terça-feira, 28 de agosto de 2018

MEDITAÇÕES - 15 O teatro trágico



Será que no seu íntimo mudaram?

Antes de tentar expor aquilo que nem sequer está bem estruturado na minha cabeça, penso que pode ser útil, a modo de introdução, que o seguidor faça o esforço de recordar a anedota do marido que, para satisfazer umdesejo da esposa, anda seca e meca á procura de um papagaio e termina sendo enganado por um astuto comerciante, que o convence de que um mocho é, na realidade, um loro exótico, mas com a característica muito particular que, antes de se decidir a falar, quer ganhar uma ampla bagagem linguística, como irá mostrar inequívocamente ao manter os olhos sempre bem abertos com uma atenção incomum.

Ou então socorram-se da fábula bem antiga do lacrau e a rã.

Qualquer das duas pistas nos ilustram de como é difícil, se não impossível, mudar os sentimentos das pessoas, uma vez que entendermos que o recurso a animais é só um estratagema para não ferir excessivamente as pessoas.

Nesta época em que, durante muitos anos, temos sido manobrados por uma longa série de personagens que comportando-se ao contrário em relação as suas afirmações e promessas, creio que muitos de nós já sentimos aquele desânimo do Diógenes, que circulava por Atenas levando uma candeia acesa, mesmo em pleno dia, a fim de que esta luz extra o ajudasse a encontrar um homem efectivamente honesto.

Por razões evidentes não pretendo qualifificar ninguém em concreto de deshonesto, mentiroso, vigarista ou qualquer outro epíteto ao estilo. Simplesmente sinto que devemos dar crédito ao que recordamos do passado de certas personagens. E eles são tantos os que por aí andam vendendo a banha da cobra que, para acautelar a nssa saúde mental, recomendo que nos limitemos a uns exemplos entre os que nestes dias estão nas primeiras páginas.

O historial exemplar do tal “menino reguila”, que chorava no berço quando lhe tiravam a chucha, e que, agindo sempre como o penetra insistente, já ocupou tantos lugares e deu tantas barracas que só lhe falta ser mestre da banda de Quadrasais, bispo de uma diocese rica (pode ser de Fátima) ou Presidente da República. O curioso deste caso é que sempre consegue arregimentar uns comparsas que o aplaudam, possívelmente uns que se sentem, ou são sem darem por isso, uns desenganados da vida e imaginam que ao acompanhar este elemento, incombustível, poderão ter uma oportunidade de singrar no meio dos que mamam da teta.

Como é tradicional, este cavalheiro, discursa prometendo o novo maná, um renascer farto e honesto, umas mudanças de paradigma (?) que deixarão os programas dos outros ao nível da cartilha maternal. Será possível que os cidadãos tenham esquecido o seu passado e o carreguem às costas, tal como a râ fez com o lacrau?

A outra personagem de topo actualmente é, sem dúvida, o famoso Professor Marcelo Rebelo de Sousa, nesta ocasião eleito para exercer o cargo de Presidente desta República. No meio das outras cartas do baralho que se apresentaram às eleições, sem dúvida que foi escolhido limpamente. E agora são bastantes os que já enjeitam aquilo que consideram ser excessos de populismo, de beijinhos, abraços, fotografias e meiguices. Tantas que mais se assemelha a um patriarca de uma igreja da treta do que o respeitável representante da nação.

M.R.de S. foi sempre um vocacionado falador e não desmerece das suas origens, apesar do esforço que constantemente faz para parecer “um de nós”. Não é um de nós! Não se encaixa convictamente com as camadas mais desfavorecidas nem tampouco entre as diferentes camadas da tal colasse média, que fermentou e levedou após ser arrumado o PCP num canto. Nem se podia esperar que o fizesse, pois o seu estatuto é mais de símbolo do que de actuante.

Isso não o tem impedido de, com a habilidade que lhe é característica, dar picadelas no executivo, dando o aspecto de que ele tem poderes para orientar e decidir, apesar de que a Constituição da República em vigor o limita especificamente. Os maldosos, que sempre os há, dizem que tem dois alvos na mira. Por um lado manter uma popularidade que lhe ofereça um segundo mandato e, na outra mão, proteger subrepticiamente o seu partido.

Tanto um como o outro, assim como muitos mais, fazem o seu papel neste teatro, que de facto éuma tragi-comédia, mesmo que muitos não sintam esta realidade ou, para evitar cortes de digestão e AVCs prefiram olhar para o lado, deixando andar.

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