No
texto anterior procurei mostrar que, se acreditarmos ou brincarmos,
com as mensagens bíblicas, os humanos já apareceram, por obra e
graça dos trabalhos manuais do supremo Fazedor, com muitas
restrições, e outras tantas obrigações, que deram origem à
noção, consagrada neste jardim de que o respeitinho é
muito bonito, e até exigido sob pena de ...
O
extenso catálogo de pressões ao comportamento individual, e mais
até se atingir o nível de social, é muito extenso. Para o citar
completamente, sem esquecer capítulos importantes, teria que colocar
um papel perto de mim e ir tomando nota do que me ocorresse. Mas esta
aconselhável e prudente preparação não é da minha querença.
Gosto de escrever ao correr da caneta, ou melhor dizendo na
actualidade, com a ligeireza dos dedos no teclado. Por isso não se
admirem de que, ao lerem (os quatro ou cinco sacrificados
seguidores) fiquem com vontade de me recriminar, ou ajudar se
movidos de bons sentimentos, apontando o meu inadvertido e
involuntário esquecimento.
A
experiência me avisa de que não terei tal retorno. é pena.
A
mais imediata desculpa que nos surge par justificar um comportamento
que, mais tarde, lamentamos ou mesmo gostaríamos de poder anular, é
que muitas vezes é o destino que nos empurra para o
caminho indesejado. Os romancistas do século XIX gostavam muito de
referir a tal força do destino, Que não devemos
confundir com a força do intestino, que, de facto,
há ocasiões que manda mais do que o poder de comandar o corpo pelo
raciocínio. Seja como for é pertinente reconhecer que existem
pressões que nos são aplicadas quase que sem se manifestarem.
Correspondem a capítulos que já encontramos estruturados, à nossa
espera, mal nascemos.
Muitos
cidadãos, a maioria, não nasceu em berço de oiro, e para conseguir
escalar socialmente podem ter tido a ajuda, extremosa e sacrificada,
dos seus pais. E quando chegou a ocasião de colocar o seu esforço
na grelha, ele mesmo teve que lutar com todas as suas forças. Mas...
como em muitas causas próprias ou alheias, o sucesso desejado nem
sempre se consegue só com o esforço, dedicação e teimosia do
próprio. Ele vai encontrar forças vectoriais positivas e outras
mais, muitas mais, negativas, o que implica não só o que depende
dele mas, também, o tentar de anular o que de negativo possa surgir,
vindo por vezes de donde menos esperaria.
Não
podemos descurar o facto de que a sociedade em geral sempre está em
mudança, em geral lenta, como um caracol, mas actualmente com uma
rapidez incomum, só comparável a que se verificou na França quando
da revolução que alterou todo o ocidente. Muitos dos analistas
científicos da actualidade estão tomados de uma dose de prudência
e cepticismo quanto ao caminho que a evolução, acelerada, mesmo
vertiginosa, ameaça que nos leva, e como vai afectar, profundamente,
a convivência das pessoas que se encontrem em patamares muito
distantes entre si.
É
curioso, mesmo sintomático, que a partir do já citado Séc XIX, o
papel dos adivinhos "encartados" foi ocupado pelos
visionários encabeçados por Júlio Verne. A partir dele e com a
participação do cinema, o imaginário futurista ficou a posse da
banda desenhada e dos romances de baixo preço que faziam a descrição
do futuro. É sintomático que, com as modulações que a tecnologia,
sempre em evolução, as viagens extraterrestres, submarinas,
voadoras na nossa atmosfera e fora dela, foram descritas com
intensidade e pormenores que depois foram tornados realidade, por
cientistas que, na sua juventude, devoraram com ânsia esta
documentação fantasiosa. Somos levados a considerar que a fantasia
pressiona, sem nos darmos conta, para que se torne realidade.
Temos
alguma dúvida de que os projectistas e fazedores dos submarinos
atómicos, capazes de navegarem submersos durante longos meses, ou
mais de um ano, não se inspiraram no Nautilus do Capitão Nemo?
A
colonização e exploração de matérias primas noutros planetas e
satélites. é descrita, sem receio de ser um engano, com o recurso
ou a "colaboração, forçada ", de escravos. A
futurologia ameaça com a repetição do que já aconteceu, e
acontece ainda hoje, neste "velho planeta".
As
armas laser actuais correspondem a fases evolutivas que pretendem
conseguir as armas de raios que povoavam os cadernos de Flash Gordon
e outras personagens imitadoras.
Ou
seja, os analistas-pensadores, a ser possível independentes, quando
vislumbram o lado negro do futuro, inclusive o domínio da humanidade
pelos seres artificiais robotizados, que escaparam do domínio dos
seus criadores, merecem ser vistos com atenção. Das fantasias
futuristas não só virão os capítulos benéficos. Os tais
analistas-pensadores não concebem que tudo vá progredir para um
"mar de rosas", mas que aparecerão muitos espinhos.
Conclusão:
a nossa liberdade de acção e pensamento, incluída a comunicação,
cada vez será mais condicionada e restrita, mesmo que aparentemente
nuca a humanidade teve tantas possibilidades de escolha. Serão mesmo
tantas ou é só a aparência
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