É
DESEJÁVEL UMA CERTA RESERVA?
Seja
qual for o cariz do governo vigente num país, ou mesmo num clube
privado, sempre se encontra uma pessoa que fica colocada no tipo da
pirâmide, não só representando o comando do grupo como, maiormente, de toda a população. Estar situado neste topo, num equilíbrio
muitas vezes precário, mesmo numa monarquia fortemente sedimentada,
implica que o ali instalado tenha um comportamento, uma atitude, que
não inspire críticas desnecessárias. Dentro destes cuidados de
imagem certamente que se deve ponderar evitar um excesso de
exposição.
Se
nas ditaduras, com um indivíduo no topo da hierarquia, a manutenção
da imagem depende, essencialmente, da capacidade de propaganda do seu
sistema de apoio, paralelamente com o cuidado extremo e fiel da
censura e guarda-costas, mais a repressão política, a quem lhes está determinado que, por todos os
meios disponíveis, procurem ter a seu “cabeça de cartaz”
protegido, não só fisicamente como das opiniões que o pretendem desprestigiar e depois derrubar o esquema que aguenta o poder, já nos regimes democráticos
esta pressão ou mais propriamente ameaça de repressão, tantas
vezes efectiva e cruel, não é aceite.
Tomando
o exemplo das notas de banco, seja qual for o seu valor e país onde
circulam, as entidades que emitem este papel-moeda sabem que o
manuseamento de certas cédulas (um termo mais usado no Brasil do que
em Portugal) implica a sua degradação física. Que não é o mesmo
do que a diminuição do seu poder de compra, por inflacção. Daí
que mesmo que o valor real da moeda se mantenha quase que
inalterável, a entidade emissora se encarrega de mandar recolher as
notas deterioradas e as substituir por novas impressões. É assim
que funciona, em todos os países.
A
similitude que se pode encontrar entre um excesso de reserva ou, pelo
contrário, uma ininterrupta exposição à população, pode levar a
considerar que é pertinente manter uma dose de restrição. NEM OITO
NEM OITENTA. Aceitar o meio termo é mais propício. Que todos os
extremos podem ser prejudiciais.
Para
exemplificar temos a referência histórica da clausura em que a casa
imperial japonesa se mantinha até o desastre da segunda guerra
mundial. Hoje já é mais frequente a exposição dos membros da
realeza japonesa, não só entre os seus cidadãos como até fora do
seu País. Mesmo assim, não imaginamos que um cidadão nipónico
receie encontrar o seu imperador quando abre a porta de um armário, ou sentado na sua sanita. Pouco nos falta!
Aqui,
onde vivemos, já começamos a duvidar do critério do Presidente da
República em quando e donde se entende seria aconselhável aparecer,
para receber o bafo da multidão, distribuir beijinhos protocolares
(?) e aceitar ser fotografado face-a-face com ilustres desconhecidos,
mesmo que cidadãos com todos os direitos que a constituição lhes
garantem.
Algumas
pessoas, e desconheço se são muitas ou poucas, entendem que o
Presidente da República é uma figura a respeitar, sem necessidade
de dar-lhe os famosos chi-coração da popularidade destravada, mais
próprios para as estrelas cadentes da fama social.
Há
quem opine que este comportamento, fingidamente tão aberto e
popularucho é uma táctica, bem pensada e melhor seguida, para lavar
o seu passado, comprometido com o regime ditatorial anterior. O
evoluir da sociedade vai deslindar esta, e outras, dúvidas. Ou até
pode ser que tudo se aceite com bonomia e desportivismo. Não daquele
vergonhoso das claques de futebol. Que já se está espalhando
noutras modalidades.
É
tão fácil e atractivo tentar a popularidade desmedida...
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