Como
reage a sociedade e como os trata a lei?
Ao
longo da vida e desde a infância, nos deparamos com sujeitos que são
capazes de afirmar factos tão inverossímeis e numa continuidade tal
que não tardamos em os qualificar como mentirosos compulsivos. A
nossa reacção, defensiva, é de fazer ouvidos moucos, pois que se
sabe não valer a pena argumentar com estas personagens. Estão tão
treinados que escorrem como enguias. Saltam para outro tema e não
tentam defender o que até o momento anterior davam como certo e
seguro.
Mais
difíceis de lidar são aqueles mentirosos, de capacidade inventiva e
convincentes em excesso, que, sem nos encarar pessoalmente, nem por
isso deixam de nos afectar. Entre estes indivíduos os com maior peso
para prejudicar colectivamente os simples cidadãos, que além de não
estarem preparados para enfrentar, individualmente os bem colocados,
sentem-se moralmente perdidos e indefesos, vítimas a imolar e com os
olhos abertos são os que sabemos serem poderosos, uns por herança
cromossómica ou de capital e outros porque nasceram com a capacidade
de se aproveitar dos incautos.
Estou
referindo -como
já devem ter captado-
e de um modo geral, sem puntualizar, aos que, genericamente, os
qualificamos de “peixes graúdos”, sejam eles políticos ou
blindados por grandes negócios, fortunas, compadrios e influências.
Não é por mania que se admite o preceito de que Deus
os cria e eles agrupam-se. O
estarmos conscientes de que é practicamente impossível lutar contra
este tipo de gente, não obsta a
que o simples cidadão não se sinta vítima, revoltada, das manobras
que certos mitómanos practicam impunemente. Nomeadamente quando se
verifica, sem dificuldade, que a indignação é resultado de
verificar que com estas fantasias se arrebatam parcelas consideráveis
dos fundos públicos, que por não existir em excesso, reflectem-se em
carências que afectam à maioria dos cidadãos contribuintes e
carenciados.
Ao
longo duma série de anos as pessoas tem assistido, estoicamente, a
estas impunidades. Mas ao mesmo tempo esperam que as sentenças
legais sejam de molde a nos satisfazer. Ou seja chegar, pelo menos,
ao consolador “ganhar moralmente”. E este sonho, quase uma daquelas fantásticas miragens de água na estrada com o calor, seja o corolário de
algumas das sentenças já proferidas nos derradeiros tempos. Tememos
que este sonho não passe de um pesadelo, que nos defraude sem
mostrar que a histórica e inamovível impunidade de grupo já está
a ter algumas gretas.
Sabemos,
os simples cidadãos, que não podemos pensar em dar sentenças sem
uma base jurídica forte. Mas os portugueses já se sentem por demais
defraudados por argumentações que nem uma criança de teta poderia
admitir como correctas. Há notícias de jornais e de noticiários
que, para o cidadão comum, até são insultuosas, tal é a alacridade argumental que apresentam.
Como,
sensatamente, não aceitamos que o marchar a pé até um santuário,
rezar o terço ou outras orações estereotipadas, acender velas
devotamente, ou até oferecer uma fracção do capital que tanto
custou a amealhar sejam métodos eficazes para conseguir uma justiça
justa (e
valha o pleonasmo, que certamente entenderam)
não nos resta um caminho credível para onde solicitar ajuda. Saber
que podemos esperar bons resultados na actuação da justiça,
correcta e célere, seria o mais produtivo para o País.
O
incorrigível pessimismo não nos garante, nem um pouco, que o vento
sopre de feição para corrigir alguns males, que são endémicos,
pois já duram por longas gerações.
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