Regressarão
os turistas? Com força?
É
uma das perguntas que acompanham a pandemia e os seus efeitos
secundários. As previsões estão condicionadas pelo que cada
opinador sente na pele, mesmo antes de se estender ao sol na praia na
intenção de se torrar -um
pouco, que não chegue para ser avaliado como mestiço- E
o que podemos apreciar é que, inevitavelmente, se formaram dois
bandos, que se, por enquanto, ainda não se digladiaram à pancada
mas mentalmente são ferrenhos inimigos.
Fica-se
com a impressão de que, muita boa gente -e também outra má,
digamos que gananciosa sem muitos escrúpulos- já assumiu que o
País não tem grande futuro como exportador de bens. Ou seja, de
produtos manufacturados, a não ser como fornecedores de componentes.
E, em consequência, aceitar a sina de ser, totalmente um país
de empresários hoteleiros e de empregados sem qualificação, que se
encarreguem de limpar, arrumar, mudar as roupas das camas, cozinhar e
servir, abrir as portas aos visitantes com sorriso e boas maneiras,
sempre com uma mão preparada para receber uma gorjeta, que
em geral não merece.
Em paralelo foram
surgindo serviços que nos eram desconhecidos, como o caso dos
invasores e prolíferos tuk-tuk. Também são de referir os captadores
de clientes; uns multifunções que abordam os passeantes anunciando
maravilhosas iguarias gastronómicas que lhes podem servir, a “bom
preço” ali mesmo em frente, naquele estabelecimento. Infelizmente
os pratos que aparecem na mesa ficam muito aquém do que seria de
esperar, dada a fama que precedeu da cozinha tradicional portuguesa,
mas que nos encarregamos de abastardar. Um sentido R.I.P. Para este
abandono, quase que total; salvo raras e honrosas excepções.
Para sossego e terminar
com as insónias dos que dependiam do negócio dos enormes paquetes
de cruzeiro, que além de descarregar muito lixo e águas negras nas
nossas águas, em pouco contribuem para a economia nacional, se as
previsões oficiais se cumprirem, dentro de semanas teremos mais uns
monstros destes acostados, durante um dia, nos cais de Lisboa.
Mesmo que os número de visitantes com dormida em terra venha a ser menor do que aquela maré que "destruiu" a Baixa lisboeta como um segundo maremoto, sem incêndios e mortos, é de prever que alguns estabelecimentos, de pouca monta, voltem a abrir, com os mesmos empresários, se conseguiram realizar algum capital para fundo de maneio. Ou com outros que queiram apostar num cavalo que já ganhou corridas anteriores, o que se pode prever, sem riscos de maior, é que os empregos de cariz maiormente a prazo, ou mesmo sem nenhum tipo de contrato legal, tornem a estar disponíveis.
Os tais tuk-tuk, sejam todos ou só uma parte, cujo investimento dizem não foi muito grande, poderão sair dos locais onde tem estado recolhidos. Os eléctricos do 28 rodarão novamente. E os destinos para entreter visitantes na zona da Grande Lisboa, mesmo que temporariamente estejam sujeitos a algumas regras mais ou menos restritivas, estarão disponíveis. Até quando? Ninguém pode prever. Tudo está pendente da surgir, ou não, uma retoma da pandemia.
Não podemos fazer previsões gratuitas baseando-nos, exclusivamente, no que aconteceu por cá. A pandemia foi, e continua a ser, global. E mesmo que alguns sectores da população, em diferentes países, já estejam ansiosos de poder virar a página, o que não se pode descurar é que o que controla o turismo não é só a vontade do o receber -e espremer- mas que os cidadãos dos países emissores estejam dispostos a retomar os mesmo caminhos e meios de transporte. As companhias e agências que se dedicam exclusivamente a esta exploração já se encarregarão de tentar colocar a estrutura em movimento. Dito de outro modo, de angariar e convencer novos clientes.
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