sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

MEDITAÇÕES - Autocontrole

E SE MEDISSE TUDO O QUE ENCONTRAR ?

Dias atrás (e não eram aqueles famosos DIAS & DIAS A. BOAVIDA) tive que tratar de um assunto particular (*) no Centro Comercial onde encontro uma sala -em verdade são 6- onde há, quase sempre, a possibilidade de ver algum filme recente que não seja de pancadaria e fantasiosos, e levava no bolso uma fita métrica, graduada em cm e polegadas, que me devia ajudar a decidir.

Enquanto circulava pelos corredores, com mais m2 do que muitas casas de habitação, tinha uma das mãos entretida a fazer voltas com a dita fita de medir. E surgiu uma ideia estupenda:

E se começar a fazer que media os os objectos que estão à mão, como as caixas multibanco, os balcões centrais, portas, placas de pavimento, etc, dizendo em voz audível  aqui tantos cm, noutro a medição correspondente. E assim até me fartar.  No MB medir altura, largura e lateral, e daí sempre a andar... qual seria a reacção dos que me vissem tão atarefado?

Certamente que me julgariam maluco total. Até porque não estávamos na época de Entrudo nem eu ia vestido de palhaço. De imediato considerei que se, mesmo sem atitudes tão bizarras, já ganhei o estatuto de, pelo menos, anormal (nem sempre agindo de acordo com as normas sociais em vigor)
optei por travar aquele divertido impulso.

Tinha que ser divertido para funcionar como pretendido, pois que sempre considerei que um bom cómico, mesmo in extremis um palhaço fardado como pertence, só teria sucesso se divertisse ele mesmo com o que fazia. Ou seja devia gozar com o que faz e até com a cara dos que o seguiam. Mas aí ressalta a condição sine qua non . O artista deve vestir-se, mascarar-se, de forma a mostrar, logo que entra em palco, que vai agir como sem nexo, irreal na sua actuação, e assim ser valorizado em conformidade com o que contratou junto do empresário.

É triste deduzir que não chega gozar com o que se faz. É fundamental transmitir ao espectador que está a actuar, que aquela personagem pode não corresponder à sua personalidade. Que é "um boneco". E esta não seria a visão que teria caso "brincasse" naquele espaço.

(*) A chamada deve-se ao impulso para relatar uma vivência real. Lá vai:
Ainda deve estar vivo e de saúde um indivíduo que, pelo menos uns quase 60 anos atrás, foi ouvido por quem ele não desejava quando, sigilosamente, se dirigiu ao farmacêutico pedindo "uns comprimidinhos para um assunto particular entre eu e a minha namorada" Dado que o boticário fingiu não entender, acrescentou: Sabe... um certo atraso...
A partir deste momento o namorado carregou a alcunha de O COMPRIMIDINHOS.





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