O
PSD ESTÁ DOENTE
Antes
de me meter em seara alheia quero deixar, mais uma vez, bem claro que
não sou adepto de nenhum partido político, o que não me impede de
ter uma opinião pessoal -e
intransmissível- acerca de alguns deles. Outros há que
os deixo andar por aí sem lhes ligar nenhuma, por inofensivos pelo
menos até agora.
Mas
retomando o caminho, quase que por iniciar. Recordam, os mais adultos
que o PSD, com duas siglas em que se propunha vir a ser do espectro
da social-democracia, surgiu pouco depois da revolta dos capitães,
após se ter travado o iniciado golpe de estrema esquerda, comandado
pelo PCP -graças às
manobras da CIA com o seu homem de teor mafioso como embaixador dos
EUA, e a colaboração “graciosa” do prócer, já falecido e
quase deificado, Mário Soares- Entrou-se numa fase
efervescente da legalização dos partidos do reviralho e emergência
de novas formações. Incluídos os que pretendiam reviver a
ditadura, com outros nomes evidentemente.
Foi
então que, os menos extremistas, se decidiram a dar entrada aos
partidos ao jeito de social-democracia, com a possível orientação
e apoio dos deste campo na República Federal Alemã.
E
a pessoa que se colocou à cabeça, por mérito próprio e um entorno
geográfico favorável, foi Sá Carneiro. Referi, propositadamente,
que o falecido, mas na altura bem vivo, Sá Carneiro, era um dos
conhecidos como ser um HOMEM DO NORTE.
A
dicotomia social existente entre os naturais do norte de Portugal, em
contraste com a brecha -no
significado de um conglomerado geológico com pedras e minerais muito
diversos- social que se formou, desde séculos, na
capital. Esta notória diversidade de carácter e convicções destes
residentes, além de existir é tacitamente ignorada em prol de uma
ilusão de unidade nacional.
Uma
falsa conjugação que não se consegue esconder quando de
competições desportivas, nomeadamente de futebol. Mas, de facto,
todos sabem que o modo de vida, as ambições pessoais e as
convicções políticas, das populações à volta de Lisboa diferem
bastante, para não dizer muito, das que regem entre os paralelos de
Coimbra e o rio Minho, ou se preferirem com a raia com a Galiza.
A
guerra, de guerrilhas, entre os PSD's radicados na capital e o PSD de
Rui Rio não tem outra razão de ser do que o receio de perder algum
poder político dos “centralistas de adopção” perante a clareza
de pensamento das gentes do Norte.
Se
dermos uma vista de olhos nos canhenhos que relatam a história de
Portugal, mesmo que nos limitemos aos menos confiáveis, veremos que
os homens de acção, com força de vontade para tentar endireitar o
País -mesmo que partissem de
premissas erradas- sempre foram, maioritáriamente, gente
do Norte.
E
não é por acaso que assim aconteceu e continuará a acontecer. Nas
capitais, onde se radicou a máquina da governação, proliferaram
sempre os escriturários, os mangas-de-alpaca, o terciário, tanto ligado
ao comércio como às manobras de tribunal. Pode-se comparar a uma nuvem de moscas, improdutivas, que envolvem todos os sectores do
poder. E, claro, todos aqueles que conseguiram singrar na política e
mais os que anseiam pela sua oportunidade, não apoiam qualquer
iniciativa com origem no norte.
Na
zona nortenha, dada a menor presença do máquina governamental, que
ali pouco interesse mostra em ajudar, os cidadãos optam por tentar
singrar pelo seu esforço e capacidade criativa. Isso os torna mais
pragmáticos no quotidiano, sem os tolher de meditar e criticar as
opções que lhes são impostas desde a capital.
Resumindo:
a oposição que se evidencia perante Rui Rio é, sem dúvida,
reflexo da repulsa sentida pela complexa e numerosa tribo dos
“lisboetas”, mesmo que originários de outras zonas do
território, à ideia de ter à cabeça de um partido “nacional”
alguém que teima em estar residente no Porto. Obviamente, estes
descontentes, encontrarão dezenas de argumentos para justificar,
entre os seus parceiros, que não podem manter um nortenho na cadeira
de comandante. O resto são desculpas de mau pagador.
Sem comentários:
Enviar um comentário