domingo, 15 de novembro de 2020

MEDITAÇÕES - Uma análise atrevida

 

O espectro partidário em Portugal ampliou-se ?


Nos últimos meses surgiram corpúsculos “reformistas”, situados principalmente do lado esquerdo do sistema, mas também no ultra-conservador. Uma situação anormal que recorda os primeiros tempos da reinstauração da democracia em 1975.

Creio que, além do enfraquecimento progressivo do CDS e de quase desaparecido Partido Monárquico -do qual morreu, recentemente, uma das suas figuras mais destacadas, embora últimamente retirado do activismo em comícios- o chamado sector direitista está bastante alquebrado devido à deriva, indesejada, do seu mentor principal, herdeiro natural do conservadorismo do Esatado Novo. É uma versão actual do “cristão novo”, ou até de “renegado”. E como tal, não muito digno de crédito.

Ao o actual Presidente da República, com o argumento, pouco sólido, de pretender manter uma “estabilidade” no governo da nação optou por estar morganaticamente “casado” com o Partido Socialista e com os seus aderentes que formam a inusitada “troika”, actualmente instável, levou a uma desorientação de centristas e direitistas.

Mais cedo ou mais demoradamente esta falsa estabilidade terá que se clarificar.

Pensando nisso e por estar dedicando algumas das minhas horas mortas na releitura de textos já históricos, nomeadamente do Séc XVIII, recordei que, nos países maioritáriamente católicos -não por convicção profunda e consciênte dos seus habitantes mas por efeitos de uma intensa e prolongada pressão dos profissionais da religião romana, e pelo apoio dos governos, monárquicos, sempre avalados pelo Vaticano- não existia uma liberdade factual para criar agrupações de índole política. A tentativa social, mas muito restrita, embora importante, foi o da introdução, vinda de França e da sua revolução, da masonaria, base dos republicanos de então.

Mas no campo da política existiam outras capas, tão ocultistas e mais poderosas do que a dos “pedreiros livres”. Refiro-me às ordens religiosas. Algumas com ambições de poder civil, mesmo que por trás do pano. Estas mantinham guerras surdas entre elas para conseguir o apoio do monarca em activo. A lista das mais importantes incluía Benedictinos, Cistercienses, Franciscanos, Dominicanos, Carmelitas e Jesuítas. Muitos deles com ramas femeninas e com orientações de acção social definidas, ou mesmo equivalentes nalguns casos.

O convívio entre as diferentes congeregações era, em geral, de tentar ser independente e roubar alguma da influência que os outros tivessem sobre a população, especialmente cativando os poderosos. Pois a plebe, como sempre, era “carne de canhão”, miserável e explorada tanto quanto pudessem aguentar sem morrer de inanição. Só as ordens com estatutos caritativos é que diferiam deste cinismo.

Curiosamente na actualidade as duas formações, ou ordens religiosas, que tem mais poder no mundo católico são os jesuítas e o Opus Dei, ambas de geração espanhola, e, por arrastamento atávico, com tendências ocultistas e selectivas. Esta é a razão porque tanto os jesuítas como os seguidores de Escrivá, procurem, com insistência, cativar e moldar as elites. Os jesuítas dedicando-se ao ensino secundário para ali semear e colher novos elementos, e também no universitário. E os do Opus, lançando as redes nos bem instalados socialmente, sejam diplomados ou capitalistas. Os dois grupos lutam, surdamente, nas mesmas searas.

A novidade actual, que não sabemos se criará raízes profundas, dado que internamente -no seio da Curia vaticana e não só- a decisão do actual Papa, sendo ele de origem jesuíta, dedidiu tomar o nome “de guerra” de Francisco, para indicar que seria asceta e contemporizador tal como Francisco de Assis estabeleceu nas normas da sua congregação. Com esta atitude, inevitávelmente, criou anticorpos de peso não só entre os seus “colegas de curso” como entre os membros do Opus Dei, expertos em sapa. Por isso insistem, tanto quanto lhes é possível, em se manter ocultos, tanto ou mais do que os membros das lojas maçónicas.

NOTA - Tanto este escrito como s anteriores podem ser re-enviados, sem objecções do autor.

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