BRINCAR
A VIDENTE
Tentar
adivinhar o futuro, tanto se carregarmos uma forte dose de pessimismo
ou, pelo contrário, nos esforçamos para ser optimistas, é uma
tarefa inútil e sujeita a ter que dar a mão à palmatória. Daí
que se optarmos pelo mais provável, sem pretender agradar a uns ou
outros, pois a ambos é muito difícil, e pior se querermos
iludir-nos, fica a opção mais sensata. Um máxima ligada ao
“desporto-rei” mas que não deixa de ser válida em muitas
situações: Prognósticos, só depois de terminado o jogo.
Seja
qual for a janela de visão futurista em que nos debrucemos, num
retraimento pessoal e sem nos atrever a avançar no campo da
adivinhação, creio que qualquer cidadão (muito ou pouco
pensante) traz consigo uma mistura de ilusão, desejos e realismo
que, bem misturados, apesar de quase sempre antagónicos, conduz a
uma montagem futurista que, ajuizadamente, nem sequer escrevemos.
Mais direi, procuramos esquecer, não fixar, pois a veterania nos
alerta que ter ilusões sobre aquilo que ainda não aconteceu é meio
caminho andado para cair numa frustração, numa quebra de ilusão
que se pode tornar obsessiva.
Até
aqui só debitei palavras vás, ocas, sem sentido por não caberem no
pragmatismo que deve reger o nosso comportamento. Mas será que ninguém conseguiu passar a sua vida -enquanto vivo
evidentemente- sem desejar ardentemente, em silencio
mental, que o futuro próximo fosse melhor do que o passado recente?
É difícil pois que existe a frase, correcta, de que de ilusão
também se vive, mas não diz o que inefávelmente vai a seguir:
que ao verificar que nada melhorou, ou que ainda se chegou a uma
situação pior, o “astral” que nos alenta ou nos abate passa por
uma fase mais triste do que estaria se não tivéssemos criado
ilusões.
In
extremis temos que aceitar que
aqueles que pouco, ou nada, pensam, ou pelo menos não fazem
congeminações sem bases credíveis, podem passar os dias, semanas,
meses e anos, com menos problemas mentais dos que afectam aos
meditabundos. Além disso se diz que A
pensar morreu um burro, e
Quem pensa não dorme.
Para nos consolar
O que for soará. Ou para
os crentes resignados :
Será o que Deus quiser
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