domingo, 9 de agosto de 2020

MEDITAÇÕES – A visão interior

 



As crianças não estão induzidas à leitura


É raro encontrar uma criança lendo, com interesse, um livro que, ao critério dos adultos que o apoiam, seja aconselhável para a sua formação social e intelectual.


Mas não é só o adquirir um melhor domínio da linguagem e da construcção de frases que é fundamental. A leitura induz a mente do ledor a imaginar o comportamento das personagens, a acção que ocorre, as paisagens e tudo o mais que o escritor decide ser importante para transmitir a leitores, quase sempre desconhecidos, do que considera fundamental para poder interpretar, imaginar, o ambiente em que decorre o relato.


No intuito de captar o interesse dos leitores já na Idade Média os copistas incluiam gravuras com imagens chamativas junto aos textos áridos. Quando chregou a imprenta esta táctica de cativar e amenizar a leitura foi incrementada. Nem sempre de modo positivo.


Antes da influência de afastamento de leitores em papel, que os sistemas de comunicação electrónica incrementaram, já o cinema e a banda desenhada se facilitaram o “ver”, nem que fosse alterando o que pretendia contar o autor. Recordo a propósito o que uma senhora, já bem entradota, me disse quando numa viagem de grupo se estava organizando a visita ao Colisseum de Roma: Muito convencida, afirmou que não participaria, porque sabia tudo acerca deste monumento. Pois que já tinha visto o filme do Ben Hur e que lá se mostrava perfeitamente, e em bom estado!


Não podemos deixar de louvar os esforços efectuados por parte dos encenadores do cinema para colocar perante os nossos olhos o aspecto físico das personagens, dos locais e até do movimento. Mas sendo eu, desde muito novo, um leitor quase que obsessivo, admito que um bom escritor cumpre, folgadamente, a tarefa de nos “fazer ver”, com a mente, tudo aquilo que ele considera importante para o entendimento da sua obra.


Até este momento posso ter deixado a impressão de que só me preocupou a ficção Não é assim! Quero dar fé de que todos os assuntos e temas que, em conjunto, nos possibiliotam ter uma cultura com a amplitude que desejamos, aproveitam, sem dúvida, a potencialidade de visão mental que a leitura na infância nos abriu.


Todas as ramas do saber, desde as do sector das humanidades até o nível da ciência avançada, passando pela filosofia, medicina, geografoa, climatologia, arte e qualquer outro ramo concreto, terão a sua compreensão facilitada quanto mais ampla for a base inicial de interpretação da leitura das pessoas.


Se os que expõem temas mais profissionais, restringissem a sua tendência em usar vocabulos muito específicos, desconhecidos pela imensa maioria dos leigos, o que conseguem é afastar os leigos, como se dessem a missa em latim e de costas para os crentes.


Nestes casos o leitor fica enfadado por sentir que , propositadamente, o querem apartar daquele saber de que são tão ciosos. Um bom profissional não deve ser exclusivista. Ao se distanciar, recorrendo ao muro de termos seleccionados que sabe não estarem no acervo do leitor menos dotado, mostra a soberva e falta de humanismo.

1 comentário:

  1. Gosto desta reflexão é justa, mas lembra-te que quem educou os pais das crianças de hoje também lia pouco ou nada. Os avós destes meninos eram analfabetos que se sacrificaram para que os seus filhos pudessem ter um curso. Tem esperança o caminho vai-se fazendo lentamente

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