E
não garanto que acerte
Os
anos de vida e os tempos de adulto (será que todos somos ou
estivemos potencialmente adúlteros, ou quase efectivos?)
deram-me alguma clarividência a respeito do comportamento de muitas
pessoas ligadas à política governamental. Uma situação que,
felizmente, não tive ocasião de saborear, mas que após anos de
observação quase que me oferece a possibilidade de apresentar uma
conclusão, mesmo que delimitada pelo facto de, repito, jamais ter
pertencido ao selecto grupo dos beneficiados com as compensações
económicas que se podem deduzir mereceram pelo seu esforço em prol
da sociedade em geral, e deles mesmo, mais os do seu grupinho, em
particular. Uns “merecidos prémios” que, em geral, são
oferecidos posteriormente a sua estadia em lugares privilegiados.
A
cidadania, atreita a deduzir sem esgotar a sua capacidade mental de
análise factual, geralmente conecta o ter um poder nacional, mesmo
que delimitado estatutariamente, pelos férteis campos que estão no
horizonte de acção do ministério onde foi instalado. Em função
deste ideia préconcebida ele, o cidadão não eleito, imagina, e até
afirma sem admitir incertezas, que fulano ou sicrano abusou dos seus
poderes em benefício pessoal. Mais especificamente o culpabiliza,
sem aceitar uma dúvida, de que pelo facto de ali ter sido
“sacrificado para bem da nação” lhe caem, para o seu bolso ou
conta bancária, quantias interessantes.
Não
tenho nenhum conhecimento concreto que me permita apoiar esta
afirmação apócrifa. É tão só desconfiança e maldade congénita.
O que sim me chegou aos olhos, mas não aos ouvidos, é que alguns
dos que tiveram a oportunidade de servir o País em ministérios que
tinham sob a sua alçada projectos de envergadura, após serem
substituídos não ficaram propriamente numa esquina a pedir esmola,
dependentes da caridade cristã. O mais normal é que não tardassem
a lhes ser disponibilizadas prebendas muito bem remuneradas.
Chegados
a este ponto da análise factual o menos iluminado dos cidadãos
poderia concluir que, de facto, não é o poder político que nos
desgoverna, mas a pressão, nada subtil ou mais propriamente
descarada, dos grandes negócios que compensam aqueles que ao seguir
as suas orientações lhes facilitaram a vida. Existe uma frase no
léxico popular que define bem estas compensações: uma mão lava
a outra, e ambas o rosto. É conveniente salvar a face.
Não
sinto que estas deduções possam ser gerais. Como em tudo há
excepções, que dizem confirmam a regra. Mas que o poder de sedução
do capital existe, que fascina e se torna irresistível... imagino
que assim seja. E mais, admito que sendo as pessoas como são, e tal
como se diz “a carne é fraca”, este comportamento, de previsão
pessoal futura, não terminará jamais. Seja qual for o cariz teórico
do governo em funções. O áspide está sempre presente. É ele quem
lubrifica e passa a conta à população.
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