JÁ
ULTRAPASSAMOS O LIMIAR
Tentando
ponderar a situação actual da nossa sociedade, com o passado
recente que vivi e atendendo à rapidez com que as coisas evoluem
neste século, sou levado a considerar que dada o número de
indivíduos que estão lutando, com êxito ou com alguma desilusão,
para ultrapassar os condicionalismos que existiam no tempo dos seus
progenitores, tanto económicos como culturais, admitimos que, mesmo
com os problemas de colocação existentes na actualidade, nunca
existiram tantas possibilidades de evolução social como
actualmente.
Mas
não só na mudança de horizontes restritos ao âmbito social e
económico, mais a progressão cultural disponível que altera,
positivamente -assim esperamos- a rápida evolução da população,
vista num computo geral. E nem tudo o que se pode prever é
humanamente positivo, agradável. A economia mundial que de facto
governa o mundo está apostando, e ganhando, por um lado na
exploração intensiva do trabalho intensivo e mal remunerado, num
regime de quase escravidão das populações mais carentes, em
condições de practicamente escravidão.
No
mundo ocidental, onde as leis de trabalho ainda tem força para se
oporem, com alguma eficácia, à avidez e abuso dos empresários sem
escrúpulos, a táctica seguida tem sido a de deslocalização das
fábricas para o terceiro mundo e, quando necessitam de manter alguma
produção no próprio país, orientam a tecnologia produtiva para a
robótica. Preferem investir fortunas na concepção de máquinas
robotizadas, que conseguem fazer muitas funções repetitivas após
serem devidamente programadas e munidas de braços
mecânicos multi-funcionais, e assim não depender de operários
humanos.
O
caminho que se está seguindo tem como ramas principais a
informática, os serviços automatizados, a programação, robótica
e a recurso cada vez mais reduzido a humanos. Tudo tem que estar
dependente de máquinas, sejam simples ou muito complexas. Numa
primeira análise podemos deduzir que ficam para os humanos aqueles
trabalhos mais desagradáveis e sujos. Até as pequenas,ou médias,
avarias que acontecem nas casas, cada dia implicam mais dificuldades
em conseguir a presença de um profissional habilitado. E se
comparecer pode exigir uma remuneração elevada. Daí que, como nos
outros países evoluídos, é-se conduzido para solucionar o problema
pelas próprias capacidades do residente, entrando no esquema do
faça-você-mesmo.
Um
exemplo concreto, duma evolução rápida. Uma parte importante da
população ainda não entendeu que o deitar resíduos, garrafas e
latas vazias, papeis, e outra embalagens na via pública é
equivalente a emporcalhar a sua própria casa. Verifica-se que
muitas ruas de passagem frequente oferecem, quase que
permanentemente, um aspecto imundo. Os residentes não colaboram,
voluntariamente, a recolher os lixos deixado por outros, e as Câmaras
Municipais, que mantinham equipas de operários para varrer e lavar
passeios e pavimentos, reduziram a despesa neste capítulo. Primeiro
passo foi contratar estes trabalhos a empresas exteriores, e
deixar de ter este pessoal no quadro. A seguir as empresas, seguindo
a tónica geral, decidiram adquirir máquinas de varrer e
vassouras de sopro que juntam algum lixo mas espalham pelo ar as
partículas que seguem o forte débito de ar que serve de vassoura.
Não sei, pelo que assisti, se esta táctica é tão eficaz ou mais
do que os varredores humanos, mas que fazem muito mai barulho e
levantam mais poeirada é um facto. Dizer se ganhamos ou perdemos
depende de a quem chegam coroas ao bolso.
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