fim-de-vida) com a agravante de que são, e serão, as pior remuneradas.

Sem nos delimitar nos extremos a realidade nos mostra que na maioria dos casos o trabalho humano, não tecnológico, aquele que pode ser feito por pessoas não especializadas ou facilmente substituíveis na bolsa de desempregados será cada dia mais mal retribuído. De modo semelhante quando se gera um excesso de especialistas com pouca procura, muitos terminam aceitando postos de trabalho, em princípio, abaixo das suas expectativas.

Mas, em compensação, continuarão e ser necessários, e muito procurados, os operários especializados, seja em electrotecnia, soldaduras especiais, programação, instrumentação, manutenção de equipamentos, metalúrgicos, fundidores, e muitas especialidades de apoio às temíveis novas tecnologias. O leque salarial que se vai instalar para estes especialistas não poderá ser inferior ao que auferirão os das novíssimas profissões, pois tal como sempre aconteceu, por detrás da vedeta que está no palco é imprescindível uma equipa de apoio sine qua non.

Onde existirá um retrocesso social será quando se institucionalizar a existência de uma nova espécie de escravidão onde militarão os mais esquecidos, os que terão que aguentar com os trabalhos mais penosos e perigosos que nem os autómatos poderão executar,

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