sexta-feira, 19 de outubro de 2018

MEDITAÇÕES - 28 TANCOS


POUCO CLARO ESTE CASO

Este é um dos tais temas com minas e armadilhas, propriamente ditas e também metafóricamente. Já se ultrapassou um ano, medido por 365 dias, da data em que o excelentíssimo público da sala teve notícia de que dum paiol do exército, situado no polígono de Tancos, tinham sido retirados, sem autorização superior, algumas peças de material bélico.

A partir daí sucederam-se inquéritos, afirmações e desmentidos, notificações de arguidos, demissões ou simples ralhetes. Um verdadeiro Carnaval onde se tornou evidente o desnorte de alguns dos responsáveis directos ou na escala hierárquica. De repente consta que se preparou uma “devolução” total ou parcial do material subtraído, incluídas munições de guerra e que ainda não ficou claro se era obsoleto, inoperacional. E se de fato era assim porque não foi destruído? Penso, e não devo ser o único com esta sensação, que é premente que tudo isto se esclareça e se possa por a tal pedra em cima.

Todavia acontece que ontem, estando eu de viagem pela estrada e com a telefonia sintonizado numa emissora propensa a debates, a certa altura ouvi referir que esta movimentação, fora das normas, de material bélico era possível que estivesse ligada a uma “luta surda” que se sabia existir no seio das forças armadas entre facções de direita e outras de esquerda. ALTO AÍ! Será que votamos aos séculos XIX-XX ? Era o que faltava ! Esta farpa radial nos leva à noção de que as forças armadas, nomeadamente o exército, regem-se por um estatuto hierárquico inflexível, essencialmente conservador, inclusive para alguns de cariz monárquico. Daí que esta insinuação, caso tenha um fundo de verdade é, como mínimo, preocupante.

Por outro lado sinto que, além de ser pertinente saber quem estava conhecedor da manobra e até que ponto o secretismo impediu que os altos responsáveis tivessem conhecimento prévio, ou mesmo que sabendo da artimanha posteriormente optassem por manter silêncio no intuito de não desprestigiar este pilar da soberania nacional, existem algumas perguntas que não foram devidamente esclarecidas à cidadania em geral.

Admite-se que uma transferência ilegal, indocumentado, de material militar de um paiol, em princípio sob vigilância e guarda acurada, devia ter um destino previamente definido. Segundo foi referido numa lista no lote subtraído incluíam-se armas ligeiras como pistolas e metralhadoras portáteis, e outras não tão ligeiras, nomeadamente lança granadas, armamento que, por enquanto, não é de uso corrente na malandragem. Isso leva a imaginar que o cliente queria o lote completo. Daí a primeira pergunta: QUEM ENCOMENDOU ESTE DESVIO?

A seguir cabe preocupar-nos sobre se o destino previsto era o do terrorismo internacional, que imaginamos tem muitos fornecedores de material novo ou em bom estado. Ou, como ouvimos ser insinuado, na preparação de um golpe militar de cariz ditatorial direitista. Estaria em consonância com a tendência conservadora na Europa e América.


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