quarta-feira, 15 de agosto de 2018

MEDITAÇÕES - 6 Viver e Sonhar

VIVEMOS E SONHAMOS

Além do que de facto vivemos, do que nos envolve e no que nós envolvemos aos outros, existe um capítulo, quase sempre activo, que está povoado por aquilo que imaginamos, coisas que só podemos aceitar como válidas se as conseguirmos separar da realidade. E nem sempre é fácil !

Podemos considerar que a maior parte das invenções e descobertas, para não dizer que todas para não ser qualificados como exagerados, foram o resultado utilitário da interpretação e aplicação real de factos acontecidos casualmente. Ou de procurar materializar uma ideia nova, que estava fora da realidade do momento. Para ser condescendentes podemos qualificar estes felizes lampejos como fruto da inspiração, e, como é repetido amiúde, de muito pensar e suar.

O homem.visto com um ente bisexual, ou até multi~sexual se aderirmos às modernas aceitações sociais, tem uma variedade considerável de comportamentos individuais. E uma das classes presentes  -mas minoritária numéricamente- é propensa a encontrar problemas e procurar soluções, a ser possível enfrentando-os sob pontos de vista, ou de avaliação, diferentes da rotina habitual. É na procura de novos caminhos, de novas soluções que se cultiva a inventiva, a criatividade, pois está na  vontade ferrenha de enfrentar problemas, em geral ainda não bem definidos ou estudados em profundidade, que a humanidade progressa.

E o facto de nos depararmos com uma peada realidade, em que a famosa gravidade teve a sua presença activa, ontem ficamos espantados pelo derrube de um viaduto em Génova. Uma obra de betão armado, bastante recente, mas que desabou estando em serviço interrupto. Agora nos contam que este viaducto estava sujeito a uma pretensa vigilância ténica, que monotirizava o seu estado estrutural, e até que recentemente se fizeram trabalhos de reforço estrutural (?) 

Vai correr muita tinta antes que se digam as verdades sobre o que causou o colapso do viaduto. Mas tenho a certeza de que todos os profissionais em projecto, cálculos e seguimento de obras deste tipo devem estar pensando que ali houve um mau trabalho.

Apesar de ter visto exclusivamente as imagens que nos puseram à disposição, fica-se com a impressão de que, além de um betão pobre, mal doseado e pouco controlado, aqueles destroços mostraram uma carência acentuada do material que compensa o fraco comportamento do betão aos esforços de tracção e flexão. Dito de outra forma. As fracturas que mostram não tem a quantidade de aço a que estamos habituados. E, possívelmente, não foram aplicadas as técnicas de pre-tensão hoje consideradas indispensáveis em plataforma sujeitas a intenso tráfego pesado. Pode ser, também, que os apoios dos tabuleiros às mensulas que se encarregavam de transferir esforços ao terreno, não estivessem correctamente estudadas e executadas.

O que deixo aqui são umas observações prévias, não totalmente fundamentadas pois que não fiz uma avaliação visual no terreno, mas que tem como substrato o facto de ser reconhecido que as obras públicas rodoviárias tem sido um sector muito dominado pelas máfias italianas, e indirecatmente pelo capital, incluídos os santificados bancos. Não estou muito convencido de que alguma vez nos contem a realidade que se vai esconder detrás deste colapso e das suas vítimas.

Mais. Como esta via é considerada fundamental para o escoamento de mercadorias, seja entrando ou saído do porto e área circundante, depressa se tratará de substituir esta "obra de arte" -é assim que no meio se qualificam estes projectos de engenharia civil- por outra, que inefávelmente será adjudicada a um novo consórcio igualmente dominado por grupos de "patriotas".

A célebre frase de Shakespeare na peça Hamlet, "algo de podre cheira no reino de Dinamarca" pode aplicar-se, sem receio de difamar, em todo o mundo.

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