quinta-feira, 11 de junho de 2020

MEDITAÇÕES – Não podemos acreditar em tudo.


As generalizações são perigosas e falaciosas

Os tempos ou os ventos que temos que enfrentar, com calma e uma boa dose de confiança e sorte em que nem todos sofrerão com as temidas sequelas da pandemia, conduzem a que As mentes se tornem induzidas a fraquejar, e daí a que se possa cair num imaginário buraco negro do qual pode ser muito difícil sair. Aqueles que tem a possibilidade de comunicar, mesmo que seja a um número reduzido de seguidores, cabe não incitar aos extremismos e recordar o que sempre ouvimos: entre mortos e feridos alguém vai escapar.

Antes de me decidir a escrever e levado por uma assinatura que desconhecia, e pelo cabeçalho pensei ser dum comentarista individual sério, entrei num artigo que, como descobri a partir das primeiras linhas de texto, era um exemplo acabado do que não se deve difundir.

Não demorei a entender que aquele excerto tinha sido admitido e editado no espaço OBSERVADOR. Que, como deve ser avaliado, por aqueles que não comungam com a sua orientação editorial, é exageradamente capcioso, incitador a extremismos. Muitos dos seus editores incitam à separação irreversível da sociedade portuguesa em dois bandos totalmente opostos. Não posso opinar sobre tudo o que se edita neste OBSERVADOR, mas neste artigo em vez de tentar encontrar um equilíbrio favorável para conseguir viver em sociedade, incita à luta de forma indirecta, insinuadora.

Quem o redigiu, além de se definir como tendo sido espoliado quando o governo português abandonou as “suas províncias ultramarinas” (de uma forma extremamente irresponsável, que sob a visão humanista foi imperdoável), encontrou-se na sua desconhecida metrópole, que estava, como sabemos, num estado caótico, com uma degradação acentuada no que respeita à consideração que se deveria manter entre as pessoas, conhecidas ou desconhecidas, mas “passageiros de um mesmo espaço físico”.

Não vou dissertar nem sequer inventariar as razões que para cada pessoa, singular, as motivou para se colocar em sectores, digamos que ideologicamente, opostos. Mas admito que nem todos os habitantes deste País, ou de outro qualquer, se sentem nitidamente situados convictamente nos extremos mais belicosos.

Aos adictos ao extremismo lhes convêm, por que criam ambiente favorável para a difusão das suas proclamas, que só se possam admitir como cidadãos completos os da “esquerdalha” furibunda, os seguidores do anarquismo e comunismo puro e duro, e do outro lado da barricada, como acontece com o oscilar do pêndulo, estarão os da “direitalha” mais conservadora e avessa a qualquer diálogo conciliador. Os que, sem dúvida, julgam-se com direito a instaurar uma ditadura feroz.

Confesso que só li o longo escrito pela diagonal, sem que esta técnica limitasse a compreensão das mensagens que nele estão insistentemente apresentadas. Como exemplo retirei um parágrafo que transcrevo exactamente como apareceu no “artigo”.

. O principio estabelecido: todas as pessoas de esquerda são sociocidas. (um neologismo que desconhecia)

Não existe um único sujeito de esquerda que não se enquadre na categoria considerada, a dos sociocidas instigadores de males colectivos como a miséria ou a violência. E quem disse que estas pessoas más, como as demais, não tem direito à vida e à dignidade? Tem que se corrigir. Obrigação delas. Mas também dever das demais não fecharem os olhos à maldade humana. (fim da citação)

Possivelmente a correcção dos menos perigosos teria que ser conseguida em campos de concentração, devidamente guardados e sem acesso de familiares ou estranhos.

Recordei um anúncio que passava nos cinemas e na TV incipiente, lá pelos anos 1950/60, em que para salientar as excelentes qualidades de uma pasta dentífrica, por acaso nacional, um artista agarrava uma cadeira com os dentes e a fazia girar no ar com velocidade alarmante. No fim uma voz em off dizia qualquer coisa como PALAVRAS PARA QUE? É UM ARTISTA PORTUGUÊS!.

Eu também opino que estar a dar corda ao longo discurso que referi é tempo perdido. Mas mesmo assim avalio como vergonhoso e muito próximo do temido fascismo.



Sem comentários:

Enviar um comentário