Porque
o PS quer afastar o BE e até prefere o PCP?
Não
é uma pergunta difícil de responder. O actual líder do PS é
astuto e manhoso. Soube preparar os partidos mais virados para a sua
posição teórica (a
esquerda para o PS actual é mais pragmática com a realidade e daí
menos exigente na aplicação de um programa antigo)
Mas, obviamente, não o pode manifestar claramente à cidadania que,
tradicionalmente, ainda se mantêm fiel ao que as siglas históricas
lhe dizem.
Costa
mostrou ser ambicioso e não se deixar travar por amizades anteriores
nem por sentimentalismos. Foi ministro com Sócrates mas quando este
seu camarada, e chefe, caiu num processo por avidez e auto-confiança
excessiva (a auto-confiança
tem sempre um risco elevado), independentemente
de ser culpado ou semi-inocente, ele, o seu ex-ministro entendeu que
lhe era favorável ficar o mais afastado quanto possível deste
processo. É possível que, como pertencentes à classe dos políticos, admitisse fazer algumas manobras de bastidores; mas e
conseguindo ficar exposto.
A
montagem de apoios que imaginou, sempre na mira de ele conseguir ser
Chefe do Governo, como conseguiu dado que os parceiros se sujeitarem
a ter voz no parlamento, e nas ruas, mas não terem poder efectivo em
nenhum ministério, funcionou com bastante sucesso para o compositor.
Todos
vimos (os que
se dedicaram a pensar uns minutos)
que o excelentes(?) resultados económicos sempre estavam apoiados
em barro mole. Mas a habilidade em manobrar os noticiários, tanto na
imprensa em papel como nas televisões, manteve o cenário dentro das
linhas de contenção. Os números que se tornaram públicos, que
nunca chegaram a ter uma contestação pública importante, lhe deram
a noção, possivelmente errada, de que já merecia o apoio geral da
cidadania e que, tinha chegado o momento de se ver livre das cangas
que lhe carregavam os seus parceiros na tal geringonça. E daí que,
no próximo futuro, já devia voar por conta própria.
E
aqui encontramos o seu ponto fraco mais evidente. Costa desprezou a
força do PCP, verdes e mais algum corpúsculo social sem grande peso,
e centrou o BE como alvo a abater.
Não
vou terçar armas a favor do BE, mas reconheço que é como um enxame
de mosquitos, incómodo e insistente. Se os seus argumentos e
pressões são pertinentes, nesta situação de debilidade económica
(quase que
histórica e permanente)
de Portugal, é factual que as concessões que conseguiram os grupos
comandados pelo BE conduziam a uma discriminação perante outros
igualmente merecedores de compensação. Umas cedências que em
pouco, ou nada, ajudam para melhorar a situação geral da economia
nacional, é algo não só de nível discutível mas
evidente.Continua a não ser por este caminho que Portugal avança.
O
PS actual, que insisto em admitir estar numa linha de pragmatismo,
sempre supeditada a ter que beneficiar os seus apoiantes directos
quando tem o poder em exclusividade. Sabem que a sociedade civil
portuguesa, apesar das diferenças que continuam a ser patentes com
os restantes países nossos parceiros, foi mudando. Muitas pessoas
deixaram de se sentir na extrema esquerda. Tornaram-se pequenos
burgueses, mesmo muito mais pequenos do que eles sonham ser, e aquela
anedota de “nas minhas galinhas ninguém toca!”
tornou-se extensiva à compra (hipotecada) da residência, de uma
viatura e de consumir em excesso, sem capacidade final de amealhar,
para poder atender a imprevistos, coisa que era o habitual entre as
classes mais desfavorecidas nas gerações anteriores.
Daí
que o PCP não é considerado perigoso. Está velho e quase a estado caquéctico. O BE, pelo contrário, tem à frente gente jovem, com
melhor formação intelectual; mais ambiciosos e conhecedores dos
pontos débeis da governação. Digamos que fingem não saber das
repercussões que os seus logros sempre causam no equilíbrio
económico do País. Antes são seguidores da receita: Os fins é
que justificam os meios.
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