terça-feira, 26 de novembro de 2019

MEDITAÇÕES – Evitar os - ismos


MEDITAÇÕES – Evitar os -ismos

Todos os favoritismos são obsessivos e condicionantes.

É muito difícil escapar dos extremismos, que tarde ou cedo derivam para fanatismos que limitam a capacidade crítica das pessoas e, pior ainda, a isenção que nos é crucial para poder valorizar qualquer assunto. O cair num -ismo comporta ficar com a nossa visão mental reduzida a um espaço restrito e preconceito.

O lote de temas que nos podem incitar a desprezar a análise fria e tanto quanto possível livre de preconceitos é muito ampla. Abrange tal quantidade de assuntos que provavelmente são poucas as pessoas que estão cientes de quão limitada é a sua liberdade mental e até onde o seu comportamento e diálogo com os outros cidadãos está condicionado por ideias e conceitos pré-determinadas. Estas baias mentais tanto podem ter sido fruto de livre criação do mesmo indivíduo, como sucede em muitos casos, ou por transferências familiares ou de grupo. Seja qual for a génese das “verdades” inquestionáveis o que podemos afirmar, com conhecimento directo, é que podem ter ficado tão fixas na mente que só com um grande esforço de vontade é que nos podemos livrar.

Os temas propensos a se tornarem obsessões, e por isso adquirirem o estatuto de -ismos é amplo e variado. Sem ter a pretensão de um inventário exaustivo referirei os de índole religiosa ou para-religiosa; os que nos tornam obsessivos patriotas ou bairristas; os que renegam das pronúncias e terminologias locais ou regionais. Estes puristas obsessivos tem um poderoso aliado nas redes de televisão, que, em todos os países, induzem os seguidores a utilizar a dita “linguagem padrão”, sem captar que com esta uni-formatação linguística perde-se uma parte importante da riqueza cultural do povo.

Capítulo próprio são os fanatismos de cariz político e clubístico. Apesar de que a experiência nos mostra que são bastante numerosos aqueles que se deslocaram de um credo para outro; mesmo nas antípodas do precedente, temos que admitir que a fidelidade fanática no campo dos clubes desportivos é muito mais rígida do que nos da política, nomeadamente quando a mudança de partido pode implicar benefícios económicos ou estatutários.

É semelhante a dificuldade de isenção que se sente, pelo menos no reflexo do instintivo sobre o racional, no campo do racismo ou estratificação semelhante, como podem ser o classicismo, estirpe, casta, estatuto social ou económico, etc. Cada pessoa recebe indícios visuais sobre algumas características que, por serem exactamente as nossas, o pode impulsar para duas situações opostas. Por um lado é plausível que instintivamente nos afastemos ou qualifiquemos o outro com um termo que, sem dúvida, nos pode dar a noção de ser racista. E na margem oposta sentir a vontade de “saltar o muro” e poder integrar-se naquele sector social que nos estava vedado inicialmente.

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