Entrei
pelo meu pé na ratoeira
Não posso atribuir ao isolamento
forçado que a pandemia nos aconselhou, pois que por mau feitio e
outros factores que não é pertinente referir neste momento, sempre
tive um número muito reduzido de amigos com os quais os contactos,
verbais ou epistolares, ocorressem com uma periodicidade
demonstrativa de afinidade.
Reconheço
que esta faceta social tem uma similitude notória com a agricultura
e jardinaria. Se não cuidamos continuadamente e com dedicação ao
que ambas actividades, mesmo que não exactamente iguais, pois que
uma delas está situada no sector ambiental e a outra no
comportamental, o que as torna paralelas é que se não se lhes der a
atenção de forma continuada e procurar evitar a agressividade, em
ambos casos definham.
Como
tinha no esquema inicial para este escrito, o facto de nos manter num
casulo practicamente blindado, conduziu a que, numa progressão
inesperada, o sentimento de isolamento humano se tornasse sufocante.
Uma
situação que, para me tranquilizar, tentei expandir para outros que
suponho que padecem da mesma sintomatologia. E cheguei à conclusão
de que o recurso de neutralização desta ansiedade foi o de entrar
nalguma “rede social”. Pelo conteúdo de algumas mensagens
recebidas através do serviço de correio electrónico, vi que se
tornou habitual referir o facebook como meio de contacto e até de
“convívio” (pouco
selectivo e até por vezes desnecessariamente agressivo).
E,
por espírito de imitação e depois de habituação, tive a “grande
ideia” de me inscrever. E até de comentar, oferecendo os meus
pontos de vista sem grandes reservas, como se estivesse, de facto,
escrevendo com amigos conhecidos pessoalmente. Admitindo,
ingenuamente, que os parceiros que por ali proliferam, são, na sua
imensa maioria, pessoas de quem desconhecemos tudo aquilo que por
instinto (que nada
garante não estar errado)
nos permite falar e escrever sem máscara.
Errado!
E não só errado mas com desleixo perante avisos de censura. E a
censura,
que não sei exactamente sob que critérios decide, é tão intensa
que inclusive a mim me barrou o accesso, não só a colocar
comentários como até de uma simples leitura. Sem explicação
factual encontrei o portão fechado!
Se
durante a fase precedente à minha adesão a esta ”rede social”
tão sabiamente controlada, eu fui sobrevivendo, não creio que ao
deixar de ter esta janela de convívio electrónico, dentro de uma
cela pidesca, vá cair numa depressão irreversível.
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