segunda-feira, 6 de julho de 2020

MEDITAÇÕES – Errar é natural



Entrei pelo meu pé na ratoeira

Não posso atribuir ao isolamento forçado que a pandemia nos aconselhou, pois que por mau feitio e outros factores que não é pertinente referir neste momento, sempre tive um número muito reduzido de amigos com os quais os contactos, verbais ou epistolares, ocorressem com uma periodicidade demonstrativa de afinidade.

Reconheço que esta faceta social tem uma similitude notória com a agricultura e jardinaria. Se não cuidamos continuadamente e com dedicação ao que ambas actividades, mesmo que não exactamente iguais, pois que uma delas está situada no sector ambiental e a outra no comportamental, o que as torna paralelas é que se não se lhes der a atenção de forma continuada e procurar evitar a agressividade, em ambos casos definham.

Como tinha no esquema inicial para este escrito, o facto de nos manter num casulo practicamente blindado, conduziu a que, numa progressão inesperada, o sentimento de isolamento humano se tornasse sufocante.

Uma situação que, para me tranquilizar, tentei expandir para outros que suponho que padecem da mesma sintomatologia. E cheguei à conclusão de que o recurso de neutralização desta ansiedade foi o de entrar nalguma “rede social”. Pelo conteúdo de algumas mensagens recebidas através do serviço de correio electrónico, vi que se tornou habitual referir o facebook como meio de contacto e até de “convívio” (pouco selectivo e até por vezes desnecessariamente agressivo).

E, por espírito de imitação e depois de habituação, tive a “grande ideia” de me inscrever. E até de comentar, oferecendo os meus pontos de vista sem grandes reservas, como se estivesse, de facto, escrevendo com amigos conhecidos pessoalmente. Admitindo, ingenuamente, que os parceiros que por ali proliferam, são, na sua imensa maioria, pessoas de quem desconhecemos tudo aquilo que por instinto (que nada garante não estar errado) nos permite falar e escrever sem máscara.

Errado! E não só errado mas com desleixo perante avisos de censura. E a censura, que não sei exactamente sob que critérios decide, é tão intensa que inclusive a mim me barrou o accesso, não só a colocar comentários como até de uma simples leitura. Sem explicação factual encontrei o portão fechado!

Se durante a fase precedente à minha adesão a esta ”rede social” tão sabiamente controlada, eu fui sobrevivendo, não creio que ao deixar de ter esta janela de convívio electrónico, dentro de uma cela pidesca, vá cair numa depressão irreversível.


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