NÃO HÁ DINHEIRO NOS BOLSOS
Quando
uma pessoa se depara com uma despesa inesperada, a qual não pode
atender de imediato com os seus recursos, nem com ajudas
desinteressadas de familiares directos, o caminho que lhe fica
disponível é o de pedir um empréstimo dando como penhora um bem
móvel ou imóvel de que é proprietário. Ao se embarcar neste
esquema sabe que o empréstimo implica o pagamento de juros, e que a
prudência aconselha a poder abater este empréstimo quanto antes
através de uma entrada de capital que lhe ofereça uma garantia de
ser factível.
Isso
seria o esquema mais aceitável, dentro do problema que ,por
princípio, todos tentamos evitar. Mas o famoso "mercado"
nos incita a gastar mais do que aquilo que normalmente dispomos, e
para possibilitar esta ânsia de consumir, surgiu a táctica,
simpática e facilitadora, de oferecer crédito bancário imediato
através de um contrato que se assina.Nos entregam um cartão que
abre portas no momento de pagar ao fornecedor. Simplesmente, esta
modernice não passa de ser um disfarce, bem montado e apresentado
com requinte, da agiotagem das casas de penhores. É a versão actual
da serpente que ofereceu o fruto da árvore da sabedoria à Eva.
Simplesmente o casal inicial (da mitologia tradicional) não tinha
uma casa para deixar como penhora. Só tinha a sua liberdade para
perder. E perdeu, pois que não só não há almoços gratuitos como
nem sequer a fruta se oferecia sem um castigo oculto.
O
esquema é muito elaborado, pois que na falta de cumprimento no
pagamento da dívida, tão extensiva na sociedade e sob tantos
argumentos de incitação, o moderno agiota -leia-se o banco- toma a
posse do bem deixado como garantia e procede a uma tentativa de o
vender no mercado livre. Caso esta anulação de empréstimo não se
consiga pelas vias consideradas como normais, dentro dos estatutos, a
verba em falta passa a figurar num capítulo de incobrável, donde se
irá acumular a outras importâncias, de montastes sempre elevados,
em geral ligadas a empréstimos de negócios já montados com fins
fraudulentos. Esta acumulação colocam este capítulo do balanço
num patamar perigoso. O banco chega a estar numa posição de risco
por incumprimento das normas. Chega então o momento de pedir -digamos
exigir- o apoio dos políticos comprometidos.
O
conluio existente entre o capital e os políticos, estejam no poder ou
estivessem anteriormente e pretendam voltar ao lugar, lhes augura que
devem tratar de colocar estas dívidas gerais, nas que se incluem as
dos cidadãos anónimos, de serem "transferidas, a "bem do
equilíbrio financeiro e para cumprir as regras das entidades
supranacionais" em dívida geral. E, de imediato, subsidiar a
banca pelos seus erros (ou nem tanto) de previsão e gestão.
Esta manobra implica que todos os cidadãos, tivessem ou não
empréstimos não satisfeitos, passaram a ser pagantes da verba
geral. Ou seja, todos os incobráveis são agora carregados sobre a
totalidade da população.
Quem
fica a ganhar e quem a perder? Ganham os bancos, ganham os que não
pagaram e se escaparam com as massas, e perdem os cidadãos anónimos.
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