MUITOS
PERGUNTAM ACERCA DE TEMAS PESSOAIS
Sou
refractário a abrir questionários, e totalmente avesso a responder,
pela simples razão de que, sem que nada justifique a intromissão na vida pessoal das pessoas, e ainda por cima de uma forma impessoal,
atrevem-se, reiteradamente, a inquirir sobre assuntos que são, sem
dúvida, de índole exclusivamente interna de cada um. Apesar desta
rejeição em algumas ocasiões já abri algum destes questionários para verificar em que grau de coscuvilhice navegam.
O
mais recente caso, que aconteceu-me poucos dias atrás, tecia uma
rede de perguntas que terminavam perguntando se, o inquirido, tinha
sentido vontade de ter relacionamento íntimo, de terceiro grau digo
eu, com a esposa de algum seu familiar ou amigo com quem frequentavam
companhia. Insinuavam que, além de coincidir nos seus respectivos
domicílios, se encontrassem, num lugar isolado, descomprometedor,
com o propósito de practicar adultério.
A
forma como as perguntas estavam redigidas e no progressivo grau de
abertura que lhes estava implícito, dava a entender que era mais do
que normal o procurar chegar a tais intimidades. Que não se previam
respostas negativas. Até pode ser que esta generalização de
comportamento excessivamente desrespeitoso seja apanágio da
sociedade actual. Alguma realidade tem que existir para que se
apresente a situação como sendo banal.
Pessoalmente
e sem tentar negar que os corpos e comportamentos de algumas damas
-para as qualificar respeitosamente- tenham incitado o meu libido,
isso não impediu que entre os pensamentos atrevidos e a sua
sedimentação mental não tenha havido qualquer sequência, seguindo
as regras sociais com que cresci. No fundo a que não se questionem os
limites a respeitar. Evitar pisar o risco. Assim como entendo que
colocar certas questões de uma forma que sugere serem de uma
banalidade sem importância, não é instrutiva, positiva.
Aliás,
mesmo que se evitem os inquéritos electrónicos, sinto que os temas
sexuais e de sexologia mais reservada, estão tornando-se cada vez
mais abertos. Não admira ver notícias de estrupos, violações e de
todos os abusos sexuais que possam existir no inventário, tratados
com suma complacência, abertura e até incitação indirecta.
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