Segundo
diz o Dicionário este adjectivo equivale a desnorteado,
desvairado, desequilibrado, maníaco. Entre
as quatro opções eu me inscrevo no desnorte, pelo menos neste
momento concreto, pois que o que nos dizem e recomendam oficialmente
e insistentemente, não se pode aceitar como coerente. Por um lado
nos alertam sobre a possibilidade de um recrudescimento do número de
infectados, mas por outro permitem, e quase que incitam, a que as
pessoas percam o medo, que saiam, que vão à praia, com umas regras
que nem sequer são congruentes entre si.
Embora,
sem grande convicção, alertam para que não se juntem em multidões,
excepto casos “especiais”, que incluem alguns espectáculos, mas
não as touradas, competições de futebol e boxe, entre outros. O
resultado visível é que a cidadania optou para fazer o que lhe sai
impulsivamente dos c... Já perdeu o medo, aquele que antigamente
guardava a vinha. E a prova evidente é que já não são seguidas
regras de distanciamento, como o que se quis mostrar na ridícula
distribuição dos manifestantes no relvado da Alameda, num relvado
marcado a régua e esquadro para evidenciar que eram respeitosos e
bem comportados. Sobre o facto das camionetas que transferiram o
pessoal dos seus redutos normais para a capital, optou-se pela
sensata decisão de não ver, não ouvir nem falar, dado que poucos
estiveram interessados neste mínimo pormenor.
Mas
com o andar dos dias, (poucos) e para seguir o exemplo vindo dos EUA,
e de algumas cidades europeias, Lisboa mostrou (?) com manifestações
multitudinárias, munidas de cartazes e gritaria provocadora, que
circularam por ruas e avenidas da capital até se cansarem e
desviarem-se para, possivelmente, beber umas cervejas pelo gargalo
(para evitar o
covid-19 que podia espreitar num copo mal lavado)
Mostraram, com clara evidencia, o repúdio visceral que sentem quando
se diz -num pensar
mais quimérico do que real-,
que a sociedade lusitana actual, e especialmente os membros das
forças da ordem, se atiram como gatos aos bofes para agredir, malhar
e até matar, aos cidadãos mais escuros do que os alentejanos,
quando deixam cair uma beata ao chão ou outro delito do mesmo teor.
Este exagero, contraria o facto real de que a polícia, mesmo agindo
em grupo e com razões de sobra para agir, evita confrontos
“raciais”. Porque o mais normal é que sejam eles os que levam
com as agressões e mesmo com algumas vítimas mortais.
Por
muito que levantem os punhos e agitem cartazes, Portugal não tem uma
sociedade equiparável com a dos EUA. Não se pode negar que alguns
portugueses negociaram com a escravidão, e até que já antes das
viagens pelo Atlântico, havia escravos em Lisboa. Assim como pessoas
reduzidas a este triste estatuto sempre houve em todas as sociedades.
Mas o consentimento, a aceitação, de que estas pessoas, que se
sentem (e alguns são de fecto) marginalizados, tal não os isenta de
seguir as mesma normas de comportamento e respeito geral que se
aplicam a todos os cidadãos.
O
que é de salientar foi que se aproveitou esta maré de protesto
pandémico para saltar por cima das normas de protecção que, até
aqui, se tinham obedecido sem sequer resmungar.
No
caso de que se venha a noticiar que deste aglomerado de manifestantes
alguns se tornaram foram focos de transmissão do vírus, só
lamentaremos os que, sem estarem presentes, foram vítimas
transversais destes que participaram na iniciativa.
Só
para aliviar o ambiente e recordando que este tipo de vírus nos foi
definido como uma das variantes das periódicas afecções pulmonares
que chamamos, genericamente, como gripes,
e
que habitualmente são endémicas nos meses frios, podemos ter a
esperança -mais
a fé e a caridade- de
que a partir de agora, apesar de não ser recomendável comer marisco
fresco por ser este o início do período de desova destes bichos com
casca, já podemos aliviar o luto pandémico, ou se preferirmos, o
luto
académico, que
estava na moda antes do golpe dos capitães.
Ah!
UMA NOTA DE TRANQUILIDADE: Podem comer marisco congelado, pois estes
já não estão em condições de se reproduzir.
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