POUCO CLARO ESTE CASO
Este
é um dos tais temas com minas e armadilhas, propriamente ditas e
também metafóricamente. Já se ultrapassou um ano, medido por 365
dias, da data em que o excelentíssimo público da sala teve notícia
de que dum paiol do exército, situado no polígono de Tancos, tinham
sido retirados, sem autorização superior, algumas peças de
material bélico.
A
partir daí sucederam-se inquéritos, afirmações e desmentidos,
notificações de arguidos, demissões ou simples ralhetes. Um
verdadeiro Carnaval onde se tornou evidente o desnorte de alguns dos
responsáveis directos ou na escala hierárquica. De repente consta
que se preparou uma “devolução” total ou parcial do material subtraído, incluídas munições de guerra e que ainda não ficou
claro se era obsoleto, inoperacional. E se de fato era assim porque
não foi destruído? Penso, e não devo ser o único com esta
sensação, que é premente que tudo isto se esclareça e se possa
por a tal pedra em cima.
Todavia
acontece que ontem, estando eu de viagem pela estrada e com a
telefonia sintonizado numa emissora propensa a debates, a certa
altura ouvi referir que esta movimentação, fora das normas, de
material bélico era possível que estivesse ligada a uma “luta
surda” que se sabia existir no seio das forças armadas entre
facções de direita e outras de esquerda. ALTO AÍ! Será que
votamos aos séculos XIX-XX ? Era o que faltava ! Esta farpa radial
nos leva à noção de que as forças armadas, nomeadamente o
exército, regem-se por um estatuto hierárquico inflexível,
essencialmente conservador, inclusive para alguns de cariz monárquico.
Daí que esta insinuação, caso tenha um fundo de verdade é, como
mínimo, preocupante.
Por
outro lado sinto que, além de ser pertinente saber quem estava
conhecedor da manobra e até que ponto o secretismo impediu que os
altos responsáveis tivessem conhecimento prévio, ou mesmo que
sabendo da artimanha posteriormente optassem por manter silêncio no
intuito de não desprestigiar este pilar da soberania nacional,
existem algumas perguntas que não foram devidamente esclarecidas à
cidadania em geral.
Admite-se
que uma transferência ilegal, indocumentado, de material militar de
um paiol, em princípio sob vigilância e guarda acurada, devia ter um
destino previamente definido. Segundo foi referido numa lista no lote
subtraído incluíam-se armas ligeiras como pistolas e metralhadoras
portáteis, e outras não tão ligeiras, nomeadamente lança
granadas, armamento que, por enquanto, não é de uso corrente na
malandragem. Isso leva a imaginar que o cliente queria o lote
completo. Daí a primeira pergunta: QUEM ENCOMENDOU ESTE DESVIO?
A
seguir cabe preocupar-nos sobre se o destino previsto era o do
terrorismo internacional,
que imaginamos tem muitos fornecedores de material novo ou em bom
estado. Ou, como ouvimos ser insinuado, na preparação
de um golpe militar de cariz ditatorial direitista.
Estaria em consonância com a tendência conservadora na Europa e
América.
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