sexta-feira, 26 de outubro de 2018

MEDITAÇÕES 30 - Sempre enganados



Damos por sabido, e até que consciente ou inconscientemente os cidadãos deste País são, na sua imensa maioria, crentes, com algumas reservas mentais, mas obedientes e resignados a que nos comam as papas na cabeça. Dito de outra forma: que aquilo que hoje se manifesta como uma decisão inabalável, pouco tempo depois, até pode ser no mesmo dia, nos é anunciado que o critério se alterou, que mudou de 180 "degraus". E o pessoal, mesmo que em princípio discorde, ou nem sequer tenha uma opinião formada, encolhe os ombros e fica à espera da próxima viragem.

Esta forma de mudar com o vento deve ser uma consequência da arte de navegar à bolina, aos ziguezague, aproveitando a resultante de forças que permitia avançar no rumo pretendido. Sempre era preferível a ficar ancorado ou à mercê dos ventos contrários. Mas esta resignação, levada ao extremo mais caricato,faz com que aceitemos, com poucas vozes a refilar, as tretas que o homem do grande sorriso e o seu mentor, nos impingem com a ajuda, por omissão, dos que deveriam ter a obrigação de nos obrigar a entrar nos eixos.

Mesmo assim, e atendendo a que todas as decisões, cá e lá, são tomadas após ponderar vectores que não temos elementos para valorar, e que sendo estes decissores mais políticos do que profissionais isentos, não vale a pena meditar sobre o que nos dizem, sob pena de desgastar as meninges sem a mínima possibilidade de poder alterar as "sábias e ajuizadas" decisões.

Como amostra "sem valor" podemos comentar os efeitos, ou reprovações pela boca fora, mas que jamais são tornadas efectivas no que se refere a causar prejuízos económicos, do assassinato de um jornalista saudita num consulado deste País em território turco. Todos os comentadores oficiais e oficiosos não puderam esconder a reprovação desta violação dos direitos do cidadão em causa. Provou-se que foi torturado e desmembrado, ainda com vida. E a seguir? nada de nada.

É admitido, sem reservas, que a monarquia saudita é a fonte de financiamento do terrorismo internacional, em especial o que ergue bandeiras de facções violentas, tanto contra países e interesses ocidentais como também a populações não ocidentais mas que não comungam exactamente com o seus "princípios". E que este financiamento é possível graças ao constante fluxo de dinheiro que o Emirato recebe comercializando  o petróleo do seu subsolo.
A punição mais imediata deveria ser a de deixar de comprar petróleo. Há outras fontes deste combustível. Mas sabemos que as multinacionais que manipulam este fluxo de oiro-negro e as divisas correspondentes, são as mesmas que condicionam a actuação dos governos consumidores. Daí que tudo não passa de conversa mole, de manifestações carregadas de falsidades, com as quais se pretende, simplesmente, que as populações dos países consumidores olhem para outro lado e fiquem satisfeitas com este teatro breve.

No que nos afecta directamente, a cada um de nós, é imperioso que estejam todos convictos de que a sociedade de consumo nos traz agarrados pelo pescoço, ou por outro ponto ainda mais doloroso. Por muito que se tente, agindo individualmente, não é possível escapar das decisões que contrariam aqueles "bons propósitos" de emenda de recuar, de voltar ao passado, pelo menos nos capítulos onde a sensatez é citada insistentemente, sem que as acções efectivas se mostrem coerentes com os propósitos que mentirosa-mente nos afirmam que serão cumpridos. O habitual é que as tais medidas a cumprir se resumam a nos fazer pagar mais para seguir na mesma via, com as mesmas embalagens, com os mesmos sacos, tudo cada vez mais practico para a distribuição, e o cidadão fica sujeito a mais uma série de taxas, mais ou menos ocultas, sem que nada de positivo aconteça.


vv

Sem comentários:

Enviar um comentário