sexta-feira, 27 de setembro de 2019

MEDITAÇÕES - Havia razões para tal



Porque Judeus e Cristãos não se entendem

Ao reler o que editei ontem surgiu-me uma dedução que considero ser importante e que explica um certo número de atitudes entre dois dos ramos das três RELIGIÕES DO LIVRO, que recordamos se trata do Antigo Testamento, o Livro por antonomâsia.

Adiantando a conclusão pessoal a que cheguei, é coisa simples e que foi entendida já séculos atrás quando num sínodo ou concílio de que não tenho referência. Ali foi decidido, entre as autoridades máximas da Igreja Católica, que o leitura do Antigo Testamento, na sua totalidade de textos, não era aconselhável para a maioria da população, pois que, como se torna evidente de imediato, o carácter que nos é dado do Deus revelado é a antítese do que Jesus dizia.

Na minha experiência vivida recordo como, desde o tempo da primária, nos eram contadas, mas devidamente seleccionadas, alguma passagens do Antigo Testamento, como exemplo de bondade o fim da pena de morte para o filho de Isaac. Uma verdadeira bondade de Jeová, após ter massacrado, sadicamente, a mente de um pai excessivamente obediente da autoridade máxima. De qualquer forma nos estavam vedados os textos originais e completos do A.T, estes livros estavam reservados. Não se podiam consultar.

Precisamente esta interdição dos textos “completos” do Antigo Testamento foi uma das decisões contrárias que tomou Lutero, e seus seguidores, quando se separou como Igreja Protestante. Aqueles que não ingressamos nalguma das muitas ramas de Protestantes que existem actualmente, temos referências, indirectas, de que as cerimónias litúrgicas nestes credos iniciam-se, quase sempre, pela leitura e posterior comentário de algumas passagens do Antigo Testamento. Podemos deduzir que as sementes para agir com crueldade estão lançadas. Só falta aplicar as receitas quando entenderem ser oportuno.

Igualmente, os judeus, e em especial os mais ortodoxos, conservadores, só aceitam, como livros sagrados, a seguir e obedecer, precisamente o que antecedeu à passagem de Jesus como enviado por Deus Pai como sendo seu filho, dado que, ainda hoje, estão aguardando a chegada do Novo Messias, uma vez que não aceitam ter sido Jesus da Nazaré. Há sentenças para todos os gostos.

Será esta negação do Novo Testamento, em oposição ao que se descreve no Antigo Testamento assim tão importante? É evidente que sim. No texto anterior já deixei explícito que o Deus da Bíblia, no A.T. é um ente extremamente rigoroso, pouco adicto a exercer perdão e, pelo contrário, preferir as soluções mais drásticas, doam a quem doerem. Aqui está a máxima disparidade entre o A.T. e a doutrina de Jesus.

O modo de encarar esta diferença, sem contudo a mostrar abertamente, é diferente entre católicos e protestantes, embora temos que reconhecer que dentro da bondade circunspecta do catolicismo, a cúria utilizou as torturas e castigos extremos quando entendeu, sem que isso os desviasse da imagem amável que se desejava manter. Os mais ortodoxos, sejam eles judeus ou cristãos, fazem as suas interpretações na forma que lhes convêm em cada momento. Por isso não nos deve admirar saber que muitos “cristãos” colaboraram convictamente com os nazis ao longo do holocausto.

Semelhantes devem ser as interpretações dos muçulmanos, que, em princípio, constituem a terceira rama dos denominados povos do livro. Nestas coisas encontram-se sempre justificações para os maiores atropelos e atrocidades, e sempre baseados em argumentos de fé e salvação das almas. Das suas evidentemente.

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