AS
NOTÍCIAS NOS INCITAM
Consecutivamente,
e sem descanso, nos são apresentadas notícias nas que “pesos
pesados” da nossa sociedade, restrita e contaminada pela política
caseira e interesseira são, cuidadosamente, referidos como tendo
ligações perigosas, e que podem oferecer, à malta, um pouco de
sangue no circo da sociedade inerme.
É
que estas notícias, ribombantes, são sempre utilizadas para deitar
engodo à populaça, mas sempre com sumo cuidado por parte dos
gestores dos noticiários para não se darem de caras com processos
de difamação. A táctica a seguir nestes casos é a de insinuar,
com a máxima picardia possível, mas sem escorregar para terreno
perigoso, e deixar que o leitor deduza para onde se deseja que caia.
Insisto que estou referindo às conclusões dos leitores, que não
estando dentro dos labirintos onde estes assuntos navegam, nem por
isso se sentem com a mente restringida para pensar o pior.
Isto
de pensar mal e dar sentenças muito antes do que os tribunais o
façam -e estes, por vezes,
nos deixam a impressão de que até evitam de as dar- é a
reacção normal em quem se sente constantemente proscrito, mal
tratado e abusado, nem que seja sob o ponto de vista de ser um
cidadão anónimo, mas que muitos efeitos secundários acabam por o
afectar. Outros há que tiveram a pouca sorte de se ver directamente
afectados por alguns dos golpes “denunciados” na imprensa. Estes
é que sabem, nas suas costas, como dói ser abusado e mal tratado.
A
temática do momento está, sem dúvida, centrada nos feitos que se
atribuem à Rainha Angolana, que, se acreditarmos no que nos dizem,
já se pode qualificar como nova Rainha de Sabá, a tal que
na história universal é citada como ter sob a sua alçada as
maiores minas de oiro, e tesouros imensos. E que tinha encantado o
Rei Salomão.
Sem
especular e procurando evitar ser o eco dos jornalistas
“tremendistas”, já ontem se noticiou a morte de um gestor de
topo que cuidava dos bens de Isabel dos Santos. Fosse por suicídio
auto decidido ou induzido por terceiros. Juntando esta novidade às
referências dos múltiplos interesses “pesados” que a referida
Rainha tinha, ou ainda tem, em Portugal não deixa de ser notório
que, mais uma vez, se encontrem nomes de pessoas da mais alta
craveira no pequeno-grande-enorme País onde vivemos. Daí que, se
não estou errado, o cidadão que não teve possibilidades de molhar
a sopa nalgum destes caldeirões,
desconfie que, por mais dicas, ou
denúncias veladas, que nos ofereçam voltaremos a verificar como os
nomes citados resguardam-se da chuva e não de molham.
Não
sei porque, enquanto redigia o parágrafo anterior, veio-me à mente
a referência ao filme CHAIMITE, e da táctica militar da defesa
em quadrado -já
ultrapassada pelos novos meios de matar-
mas que para certas questões em que a defesa Colegiada, de grupos
com interesses comuns ou tangenciais, prevalecem, os membros do clube
da gestão e da política, com quem forçosamente tem que andar de
braço dado a fim de se apoiarem, sabem agir para se defenderem, não
só rapidamente mas até com um alerta de previsão sempre atento. O
quadrado está sempre preparado; embora nos dias calmos, a baioneta
não esteja montada na ponta da espingarda.
As
horas passadas em frente da televisão, sem conectar com os canais
generalistas que servem para estupidificar a malta, nos dão uma
outra referência quanto à capacidade de outros seres vivos, mais
instintivamente cientes das suas capacidades, reduzidas quando
isolados mas fortes quando em grupo coordenado. Todos devemos ter
visto como se defendem os animais não perigosos, tanto pequenos em
tamanho, como são peixes e aves de reduzido porte, como inclusive
espécies de mediano e grande tamanho, que sabem por instinto que em
grupo se defendem melhor.
Os
humanos, infelizmente, quando não são conscientes de que a sua
força está no número, na união em bloco perante o que os ameaça,
não tem grandes defesas pessoais. A montagem da sociedade, desde
sempre, deu mais possibilidades de ataque e defesa a um reduzido
grupo de indivíduos, que, curiosamente, foram escolhidos sem prever
o futuro, pelos mesmos que, de imediato, são abusados pelos seus
seleccionados. Uma característica que, por ter sido tão repetida ao
longo da história nos devia ter ensinado a não tornar a cair nela.
Temos
que dar crédito à máxima que nos avisa, sem que se aprenda, que O
HOMEM É O ÚNICO ANIMAL QUE TROPEÇA DUAS VEZES NA MESMA PEDRA, e
eu juntaria que não são duas, mas múltiplas, as vezes em que
cometemos os mesmos erros.
Conclusão:
Se alguém está esperando ver que o caso da Isabel III nos ofereça
alguma queda espectacular entre o grupo de “importantes” cá do
sítio, já podem tirar daí o sentido. Voltarão a ficar “aguados”.
Girará a roda e os prémios serão para os do costume.
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