NO QUE ESTÁ BEM NÃO
SE MEXE.
E
a Mãe Natureza nos ofrece muitos exemplos de como deixa de fazer
tentativas quando entende que chegou a uma solução satisfactória.
Coisa que os humanos raramente decidimos. Temos a mania, em
demasiadas ocasiões, de insistir na procura da superação. Com
tanto esmero que esta inquietude conseguiu estragar muitas obras que
se pode dizer tinham atingido o seu zénite.
Um
tema que me atrai a atenção desde muitos anos atrás é o modo como
a evolução das espécies considerou que o mecanismo ósseo e
muscular de muitos seres vivos, em especial dos quadrúpedes, mas não
só, tinha atingido um grau de perfeição que conduziu a o manter
imutável desde milénios, ou mesmo milhões de anos. Se recuarmos
até o momento em que alguns peixes decidiram deixar as águas para
se deslocarem pelo chão firme e respirar directamente do ar e assim
conseguir obter o igénio, indispensável para o seu metabolismo, e
não aquele que, até então, encontravam dissolvido na água.
Estudando
os fósseis que se tem encontrado, nomeadamente aqueles que
correspondiam a seres vivendo nas terras emersas, verificamos ser
constante que já então os membros anteriores funcionavam, no
aspecto mecânico, de modo diferente dos posteriores.
É
fácil de ver, olhando para nós mesmos, que se os braços dobram-se
pelos cotovelos para baixo e atrás, os posteriores, pernas, dobram
em sentido contrário nos joelhos. Estas duas articulações tanto
podem manobrar coordenadamente como com independência, agindo em
tarefas diferentes consoante as ordens que recebem do centro de
comando. Um facto, conhecidomas não valorizado neste aspecto da
coordenação, o temos no andar e mais no correr. A progressão no
caminho é tarefa das pernas, dos membros posteriores, mas
imediatamente, sem depender de uma ordem expressa, os braços
movem-se no mesmo ritmo e compasso.
A
imensa maioria dos seres terrestres quadrúpedes, incluídos os
répteis com pernas, deslocam-se com o mesmo esquema ósseo. O que
não é de admirar dado que é ponto assente, na teoria da evolução,
que os répteis foram muito anteriores aos mamímeros e até das
aves. E aos sáurios prédiluvianos (*) devemos muito do que somos.
Chegados
a este ponto é muito interessante que a evolução dos membros
motores se tenha mantido nos mesmos moldes. Já nos extremos dos
membros existem variantes funcionais notáveis. Mas estas diferenças,
como são cascos, unhas, barbatanas, limitam-se a evoluções
particulares, sem que alterem a mecânica ossea dos membros. Quando
vemos as representações dos mamíferos marinhos, desde os pinípedes
(focas e morsas, além de poutros) e os cetáceos (orcas, baleias,
cachalotes, golfinhos) confirmamos que as aletas peitorais
correspondem, ósseamente, aos braços ou membros anteriores,
enquanto que nas barbatanas posteriores estão escondidas as pernas
dos terrestres.
Retomando
o título: No presente a humanidade deveria agir com muita atenção
a fim de não contrariar os designios da natureza. Nem sequer de o
tentar, pois tal atrevimento pode sair muito caro no futuro, mais
próximo do que imaginamos.
(*)
Embora a questão de ter existido um dilúvio universal esteja
totalmente aceite como uma metáfora local e temporal, continua-se,
por hábito, a nomear desta forma o tempo que existiu antes da
extinção dos grandes saurios, e outras espécies.
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