HETERÓNIMOS OU SIMPLES PLÁGIO
Insisto
em só folhear, ou mais concretamente comprar um periódico, que não
é jornal mas um semanário. Que raramente consigo digerir todo.
Sobram-me muitas páginas, mas algumas não as posso perder,
nomeadamente das que foram seleccionadas para estarem na revista E.
Uma
das favoritas, que ocupa o primeiro lugar no pódio, conjuntamente
com mais alguma que não cito agora, é uma página referenciada como
sendo uma carta aberta, cuja autoria é
atribuída a um COMENDADOR MARQUES DE
CORREIA, nitidamente uma variante humorística
de marco do correio. Quem escreve esta página,
além de possuir uma bagagem notável, tem um humor fino e agudo. A
não perder!
Acontece
que nas últimas 8 semanas este semanário nos ofereceu, em livrinhos
coleccionáveis, uns resumos da história de Portugal. Um resumo
preparado por AFONSO ZÚQUETE..E, no fim de cada opúsculo incluiu um
POSFÁCIO também atribuído ao tal Marques de Correia. São trechos
curtos, mas muito saborosos e desempoeirados, o que não é habitual
entre os nossos escribas. Confesso que na parte dos opúsculos
só li, atentamente, estes posfácios, mas já repensei que vou dar o
benefício da dúvida ao restante conteúdo, com a esperança de que
não se mantivessem na habitual linha patrioteira e falsa da maioria
dos historiadores, mais preocupados em "ficar bem na fotografia"
do que em elucidar a cidadania sobre o que de facto sucedeu, e as
consequências posteriores aos acontecimentos relatados -em geral
mal-. Claro que existem Historiadores, com letra grande, correctos e
trabalhadores, como Henrique Matoso entre alguns outros merecedores
de ser lidos. Mas demasiados há que insistem em dar como verídicas
muitas falsidades, inventadas com propósitos vergonhosos, além de
esconderem muitas verdades desagradáveis
Terminada
a distribuição de opúsculos, e meditando neste intelectual
desempoeirado que os assina, fui procurar na estante um livro,
editado em 2014, com o título RICA VIDA, de
LUCIANO AMARAL. Dado que o lera ainda há pouco tempo intuí que
me tinha deixado na memória estava em sintonia com os referidos
posfácios. Tive que o voltar a ler de uma ponta a outra. -na minha
opinião não se pode perder este trabalho-. E Ah! Surpresa! Lá
encontrei parágrafos inteiros transcritos literalmente do livro para
os posfácios. E conclusão imediata é que ali temos a mesma mão, a
mesma cabeça, o mesmo atrevimento. Ou então, que algum descontraído
tinha plagiado o trabalho de Luciano Amaral.
E
agora resta a dúvida mais forte. Será que tampouco é o
nome oficial deste autor? São dois de uma possível longa lista de
heterónimos? Para minha paz de espírito prefiro apostar em que o
Comendador Marquês de Correia e Luciano Amaral são a mesma pessoa,
com dois fatos diferentes, mas muito parecidos.
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