domingo, 5 de agosto de 2018

MEDITAÇÕES - 3 Galileu abjurou


E PUR SI MUOVE (1)

Neste caso damos como fixo o facto de que tanto a terra como o sol, como as galáxias e todo o conjunto de corpos celeste se movem. Mas aquilo que queria tratar é o facto, que sempre aconteceu desde o homem das cavernas, é que a sociedade em que vivemos tem sofrido importantes mudanças, que ainda não terminaram. E que raramente estamos conscientes de como a nossa vida se alterou, nem que seja comparativamente com aquilo que vivemos pessoalmente.

De facto acontece que a maioria das pessoas vivem ao momento, acertam o seu relógio pelos impulsos que recebem do seu entorno. Só aqueles poucos que restam, vivendo ainda em lugares isolados, sem a influência da televisão e muito menos das chamadas -impropriamente- de “redes sociais” que, de facto, só proporcionam imaginárias companhias, é que se pode considerar que ainda estão imunes aos fortes vírus da sociedade moderna.

Pode parecer uma mudança sem importância, mas de facto alterou quase que por completo a socialização com participação física de quase toda a cidadania, especialmente a dos residentes em centros urbanos. Cada dia se verifica ser mais difícil conseguir a comparência a reuniões. Os núcleos informais de reunião informal, onde era possível surgirem germes de contestação perante abusos que não são aceites sossegadamente pelos menos acomodaticios.

Nem todos estes efeitos podem ser atribuídos, directamente, à força de sedução das novas tecnologias. Mas também contribuem. Aquilo que mais alterou o comportamento dos indivíduos,avaliados em grupo, é o consumismo e a ilusão de já estarem integrados num patamar, indefinido, da ilusória classe média. Muitos governos aceitam o jogo dos grandes gestores da economia mundial e troco de poderem ter os cidadãos mais ou menos satisfeitos, ou pelo menos sem se revoltarem. Pelo caminho a crise económica subterrânea vai crescendo, como se verifica pelo aumento constante da dívida externa.

Veremos o que irá acontecer quando esta bolha rebentar e muitas pessoas se encontrem com dívidas impossíveis de saldar, com familiares desempregados ou com salários que não se ajustam às necessidades que se foram enquistando. A situação assemelha-se à de um malabarista que tantas peças foi acrescentando ao circuito de volatineiro que todos esperam ver cair tudo.

(1) recordemos esta frase, célebre, proferida por Galileu, em voz interior, quando foi obrigado a negar que sabia, por verificação directa, que a Terra girava ao redor do Sol, e que este era o centro do nosso sistema planetário, e não a Terra como a Igreja apoiava.

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