É difícl manter uma tal postura
Há pessoas que, desde a puberdade, ou mesmo já antes disso, estão consciêntes de que não é aconselhável deixar que os outros entrem na forma de ser que cada um adquiriu. Que é perigoso e pode dar lugar, pelo menos, a que nos julguem com um excesso de zelo, pois que se as palavras ditas ou escritas nem sempre correspondem ao que de mais íntimo nos rege, ainda é mais arriscada a tentativa de julgar o que outra pessoa vai entender e valorizar quilo que se disse, ou sentia, ao se manifestar e, mais difícil aínda, valorizar a situação do momento em que se transmitiu o parecer. Podem ter existido forças contrárias que condicionem, acentuando ou esbatendo, a opinião que nos podem ou que, de moutu próprio, caímos na tentação de dar.
Uma opinião correcta sobre outra pessoa implica um tempo de espera e interpretação, não só de um facto isolado mas, da ponderação de um conhecimento que desça mais ao profundo da personalidade visada.
Tudo o que deixei escrito nesta página corresponde ao que se denimina como Verdade de La Palisse, ou seja que sendo óbvio é fácil de esquecer ou deixar para trás.
A sociedade portuguesa, na qual há anos que decidí me integrar - sem ter a garantia de sucesso- tem de herança do extremo nordeste peninsular não só uma língua, que sendo de origem comúm depois evoluiu ou abastardou, consoante o parecer dos analistas, carrega outras características de índole social e comunicativa.
Os galegos, nossos ancestros, carregan a imagem de que nunca se sabe por que lado pendem. Eles mesmo dizem que se encontrarem um galego no meio de uma escadaria nunca saberão se estava a descer ou a subir. Obviamente é uma metáfora, com a qual se pretende destacar que são sumamente cautelosos antes de se manifestarem.
Abaixo do Minho esta característica persiste. Felizmente. Mas que gera o desconcerto a quem lida com os nacionais pela primeira vez. Concretamente a prudência que se deve ter adqiuirido logo no seio da família quando ensinam a falar e contestar a uma pergunta directa, e muito mais caso se peça uma opinião, evitar, tanto quanto possível, mas de preferêncoa em absoluto, dar uma resposta concreta.
Nunca jamais, quem foi educado segundo as normas sociais, mesmo entre as classes mais populares, deve transmitir aos outros aquilo que de facto pensa. Deve disfarçar, ser ambíguo e deixar duas portas meio abertas. Uma para agradar a quem espera uma opinião que coincida com a dele proprio, e outra que, subtilmente contrarie a primeira.
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