Na
semana que terminou assistimos, sem o interesse que merecia, a mais
um ataque do presidente Trunfas, agindo sob a batuta dos seus
financiadores ultra-conservadores americanos, onde dando mais
importância aos seus interesses na indústria do armamento, deixaram
na gaveta do esquecimento o respeito que deviam aos seus ascendentes
europeus, e para mais de cor branca, como eles dizem estimar sobre
todo o resto da população mundial.
Só
para agradar aos pujantes países da Ásia decidiram incrementar uma
política de confronto com os seus antigos aliados. Aparentemente
neste seu desplante deixaram de fora o Reino Unido, quiçá
baseando-se no afastamento que o governo actual de Sua Majestade
mantêm no propósito de incrementar o afastamento das regras da
União Europeia. Por isto se explica a demorada visita de namoro que
o presidente dos USA está fazendo ao U.K., hoje já a título
privado na Escócia. São salamaleques de namoro.
Paralelamente
o oxigenado Trunfa proclama, diz e desdiz, sobre o seu propósito e
deixar de ser o braço armado da NATO na defesa da Europa Ocidental,
que considera decrépita e ultrapassada. Concretiza as suas queixas
pelos montantes que os membros da UE dedicam ao armamento
“defensivo”, enquanto que os USA gastam neste capítulo montantes
muito mais elevados. Não pode tolerar esta disparidade!
Tentemos
olhar desde as bancadas e tentar entender o que de facto sucede. Por
um lado já se verificou que os USA não desejam que os conflitos
armados aconteçam dentro do seu território. Preferem mandar seus
soldados (a ser possível
pretos, amarelos e ameríndios de fala castelhana, que se inscrevem
como voluntários na fé de que, após uns anos de serviço, de
preferência expondo o corpo aos ataques dos seus “inimigos” lhes
concedam a opção de se tornar cidadãos de pleno direito)
Os governos dos EUA tudo fizeram e farão para que não se repita o
ataque a N.Y. Que derrubou as famosas torres gémeas e matou,
directamente, centenas de pessoas. Mais os que posteriormente
faleceram por causas anexas. Esforçam-se por esquecer a
possibilidade de um ataque inesperado. Chegam ao ponto de lançar
teorias de conspiração interna nas que se sugere, entrelinhas, que
as suas agências de investigação, espionagem e contraespionagem,
além de sabedores do plano de ataque, colaboraram no intuito de
conseguir um clima de acentuado bloqueio ao exterior, do que eles
entendem ser o seu patriotismo de fachada, muito mais promovido com
convicção por uma boa parte dos seus habitantes.
Pensam
que os possíveis perigos virão do seu ocidente, da Ásia, enquanto
que a Europa dos seus pais, avós e bisavós, pode definhar sem que
isso os preocupe. Dali é pouco provável que os ataquem, e com a UK
do seu lado as garantias são quase certas. Mesmo assim desejam que o
mercado para as suas fábricas de armamento de todo tipo, desde
pesado até ligeiro, não percam nem um possível cliente. Na UE
existem concorrentes que lhes disputam a clientela. Então uma das
possíveis medidas a tomar neste assunto é a de os ameaçar em que
deixarão, pelo menos como aviso, de ser o seu guarda-chuva. A não
ser que se decidam a investir mais do seu orçamento na compra de
armamento bélico, de preferência produzido no território dos USA.
Ou
seja, como acontece quase sempre, se não mesmo sempre, o que está
por trás de conflitos, sejam verbais, de ameaças ou mesmo de
guerras, é a economia mais vergonhosa. O que se viu nestas últimas
semanas foi mais uma versão da chantagem do poderoso sobre os que
são, comparativamente, mais fracos. E com a pressão de os obrigar a
gastar mais em armamento caçam dois pardais com um só tiro.
Visto
desde outro ponto sabe-se que se um país qualquer desejar ter um
orçamento interno equilibrado, e, por pressões externas, fica
obrigado a retirar verbas de capítulos de cariz social para
satisfazer os desejos de um manifestamente mais poderoso, neste caso
concreto em armamento, que os próprios fabricantes se encarregarão
de o tornar obsoleto, e daí o ter que comprar a nova versão, será
a sua população que ficará desfalcada, sacrificada. Todos os que
trabalham na execução de orçamentos sabem que se estica para um
lado falta noutro. Nas contas nacionais, antes da moeda única,
existia a falsa escapatória de aceitar a inflação, que,
aparentemente, colocaria as contas no se devido lugar. A realidade
viu-se, sempre, que era muito diferente, pois conduziu a uma
acentuada pobreza nas camadas mais desfavorecidas da sociedade, onde
se incorporaram novos cidadãos, anteriormente navegando numa classe
média instável.
É
sabido que dentro da UE há bastantes membros que possuem a sua
indústria de armamento bélico, tanto para defesa como para ataque.
E que o seu mercado interno não é suficiente para lhes garantir a
produção e desenvolvimento. Tem que vender onde houver potencial de
interesse em comprar, nem que para isso tenham que incitar, por vias
não evidentes, os conflitos. Aqui, no mercado internacional, entram
em concorrência com os maiores, entre os quais está em primeiro
lugar, e destacado em certos sectores, os USA.
Disto
tudo, que é mais do que sabido, restam as pressões para enfraquecer
a Europa. Mas fica a certeza de que, caso a situação se tornasse de
conflito aberto, a América voltaria a colocar os seus soldados neste
velho continente e, com mais interesse, o seu material de guerra, com
as facturas correspondentes. Pelo caminho as suas fábricas
marchariam a todo vapor, dando lucros fabulosos aos promotores do
conflito.
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