OS JOGOS
DE MESA COMPETITIVOS
Tanto
aconteceu com os filhos como mais tarde com as netas, que para os
entreter e ao mesmo tempo os treinar para o futuro, mesmo que
indirectamente e com a aparência primária de serem actividades
inocentes, os introduzi nos aparentemente simples jogos de mesa,
sejam de tabuleiro, com cartas de baralho iguais às dos adultos,
figuras ou peças móveis.
Numa
visão cândida classificaria estes jogos “de entreter” em dois
tipos. Uns são condicionados pelo acaso, seja o que chamamos sorte
ou azar -como pode ser o caso
da lotaria, sem batota- pois a decisão da jogada está
muito condicionada pelo valor (se
jogar com dados) ou pela figura que lhe sai em sorte. No
outro grupo temos aqueles jogos competitivos onde, desde o primeiro
movimento tenta-se estruturar a vitória e derrota do oponente.
Podemos qualifica-los como “jogos de guerra”
São
estes jogos, do segundo grupo, que, passados anos em que os aceitei
como sendo simples jogos, terminei por os considerar, sem dúvida,
como maquiavelismo. O xadrez é, para a maioria das pessoas, o jogo
mais complexo e propício a meditar e estudar tácticas a curto ou
médio prazo -tudo depende da
experiência, saber e categoria pensante dos dois jogadores- Sem dúvida é um desafio
que não está totalmente na dependência da sorte, a não ser, quando existe um equilíbrio entre os dois jogadores, na
escolha da primeira jogada.
Desde
criança me alertaram sobre ser indispensável, para vencer em muitos
jogos competitivos, seguir e tentar prever não só as jogadas que
podem surgir mas, e de suma importância, ter sempre em mente, desde
o início da partida, a necessidade em ter um inventário actualizado
das peças que já foram jogadas, mais as peças que tem em seu
poder, e daí poder deduzir o que está para sair do monte e,
principalmente, o que pode ser que o oponente disponha na sua mão coberta..
Sei
e admito sem argumentos que possam contrariar, que esta técnica de
jogo é que deve ser seguida, se pretender vencer -sempre no caso dos competitivos, nem que seja a
feijões- Com ela pretende-se contrariar, ou mesmo eliminar, o factor sorte ou azar. Ou seja, dos que não
podem ser muito influenciados pela capacidade cognitiva, memoristica
e calculista do jogador. De facto os
jogos competitivos são uma preparação para a vida real,
pois incitam e preparam para a previsão, assim como nos podem
dar possibilidades para colocar o adversário num beco sem saída,
derrotando-o. É a cínica regra social, claramente maquiavelista, que
se deve ter presente para não ser destinado, sem apelo, à mó de
baixo.
Há
quem defina esta situação, real, da vida em sociedade, com a
afirmação de que o homem vive sempre numa selva,
em perigo de esmagamento, de morte. Só escapam, sacrificando-se eles
próprios, aqueles que optam pelo eremitério de facto-nem que seja
figuradamente- num alheamento quase total. Escolherem o
ostracismo. O que equivale a renegar de uma vida em sociedade aberta.
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