domingo, 25 de novembro de 2018

MEDITAÇÕES 45 - Procuram-se responsáveis



BORBA E O PRIMEIRO MINISTRO

Se existe uma situação comum a muitos sucessos mediáticos que,infelizmente,comportam a perda de vidas humanas, concretamente de cidadãos que nada fizeram que justificasse o seu desfecho,é que a maior parte dos cidadãos que recebem a notícia, começando pelos comentadores,só fixam aquela situação concreta, e em consequência rapidamente apontam a um responsável, seja ele directo ou no topo da escala de responsabilidades.
No caso de Borba,conhecendo só aquilo que nos é apresentado nos noticiários, poderíamos atribuir responsabilidades desde o dono da pedreira, ou seu arrendatário e explorador, que podem ser uma só pessoa, a seguir o técnico diplomado que assinava o termo de responsabilidade, mais os inspectores que depois de emitirem o seu parecer e o dirigiram para os serviços competentes,lavaram daí as suas mãos. A cadeia de não intervenientes que, pela sua convivência tácita deveriam ser acusados e julgados,deveria ser bastante longa.
Mas como este, e outros temas parecidos, entra no campo da política, o que causa um maior impacto mediático é atirar a responsabilidade à máxima autoridade governamental do momento. E, como sempre, obviamente ao Primeiro Ministro, que tal como o capitão de uma nave,é o responsável supremo, mesmo que o assunto jamais lhe tenha sido referido nem tivesse tido alguma acção directa.Em casos de importância social e humana quase equivalentes ao que aconteceu em Borba, é usual tentar serenar as águas com a demissão do ministro que estivesse, estatutariamente, mais directamente ligado ao sucesso.
Borba foi utilizado de imediato,pelos partidos actualmente na oposição, como uma bomba de grande potência, baseando-se não só pela conhecida, e repetida, táctica do actual primeiro ministro em sacudir a água do seu capote, como por se desviar, fisicamente e politicamente, da primeira linha nas situações embaraçosas. Podemos dizer que, de facto, tem mostrado uma fixação notável para conseguir e manter o  seu lugar.poder. Todo o seu consulado tem sido um espectáculo de malabarismo digno de uma afamada companhia circense. Não se lhe pode negar a capacidade de manobra. Pelo menos até o dia em que os objectos com que manobra caiam ao chão.
Não desculpo a responsabilidade do P.M., nem tampouco de todos aqueles que,por incúria ou outro género de razões, consentiram naquela exploração perigosa. O que não obsta a que, a meu entender, devemos recordar outros acontecimentos tristes, alguns com perdas de vidas, que aconteceram estando outras personalidades no governo e que, com mais ou menos fintas e habilidades terminaram engolidas pelo tempo, após anos de inquéritos e até de processos em tribunal, sem que jamais alguém, concreto, tivesse sido "levado ao cadafalso".
Se António Costa já deveria ter saído, pelo seu próprio pé, quando o escândalo dos incêndios e incendiários, desde o Pinhal de Leiria até as serras de Pedrogão e meses depois na Serra do Caldeirão, foi por se aproveitar da romaria de beijos e de abraços do presidente da República, que junto com promessas difíceis de satisfazer, lhe permitiram distanciar-se assobiando como alguém que nada tinha que ver com o tema. Para sua defesa existem precedentes de calibre semelhante acontecidos sendo outros os cabeças de cartaz. 
Com pormenores diferentes, os governantes que tem ocupado o trono, simbólico mas efectivo, mais os seus sequazes, tem dado mostras de nada se importarem com o julgamento mental da população. Para eles vale, como um escrito lapidar, o conceito de que o povo é sereno. Que traduzido em linguagem vulgar, a população engole tudo a troco de quase nada.


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