quarta-feira, 17 de junho de 2020

MEDITAÇÕES – Um tema recorrente



Espelho meu, que é mais belo ela ou eu?

Tenho observado, ao longo de décadas, uma confusão entre o que se avalia sob o restrito olhar zoológico, não só com os animais mamíferos como em quase todas as espécies, acerca da vistosidade, quase que universal, dos machos relativamente às fêmeas da sua mesma espécie. E mais observamos, as fêmeas, que detêm, inequivocamente, o poder de decisão na escolha do macho que as deve inseminar, mostram um grau de inapetência muito evidente, quase que depreciativo, embora o galanteio habitual, misturando o afastamento com a provocação, seja indubitável.

Esta dupla provocação galante (ligação óbvia entre o termo galante-galanteador e galo) na natureza animal é fortemente potenciada com as vestes que habitualmente enfeitam os machos, sejam penas, escamas, pele, canto ou até dança. Sem hesitação podemos afirmar que o macho se apresenta muito mais vistoso do que a modesta fêmea. E, no entanto, o papel mais importante da manutenção da espécie fica -salvo excepções conhecidas- a cargo das fêmeas.

A conclusão imediata, mesmo que não geral, é que a selecção da componente genética, mesmo que dependente da escolha da fêmea, está fortemente condicionada pela capacidade de atracção do macho, e da sua força para afastar os interessados concorrentes. Daí o “macho dominante ou macho alfa” E como funciona entre os humanos?

Nos grupos ainda pouco “civilizados” -Os que permanecem isolados do que nós entendemos como progresso- os homens enfeitam-se mais do que as mulheres. E com a evolução social, especialmente entre a classe dominante e os mais abastados, os homens mantiveram a motivação de se vestirem de um modo ostentoso, aparatoso, com rendas e folhos que hoje nos parecem ridículos ou efeminados: chapéus aparatosos, que mais tarde foram relegados às damas; calções com folhos, meias arrendadas, sapatos com salto (excepto o Sarkozi)

Que o corpo das mulheres, nem que seja para ser visualizado, sempre mereceu o apreço do homem, que sem dúvida detestava a roupagem que ocultava a formosura corporal daquele ser que desejava como complemento, é denotado pela escultura e pintura, que nunca descuidaram a beleza das mulheres.

A mulher desde cedo teve a noção de que podia e devia aproveitar e melhorar, tanto quanto pudesse e soubesse, o seu atractivo visual. Deste conhecimento resultou que tanto as roupas como penteados e maquilhagem com que podia realçar a sua seducção, fosse eclipsando a imagem dos homens. Sendo historicamente correcto temos que reconhecer que desde as sociedades egípcia, helénica e romana, as mulheres já sabiam e aplicavam cosméticos e roupagens vistosas e insinuantes, muitas vezes translucidas.

Recuando. Sem que renegue do agrado que podemos sentir ao ver uma das nossas companheiras (genericamente falando...), seja menina ou madura, quando bem “preparada”, fica esclarecido o aparente enigma do porque os humanos optaram por uma decisão anormal entre os mamíferos (e não só estes) que nos acompanham.

Um pormenor discordante: da cintura para cima os homens, quando se enfarpelam usam enchumaços, postiços, nos ombros, imitando as palas onde os militares colocam as suas divisas. É para parecer mais musculados? Mas as mesmas pessoas, quando se vestem informalmente, raramente usam estes postiços.

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