quinta-feira, 18 de outubro de 2018

MEDITAÇÕES 27 - MUDA SEM DAR POR ISSO



JÁ ULTRAPASSAMOS O LIMIAR


Tentando ponderar a situação actual da nossa sociedade, com o passado recente que vivi e atendendo à rapidez com que as coisas evoluem neste século, sou levado a considerar que dada o número de indivíduos que estão lutando, com êxito ou com alguma desilusão, para ultrapassar os condicionalismos que existiam no tempo dos seus progenitores, tanto económicos como culturais, admitimos que, mesmo com os problemas de colocação existentes na actualidade, nunca existiram tantas possibilidades de evolução social como actualmente.


Mas não só na mudança de horizontes restritos ao âmbito social e económico, mais a progressão cultural disponível que altera, positivamente -assim esperamos- a rápida evolução da população, vista num computo geral. E nem tudo o que se pode prever é humanamente positivo, agradável. A economia mundial que de facto governa o mundo está apostando, e ganhando, por um lado na exploração intensiva do trabalho intensivo e mal remunerado, num regime de quase escravidão das populações mais carentes, em condições de practicamente escravidão.


No mundo ocidental, onde as leis de trabalho ainda tem força para se oporem, com alguma eficácia, à avidez e abuso dos empresários sem escrúpulos, a táctica seguida tem sido a de deslocalização das fábricas para o terceiro mundo e, quando necessitam de manter alguma produção no próprio país, orientam a tecnologia produtiva para a robótica. Preferem investir fortunas na concepção de máquinas robotizadas, que conseguem fazer muitas funções repetitivas após serem devidamente programadas e munidas de braços mecânicos multi-funcionais, e assim não depender de operários humanos.


O caminho que se está seguindo tem como ramas principais a informática, os serviços automatizados, a programação, robótica e a recurso cada vez mais reduzido a humanos. Tudo tem que estar dependente de máquinas, sejam simples ou muito complexas. Numa primeira análise podemos deduzir que ficam para os humanos aqueles trabalhos mais desagradáveis e sujos. Até as pequenas,ou médias, avarias que acontecem nas casas, cada dia implicam mais dificuldades em conseguir a presença de um profissional habilitado. E se comparecer pode exigir uma remuneração elevada. Daí que, como nos outros países evoluídos, é-se conduzido para solucionar o problema pelas próprias capacidades do residente, entrando no esquema do faça-você-mesmo.


Um exemplo concreto, duma evolução rápida. Uma parte importante da população ainda não entendeu que o deitar resíduos, garrafas e latas vazias, papeis, e outra embalagens na via pública é equivalente a emporcalhar a sua própria casa. Verifica-se que muitas ruas de passagem frequente oferecem, quase que permanentemente, um aspecto imundo. Os residentes não colaboram, voluntariamente, a recolher os lixos deixado por outros, e as Câmaras Municipais, que mantinham equipas de operários para varrer e lavar passeios e pavimentos, reduziram a despesa neste capítulo. Primeiro passo foi contratar estes trabalhos a empresas exteriores, e deixar de ter este pessoal no quadro. A seguir as empresas, seguindo a tónica geral, decidiram adquirir máquinas de varrer e vassouras de sopro que juntam algum lixo mas espalham pelo ar as partículas que seguem o forte débito de ar que serve de vassoura. Não sei, pelo que assisti, se esta táctica é tão eficaz ou mais do que os varredores humanos, mas que fazem muito mai barulho e levantam mais poeirada é um facto. Dizer se ganhamos ou perdemos depende de a quem chegam coroas ao bolso.




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