Será
que no seu íntimo mudaram?
Antes
de tentar expor aquilo que nem sequer está bem estruturado na minha
cabeça, penso que pode ser útil, a modo de introdução, que o
seguidor faça o esforço de recordar a anedota do marido que, para
satisfazer umdesejo da esposa, anda seca e meca á procura de um
papagaio e termina sendo enganado por um astuto comerciante, que o
convence de que um mocho é, na realidade, um loro exótico, mas com
a característica muito particular que, antes de se decidir a falar,
quer ganhar uma ampla bagagem linguística, como irá mostrar
inequívocamente ao manter os olhos sempre bem abertos com uma
atenção incomum.
Ou
então socorram-se da fábula bem antiga do lacrau e a rã.
Qualquer
das duas pistas nos ilustram de como é difícil, se não impossível,
mudar os sentimentos das pessoas, uma vez que entendermos que o
recurso a animais é só um estratagema para não ferir
excessivamente as pessoas.
Nesta
época em que, durante muitos anos, temos sido manobrados por uma
longa série de personagens que comportando-se ao contrário em
relação as suas afirmações e promessas, creio que muitos de nós
já sentimos aquele desânimo do Diógenes, que circulava por Atenas
levando uma candeia acesa, mesmo em pleno dia, a fim de que esta luz
extra o ajudasse a encontrar um homem efectivamente honesto.
Por
razões evidentes não pretendo qualifificar ninguém em concreto de
deshonesto, mentiroso, vigarista ou qualquer outro epíteto ao
estilo. Simplesmente sinto que devemos dar crédito ao que recordamos
do passado de certas personagens. E eles são tantos os que por aí
andam vendendo a banha da cobra que, para acautelar a nssa saúde
mental, recomendo que nos limitemos a uns exemplos entre os que
nestes dias estão nas primeiras páginas.
O
historial exemplar do tal “menino reguila”, que chorava no berço
quando lhe tiravam a chucha, e que, agindo sempre como o penetra
insistente, já ocupou tantos lugares e deu tantas barracas que só
lhe falta ser mestre da banda de Quadrasais, bispo de uma diocese
rica (pode ser de Fátima) ou Presidente da República. O curioso
deste caso é que sempre consegue arregimentar uns comparsas que o
aplaudam, possívelmente uns que se sentem, ou são sem darem por
isso, uns desenganados da vida e imaginam que ao acompanhar este
elemento, incombustível, poderão ter uma oportunidade de singrar no
meio dos que mamam da teta.
Como
é tradicional, este cavalheiro, discursa prometendo o novo maná, um
renascer farto e honesto, umas mudanças de paradigma (?) que
deixarão os programas dos outros ao nível da cartilha maternal.
Será possível que os cidadãos tenham esquecido o seu passado e o
carreguem às costas, tal como a râ fez com o lacrau?
A
outra personagem de topo actualmente é, sem dúvida, o famoso
Professor Marcelo Rebelo de Sousa, nesta ocasião eleito para exercer
o cargo de Presidente desta República. No meio das outras cartas do
baralho que se apresentaram às eleições, sem dúvida que foi
escolhido limpamente. E agora são bastantes os que já enjeitam
aquilo que consideram ser excessos de populismo, de beijinhos,
abraços, fotografias e meiguices. Tantas que mais se assemelha a um
patriarca de uma igreja da treta do que o respeitável representante
da nação.
M.R.de
S. foi sempre um vocacionado falador e não desmerece das suas
origens, apesar do esforço que constantemente faz para parecer “um
de nós”. Não é um de nós! Não se encaixa convictamente com as
camadas mais desfavorecidas nem tampouco entre as diferentes camadas
da tal colasse média, que fermentou e levedou após ser arrumado o
PCP num canto. Nem se podia esperar que o fizesse, pois o seu
estatuto é mais de símbolo do que de actuante.
Isso
não o tem impedido de, com a habilidade que lhe é característica,
dar picadelas no executivo, dando o aspecto de que ele tem poderes
para orientar e decidir, apesar de que a Constituição da República
em vigor o limita especificamente. Os maldosos, que sempre os há,
dizem que tem dois alvos na mira. Por um lado manter uma popularidade
que lhe ofereça um segundo mandato e, na outra mão, proteger
subrepticiamente o seu partido.
Tanto
um como o outro, assim como muitos mais, fazem o seu papel neste
teatro, que de facto éuma tragi-comédia, mesmo que muitos não
sintam esta realidade ou, para evitar cortes de digestão e AVCs
prefiram olhar para o lado, deixando andar.
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