terça-feira, 7 de julho de 2020

MEDITAÇÕES – O que eu penso

E não garanto que acerte

Os anos de vida e os tempos de adulto (será que todos somos ou estivemos potencialmente adúlteros, ou quase efectivos?) deram-me alguma clarividência a respeito do comportamento de muitas pessoas ligadas à política governamental. Uma situação que, felizmente, não tive ocasião de saborear, mas que após anos de observação quase que me oferece a possibilidade de apresentar uma conclusão, mesmo que delimitada pelo facto de, repito, jamais ter pertencido ao selecto grupo dos beneficiados com as compensações económicas que se podem deduzir mereceram pelo seu esforço em prol da sociedade em geral, e deles mesmo, mais os do seu grupinho, em particular. Uns “merecidos prémios” que, em geral, são oferecidos posteriormente a sua estadia em lugares privilegiados.

A cidadania, atreita a deduzir sem esgotar a sua capacidade mental de análise factual, geralmente conecta o ter um poder nacional, mesmo que delimitado estatutariamente, pelos férteis campos que estão no horizonte de acção do ministério onde foi instalado. Em função deste ideia préconcebida ele, o cidadão não eleito, imagina, e até afirma sem admitir incertezas, que fulano ou sicrano abusou dos seus poderes em benefício pessoal. Mais especificamente o culpabiliza, sem aceitar uma dúvida, de que pelo facto de ali ter sido “sacrificado para bem da nação” lhe caem, para o seu bolso ou conta bancária, quantias interessantes.

Não tenho nenhum conhecimento concreto que me permita apoiar esta afirmação apócrifa. É tão só desconfiança e maldade congénita. O que sim me chegou aos olhos, mas não aos ouvidos, é que alguns dos que tiveram a oportunidade de servir o País em ministérios que tinham sob a sua alçada projectos de envergadura, após serem substituídos não ficaram propriamente numa esquina a pedir esmola, dependentes da caridade cristã. O mais normal é que não tardassem a lhes ser disponibilizadas prebendas muito bem remuneradas.

Chegados a este ponto da análise factual o menos iluminado dos cidadãos poderia concluir que, de facto, não é o poder político que nos desgoverna, mas a pressão, nada subtil ou mais propriamente descarada, dos grandes negócios que compensam aqueles que ao seguir as suas orientações lhes facilitaram a vida. Existe uma frase no léxico popular que define bem estas compensações: uma mão lava a outra, e ambas o rosto. É conveniente salvar a face.

Não sinto que estas deduções possam ser gerais. Como em tudo há excepções, que dizem confirmam a regra. Mas que o poder de sedução do capital existe, que fascina e se torna irresistível... imagino que assim seja. E mais, admito que sendo as pessoas como são, e tal como se diz “a carne é fraca”, este comportamento, de previsão pessoal futura, não terminará jamais. Seja qual for o cariz teórico do governo em funções. O áspide está sempre presente. É ele quem lubrifica e passa a conta à população.


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