quinta-feira, 4 de junho de 2020

MEDITAÇÕES - Um olhar ao Turismo



Regressarão os turistas? Com força?

É uma das perguntas que acompanham a pandemia e os seus efeitos secundários. As previsões estão condicionadas pelo que cada opinador sente na pele, mesmo antes de se estender ao sol na praia na intenção de se torrar -um pouco, que não chegue para ser avaliado como mestiço- E o que podemos apreciar é que, inevitavelmente, se formaram dois bandos, que se, por enquanto, ainda não se digladiaram à pancada mas mentalmente são ferrenhos inimigos.

Fica-se com a impressão de que, muita boa gente -e também outra má, digamos que gananciosa sem muitos escrúpulos- já assumiu que o País não tem grande futuro como exportador de bens. Ou seja, de produtos manufacturados, a não ser como fornecedores de componentes. E, em consequência, aceitar a sina de ser, totalmente um país de empresários hoteleiros e de empregados sem qualificação, que se encarreguem de limpar, arrumar, mudar as roupas das camas, cozinhar e servir, abrir as portas aos visitantes com sorriso e boas maneiras, sempre com uma mão preparada para receber uma gorjeta, que em geral não merece.

Em paralelo foram surgindo serviços que nos eram desconhecidos, como o caso dos invasores e prolíferos tuk-tuk. Também são de referir os captadores de clientes; uns multifunções que abordam os passeantes anunciando maravilhosas iguarias gastronómicas que lhes podem servir, a “bom preço” ali mesmo em frente, naquele estabelecimento. Infelizmente os pratos que aparecem na mesa ficam muito aquém do que seria de esperar, dada a fama que precedeu da cozinha tradicional portuguesa, mas que nos encarregamos de abastardar. Um sentido R.I.P. Para este abandono, quase que total; salvo raras e honrosas excepções.

Para sossego e terminar com as insónias dos que dependiam do negócio dos enormes paquetes de cruzeiro, que além de descarregar muito lixo e águas negras nas nossas águas, em pouco contribuem para a economia nacional, se as previsões oficiais se cumprirem, dentro de semanas teremos mais uns monstros destes acostados, durante um dia, nos cais de Lisboa.

Mesmo que os número de visitantes com dormida em terra venha a ser menor do que aquela maré que "destruiu" a Baixa lisboeta como um segundo maremoto, sem incêndios e mortos, é de prever que alguns estabelecimentos, de pouca monta, voltem a abrir, com os mesmos empresários, se conseguiram realizar algum capital para fundo de maneio. Ou com outros que queiram apostar num cavalo que já ganhou corridas anteriores, o que se pode prever, sem riscos de maior, é que os empregos de cariz maiormente a prazo, ou mesmo sem nenhum tipo de contrato legal, tornem a estar disponíveis.

Os tais tuk-tuk, sejam todos ou só uma parte, cujo investimento dizem não foi muito grande, poderão sair dos locais onde tem estado recolhidos. Os eléctricos do 28 rodarão novamente. E os destinos para entreter visitantes na zona da Grande Lisboa, mesmo que temporariamente estejam sujeitos a algumas regras mais ou menos restritivas, estarão disponíveis. Até quando? Ninguém pode prever. Tudo está pendente da surgir, ou não, uma retoma da pandemia.

Não podemos fazer previsões gratuitas baseando-nos, exclusivamente, no que aconteceu por cá. A pandemia foi, e continua a ser, global. E mesmo que alguns sectores da população, em diferentes países, já estejam ansiosos de poder virar a página, o que não se pode descurar é que o que controla o turismo não é só a vontade do o receber -e espremer- mas que os cidadãos dos países emissores estejam dispostos a retomar os mesmo caminhos e meios de transporte. As companhias e agências que se dedicam exclusivamente a esta exploração já se encarregarão de tentar colocar a estrutura em movimento. Dito de outro modo, de angariar e convencer novos clientes.


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