terça-feira, 17 de setembro de 2019

MEDITAÇÕES - Dicotomia geográfica




O PSD ESTÁ DOENTE

Antes de me meter em seara alheia quero deixar, mais uma vez, bem claro que não sou adepto de nenhum partido político, o que não me impede de ter uma opinião pessoal -e intransmissível- acerca de alguns deles. Outros há que os deixo andar por aí sem lhes ligar nenhuma, por inofensivos pelo menos até agora.

Mas retomando o caminho, quase que por iniciar. Recordam, os mais adultos que o PSD, com duas siglas em que se propunha vir a ser do espectro da social-democracia, surgiu pouco depois da revolta dos capitães, após se ter travado o iniciado golpe de estrema esquerda, comandado pelo PCP -graças às manobras da CIA com o seu homem de teor mafioso como embaixador dos EUA, e a colaboração “graciosa” do prócer, já falecido e quase deificado, Mário Soares- Entrou-se numa fase efervescente da legalização dos partidos do reviralho e emergência de novas formações. Incluídos os que pretendiam reviver a ditadura, com outros nomes evidentemente.

Foi então que, os menos extremistas, se decidiram a dar entrada aos partidos ao jeito de social-democracia, com a possível orientação e apoio dos deste campo na República Federal Alemã.

E a pessoa que se colocou à cabeça, por mérito próprio e um entorno geográfico favorável, foi Sá Carneiro. Referi, propositadamente, que o falecido, mas na altura bem vivo, Sá Carneiro, era um dos conhecidos como ser um HOMEM DO NORTE.

A dicotomia social existente entre os naturais do norte de Portugal, em contraste com a brecha -no significado de um conglomerado geológico com pedras e minerais muito diversos- social que se formou, desde séculos, na capital. Esta notória diversidade de carácter e convicções destes residentes, além de existir é tacitamente ignorada em prol de uma ilusão de unidade nacional.

Uma falsa conjugação que não se consegue esconder quando de competições desportivas, nomeadamente de futebol. Mas, de facto, todos sabem que o modo de vida, as ambições pessoais e as convicções políticas, das populações à volta de Lisboa diferem bastante, para não dizer muito, das que regem entre os paralelos de Coimbra e o rio Minho, ou se preferirem com a raia com a Galiza.

A guerra, de guerrilhas, entre os PSD's radicados na capital e o PSD de Rui Rio não tem outra razão de ser do que o receio de perder algum poder político dos “centralistas de adopção” perante a clareza de pensamento das gentes do Norte.

Se dermos uma vista de olhos nos canhenhos que relatam a história de Portugal, mesmo que nos limitemos aos menos confiáveis, veremos que os homens de acção, com força de vontade para tentar endireitar o País -mesmo que partissem de premissas erradas- sempre foram, maioritáriamente, gente do Norte.

E não é por acaso que assim aconteceu e continuará a acontecer. Nas capitais, onde se radicou a máquina da governação, proliferaram sempre os escriturários, os mangas-de-alpaca, o terciário, tanto ligado ao comércio como às manobras de tribunal. Pode-se comparar a uma nuvem de moscas, improdutivas, que envolvem todos os sectores do poder. E, claro, todos aqueles que conseguiram singrar na política e mais os que anseiam pela sua oportunidade, não apoiam qualquer iniciativa com origem no norte.

Na zona nortenha, dada a menor presença do máquina governamental, que ali pouco interesse mostra em ajudar, os cidadãos optam por tentar singrar pelo seu esforço e capacidade criativa. Isso os torna mais pragmáticos no quotidiano, sem os tolher de meditar e criticar as opções que lhes são impostas desde a capital.

Resumindo: a oposição que se evidencia perante Rui Rio é, sem dúvida, reflexo da repulsa sentida pela complexa e numerosa tribo dos “lisboetas”, mesmo que originários de outras zonas do território, à ideia de ter à cabeça de um partido “nacional” alguém que teima em estar residente no Porto. Obviamente, estes descontentes, encontrarão dezenas de argumentos para justificar, entre os seus parceiros, que não podem manter um nortenho na cadeira de comandante. O resto são desculpas de mau pagador.


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