As
generalizações são perigosas e falaciosas
Os
tempos ou os ventos que temos que enfrentar, com calma e uma boa dose
de confiança e sorte em que nem todos sofrerão com as temidas
sequelas da pandemia, conduzem a que As mentes se tornem induzidas a
fraquejar, e daí a que se possa cair num imaginário buraco negro do
qual pode ser muito difícil sair. Aqueles que tem a possibilidade de
comunicar, mesmo que seja a um número reduzido de seguidores, cabe
não incitar aos extremismos e recordar o que sempre ouvimos: entre
mortos e feridos alguém vai escapar.
Antes
de me decidir a escrever e levado por uma assinatura que desconhecia,
e pelo cabeçalho pensei ser dum comentarista individual sério,
entrei num artigo que, como descobri a partir das primeiras linhas
de texto, era um exemplo acabado do que não se deve difundir.
Não
demorei a entender que aquele excerto tinha sido admitido e editado
no espaço OBSERVADOR. Que, como deve ser avaliado, por aqueles que
não comungam com a sua orientação editorial, é exageradamente
capcioso, incitador a extremismos. Muitos dos seus editores incitam à
separação irreversível da sociedade portuguesa em dois bandos
totalmente opostos. Não posso opinar sobre tudo o que se edita neste
OBSERVADOR, mas neste artigo em vez de tentar encontrar um equilíbrio
favorável para conseguir viver em sociedade, incita à luta de forma
indirecta, insinuadora.
Quem
o redigiu, além de se definir como tendo sido espoliado quando o
governo português abandonou as “suas províncias ultramarinas”
(de uma forma extremamente
irresponsável, que sob a visão humanista foi imperdoável),
encontrou-se na sua desconhecida metrópole, que estava, como
sabemos, num estado caótico, com uma degradação acentuada no que
respeita à consideração que se deveria manter entre as pessoas,
conhecidas ou desconhecidas, mas “passageiros de um mesmo espaço
físico”.
Não
vou dissertar nem sequer inventariar as razões que para cada pessoa,
singular, as motivou para se colocar em sectores, digamos que
ideologicamente, opostos. Mas admito que nem todos os habitantes
deste País, ou de outro qualquer, se sentem nitidamente situados
convictamente nos extremos mais belicosos.
Aos
adictos ao extremismo lhes convêm, por que criam ambiente favorável
para a difusão das suas proclamas, que só se possam admitir como
cidadãos completos os da “esquerdalha” furibunda, os seguidores
do anarquismo e comunismo puro e duro, e do outro lado da barricada,
como acontece com o oscilar do pêndulo, estarão os da “direitalha”
mais conservadora e avessa a qualquer diálogo conciliador. Os que,
sem dúvida, julgam-se com direito a instaurar uma ditadura feroz.
Confesso
que só li o longo escrito pela diagonal, sem que esta técnica
limitasse a compreensão das mensagens que nele estão
insistentemente apresentadas. Como exemplo retirei um parágrafo que
transcrevo exactamente como apareceu no “artigo”.
….
O principio estabelecido: todas as pessoas de esquerda são
sociocidas. (um
neologismo que desconhecia)
Não
existe um único sujeito de esquerda que não se enquadre na
categoria considerada, a dos sociocidas instigadores de males
colectivos como a miséria ou a violência. E quem disse que estas
pessoas más, como as demais, não tem direito à vida e à
dignidade? Tem que se corrigir. Obrigação delas. Mas também dever
das demais não fecharem os olhos à maldade humana. (fim
da citação)
Possivelmente
a correcção dos menos perigosos teria que ser conseguida em campos
de concentração, devidamente guardados e sem acesso de familiares
ou estranhos.
Recordei
um anúncio que passava nos cinemas e na TV incipiente, lá pelos
anos 1950/60, em que para salientar as excelentes qualidades de uma
pasta dentífrica, por acaso nacional, um artista agarrava uma
cadeira com os dentes e a fazia girar no ar com velocidade alarmante.
No fim uma voz em off dizia qualquer coisa como PALAVRAS PARA QUE? É
UM ARTISTA PORTUGUÊS!.
Eu
também opino que estar a dar corda ao longo discurso que referi é
tempo perdido. Mas mesmo assim avalio como vergonhoso e muito próximo
do temido fascismo.
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