sexta-feira, 27 de novembro de 2020

MEDITAÇÕES – Os nomes dos lugares


Moscavide


De onde veio o nome desta zona oriental de Lisboa? Certamente que alguns eruditos devem ter a resposta correcta na ponta dos dedos, ou na ponta da língua. Mas se nos dispusermos a fantasiar podemos chegar a conclusões que se não são certas podem ser merecedoras de crédito, pelo menos, podem ter alguma justificação. Mesmo que falsa.

Sendo assim alvitro que esta zona foi baptizada com este nome devido a se imaginar que, tal como aconteceu com a zona das Amoreiras, onde o Marquês de Pombal mandou instalar a fiação e tecelagem de sedas, na intenção de reduzir a importação deste artigo, que como outros muitos contribuíam ao desequilíbrio orçamental do tesouro real, e neste caso concreto das Amoreiras, foi necessário plantar muitas destas árvores com as quais poder alimentar as lagartas que, na altura devida, geravam a sede com que construiam o casulo, que sabemos servir de abrigo para a transformação da lagarta numa crisálida e depois desta surgia a nova borboleta, que completava o circuito evolutivo.

Pois, todos sabemos que o referido Marquês, que chegou a qualificar muitas ordens monásticas como inimigos da Coroa, por não cumprirem as ordens emanadas desde a chancelaria do Reino, em especial os jesuítas, tomou como sua tarefa principal a modernização do economia nacional, concretamente o de incitar a produção de bens que dessem mais possibilidades de comerciar do que a imoles agricultura.

Tudo isto é conhecido. Desde a contratação de Stephens para montar a fabricação de vidro comum aproveitando o combustível e as areias que existiam junto ao Pinhal do Rei, também conhecido como Pinhal de Leiria, outras indústrias surgiram. Umas de maior importância do que outras, mas sempre com o propósito de reduzir as importações, sempre pagas com ouro e pedras preciosas do Brasil.

Entre o muito que faltava nas casas contavam-se os cabides, onde poder pendurar as roupas que se despiam ao chegar da rua. Nem todos tinham cabides com ornamentas de veados. Apesar que em muitas casas havia cornos. Tendo estado, Sebastião e Melo, no estrangeiro “de fora”, quis incentivar o fabrico de cabides. E como não era partidário de aguardar que as coisas surgissem sem ser empurradas, pensou que na zona oriental de Lisboa havia terrenos e população habilitada para trabalhar a madeira, sem ser, exclusivamente, o fabrico de naus, barcos de pescar e alguns móveis rústicos.

E assim, antes de que ali se instalasse o Abel pereira da Fonseca com os seus armazéns onde fabricava muitos almudes de vinho, alguns deles martelado, já a produção de cabides se tornou notória. Isso a a proliferação de moscas que ali existia, dado que havia muitos vazadouros de lixo e imundície. A conjugação dos dois factores deram azo ao nome daquele espaço: mosca+cabide, ou Moscavide,

Sem comentários:

Enviar um comentário