sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - Ficar aguados



AS NOTÍCIAS NOS INCITAM

Consecutivamente, e sem descanso, nos são apresentadas notícias nas que “pesos pesados” da nossa sociedade, restrita e contaminada pela política caseira e interesseira são, cuidadosamente, referidos como tendo ligações perigosas, e que podem oferecer, à malta, um pouco de sangue no circo da sociedade inerme.

É que estas notícias, ribombantes, são sempre utilizadas para deitar engodo à populaça, mas sempre com sumo cuidado por parte dos gestores dos noticiários para não se darem de caras com processos de difamação. A táctica a seguir nestes casos é a de insinuar, com a máxima picardia possível, mas sem escorregar para terreno perigoso, e deixar que o leitor deduza para onde se deseja que caia. Insisto que estou referindo às conclusões dos leitores, que não estando dentro dos labirintos onde estes assuntos navegam, nem por isso se sentem com a mente restringida para pensar o pior.

Isto de pensar mal e dar sentenças muito antes do que os tribunais o façam -e estes, por vezes, nos deixam a impressão de que até evitam de as dar- é a reacção normal em quem se sente constantemente proscrito, mal tratado e abusado, nem que seja sob o ponto de vista de ser um cidadão anónimo, mas que muitos efeitos secundários acabam por o afectar. Outros há que tiveram a pouca sorte de se ver directamente afectados por alguns dos golpes “denunciados” na imprensa. Estes é que sabem, nas suas costas, como dói ser abusado e mal tratado.

A temática do momento está, sem dúvida, centrada nos feitos que se atribuem à Rainha Angolana, que, se acreditarmos no que nos dizem, já se pode qualificar como nova Rainha de Sabá, a tal que na história universal é citada como ter sob a sua alçada as maiores minas de oiro, e tesouros imensos. E que tinha encantado o Rei Salomão.

Sem especular e procurando evitar ser o eco dos jornalistas “tremendistas”, já ontem se noticiou a morte de um gestor de topo que cuidava dos bens de Isabel dos Santos. Fosse por suicídio auto decidido ou induzido por terceiros. Juntando esta novidade às referências dos múltiplos interesses “pesados” que a referida Rainha tinha, ou ainda tem, em Portugal não deixa de ser notório que, mais uma vez, se encontrem nomes de pessoas da mais alta craveira no pequeno-grande-enorme País onde vivemos. Daí que, se não estou errado, o cidadão que não teve possibilidades de molhar a sopa nalgum destes caldeirões, desconfie que, por mais dicas, ou denúncias veladas, que nos ofereçam voltaremos a verificar como os nomes citados resguardam-se da chuva e não de molham.

Não sei porque, enquanto redigia o parágrafo anterior, veio-me à mente a referência ao filme CHAIMITE, e da táctica militar da defesa em quadrado -já ultrapassada pelos novos meios de matar- mas que para certas questões em que a defesa Colegiada, de grupos com interesses comuns ou tangenciais, prevalecem, os membros do clube da gestão e da política, com quem forçosamente tem que andar de braço dado a fim de se apoiarem, sabem agir para se defenderem, não só rapidamente mas até com um alerta de previsão sempre atento. O quadrado está sempre preparado; embora nos dias calmos, a baioneta não esteja montada na ponta da espingarda.

As horas passadas em frente da televisão, sem conectar com os canais generalistas que servem para estupidificar a malta, nos dão uma outra referência quanto à capacidade de outros seres vivos, mais instintivamente cientes das suas capacidades, reduzidas quando isolados mas fortes quando em grupo coordenado. Todos devemos ter visto como se defendem os animais não perigosos, tanto pequenos em tamanho, como são peixes e aves de reduzido porte, como inclusive espécies de mediano e grande tamanho, que sabem por instinto que em grupo se defendem melhor.

Os humanos, infelizmente, quando não são conscientes de que a sua força está no número, na união em bloco perante o que os ameaça, não tem grandes defesas pessoais. A montagem da sociedade, desde sempre, deu mais possibilidades de ataque e defesa a um reduzido grupo de indivíduos, que, curiosamente, foram escolhidos sem prever o futuro, pelos mesmos que, de imediato, são abusados pelos seus seleccionados. Uma característica que, por ter sido tão repetida ao longo da história nos devia ter ensinado a não tornar a cair nela.

Temos que dar crédito à máxima que nos avisa, sem que se aprenda, que O HOMEM É O ÚNICO ANIMAL QUE TROPEÇA DUAS VEZES NA MESMA PEDRA, e eu juntaria que não são duas, mas múltiplas, as vezes em que cometemos os mesmos erros.

Conclusão: Se alguém está esperando ver que o caso da Isabel III nos ofereça alguma queda espectacular entre o grupo de “importantes” cá do sítio, já podem tirar daí o sentido. Voltarão a ficar “aguados”. Girará a roda e os prémios serão para os do costume.



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