E
PUR SI MUOVE (1)
Neste
caso damos como fixo o facto de que tanto a terra como o sol, como as
galáxias e todo o conjunto de corpos celeste se movem. Mas aquilo
que queria tratar é o facto, que sempre aconteceu desde o homem das
cavernas, é que a sociedade em que vivemos
tem sofrido importantes mudanças, que ainda não terminaram. E que
raramente estamos conscientes de como a nossa vida se alterou, nem
que seja comparativamente com aquilo que vivemos pessoalmente.
De
facto acontece que a maioria das pessoas vivem ao momento, acertam o
seu relógio pelos impulsos que recebem do seu entorno. Só aqueles
poucos que restam, vivendo ainda em lugares isolados, sem a
influência da televisão e muito menos das chamadas -impropriamente-
de “redes sociais” que, de facto, só proporcionam imaginárias
companhias, é que se pode considerar que ainda estão imunes aos
fortes vírus da sociedade moderna.
Pode
parecer uma mudança sem importância, mas de facto alterou quase que
por completo a socialização com participação física de quase
toda a cidadania, especialmente a dos residentes em centros urbanos.
Cada dia se verifica ser mais difícil conseguir a comparência a
reuniões. Os núcleos informais de reunião informal, onde era
possível surgirem germes de contestação perante abusos que não
são aceites sossegadamente pelos menos acomodaticios.
Nem
todos estes efeitos podem ser atribuídos, directamente, à força de
sedução das novas tecnologias. Mas também contribuem. Aquilo que
mais alterou o comportamento dos indivíduos,avaliados em grupo, é o
consumismo e a ilusão de já estarem integrados num patamar,
indefinido, da ilusória classe média. Muitos governos aceitam o
jogo dos grandes gestores da economia mundial e troco de poderem ter
os cidadãos mais ou menos satisfeitos, ou pelo menos sem se
revoltarem. Pelo caminho a crise económica subterrânea vai
crescendo, como se verifica pelo aumento constante da dívida
externa.
Veremos
o que irá acontecer quando esta bolha rebentar e muitas pessoas se
encontrem com dívidas impossíveis de saldar, com familiares
desempregados ou com salários que não se ajustam às necessidades
que se foram enquistando. A situação assemelha-se à de um
malabarista que tantas peças foi acrescentando ao circuito de
volatineiro que todos esperam ver cair tudo.
(1)
recordemos esta frase, célebre, proferida por Galileu, em voz
interior, quando foi obrigado a negar que sabia, por verificação
directa, que a Terra girava ao redor do Sol, e que este era o centro
do nosso sistema planetário, e não a Terra como a Igreja apoiava.
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