quarta-feira, 14 de novembro de 2018

MEDITAÇÕES - 39 Quase certezas

No texto anterior procurei mostrar que, se acreditarmos ou brincarmos, com as mensagens bíblicas, os humanos já apareceram, por obra e graça dos trabalhos manuais do supremo Fazedor, com muitas restrições, e outras tantas obrigações, que deram origem à noção, consagrada neste jardim de que o respeitinho é muito bonito, e até exigido sob pena de ...

O extenso catálogo de pressões ao comportamento individual, e mais até se atingir o nível de social, é muito extenso. Para o citar completamente, sem esquecer capítulos importantes, teria que colocar um papel perto de mim e ir tomando nota do que me ocorresse. Mas esta aconselhável e prudente preparação não é da minha querença. Gosto de escrever ao correr da caneta, ou melhor dizendo na actualidade, com a ligeireza dos dedos no teclado. Por isso não se admirem de que, ao lerem (os quatro ou cinco sacrificados seguidores) fiquem com vontade de me recriminar, ou ajudar se movidos de bons sentimentos, apontando o meu inadvertido e involuntário esquecimento.
A experiência me avisa de que não terei tal retorno. é pena.

A mais imediata desculpa que nos surge par justificar um comportamento que, mais tarde, lamentamos ou mesmo gostaríamos de poder anular, é que muitas vezes é o destino que nos empurra para o caminho indesejado. Os romancistas do século XIX gostavam muito de referir a tal força do destino, Que não devemos confundir com a força do intestino, que, de facto, há ocasiões que manda mais do que o poder de comandar o corpo pelo raciocínio. Seja como for é pertinente reconhecer que existem pressões que nos são aplicadas quase que sem se manifestarem. Correspondem a capítulos que já encontramos estruturados, à nossa espera, mal nascemos. 
Muitos cidadãos, a maioria, não nasceu em berço de oiro, e para conseguir escalar socialmente podem ter tido a ajuda, extremosa e sacrificada, dos seus pais. E quando chegou a ocasião de colocar o seu esforço na grelha, ele mesmo teve que lutar com todas as suas forças. Mas... como em muitas causas próprias ou alheias, o sucesso desejado nem sempre se consegue só com o esforço, dedicação e teimosia do próprio. Ele vai encontrar forças vectoriais positivas e outras mais, muitas mais, negativas, o que implica não só o que depende dele mas, também, o tentar de anular o que de negativo possa surgir, vindo por vezes de donde menos esperaria.

Não podemos descurar o facto de que a sociedade em geral sempre está em mudança, em geral lenta, como um caracol, mas actualmente com uma rapidez incomum, só comparável a que se verificou na França quando da revolução que alterou todo o ocidente. Muitos dos analistas científicos da actualidade estão tomados de uma dose de prudência e cepticismo quanto ao caminho que a evolução, acelerada, mesmo vertiginosa, ameaça que nos leva, e como vai afectar, profundamente, a convivência das pessoas que se encontrem em patamares muito distantes entre si.

É curioso, mesmo sintomático, que a partir do já citado Séc XIX, o papel dos adivinhos "encartados" foi ocupado pelos visionários encabeçados por Júlio Verne. A partir dele e com a participação do cinema, o imaginário futurista ficou a posse da banda desenhada e dos romances de baixo preço que faziam a descrição do futuro. É sintomático que, com as modulações que a tecnologia, sempre em evolução, as viagens extraterrestres, submarinas, voadoras na nossa atmosfera e fora dela, foram descritas com intensidade e pormenores que depois foram tornados realidade, por cientistas que, na sua juventude, devoraram com ânsia esta documentação fantasiosa. Somos levados a considerar que a fantasia pressiona, sem nos darmos conta, para que se torne realidade.

Temos alguma dúvida de que os projectistas e fazedores dos submarinos atómicos, capazes de navegarem submersos durante longos meses, ou mais de um ano, não se inspiraram no Nautilus do Capitão Nemo?

A colonização e exploração de matérias primas noutros planetas e satélites. é descrita, sem receio de ser um engano, com o recurso ou a  "colaboração, forçada ", de escravos. A futurologia ameaça com a repetição do que já aconteceu, e acontece ainda hoje, neste "velho planeta". 
As armas laser actuais correspondem a fases evolutivas que pretendem conseguir as armas de raios que povoavam os cadernos de Flash Gordon e outras personagens imitadoras.

Ou seja, os analistas-pensadores, a ser possível independentes, quando vislumbram o lado negro do futuro, inclusive o domínio da humanidade pelos seres artificiais robotizados, que escaparam do domínio dos seus criadores, merecem ser vistos com atenção. Das fantasias futuristas não só virão os capítulos benéficos. Os tais analistas-pensadores não concebem que tudo vá progredir para um "mar de rosas", mas que aparecerão muitos espinhos.

Conclusão: a nossa liberdade de acção e pensamento, incluída a comunicação, cada vez será mais condicionada e restrita, mesmo que aparentemente nuca a humanidade teve tantas possibilidades de escolha. Serão mesmo tantas ou é só a aparência


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