quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

MEDITAÇÕES- Treinar o maquivaelismo




OS JOGOS DE MESA COMPETITIVOS

Tanto aconteceu com os filhos como mais tarde com as netas, que para os entreter e ao mesmo tempo os treinar para o futuro, mesmo que indirectamente e com a aparência primária de serem actividades inocentes, os introduzi nos aparentemente simples jogos de mesa, sejam de tabuleiro, com cartas de baralho iguais às dos adultos, figuras ou peças móveis.

Numa visão cândida classificaria estes jogos “de entreter” em dois tipos. Uns são condicionados pelo acaso, seja o que chamamos sorte ou azar -como pode ser o caso da lotaria, sem batota- pois a decisão da jogada está muito condicionada pelo valor (se jogar com dados) ou pela figura que lhe sai em sorte. No outro grupo temos aqueles jogos competitivos onde, desde o primeiro movimento tenta-se estruturar a vitória e derrota do oponente. Podemos qualifica-los como “jogos de guerra

São estes jogos, do segundo grupo, que, passados anos em que os aceitei como sendo simples jogos, terminei por os considerar, sem dúvida, como maquiavelismo. O xadrez é, para a maioria das pessoas, o jogo mais complexo e propício a meditar e estudar tácticas a curto ou médio prazo -tudo depende da experiência, saber e categoria pensante dos dois jogadores- Sem dúvida é um desafio que não está totalmente na dependência da sorte, a não ser, quando existe um equilíbrio entre os dois jogadores, na escolha da primeira jogada. 


Desde criança me alertaram sobre ser indispensável, para vencer em muitos jogos competitivos, seguir e tentar prever não só as jogadas que podem surgir mas, e de suma importância, ter sempre em mente, desde o início da partida, a necessidade em ter um inventário actualizado das peças que já foram jogadas, mais as peças que tem em seu poder, e daí poder deduzir o que está para sair do monte e, principalmente, o que pode ser que o oponente disponha na sua mão coberta..

Sei e admito sem argumentos que possam contrariar, que esta técnica de jogo é que deve ser seguida, se pretender vencer -sempre no caso dos competitivos, nem que seja a feijões- Com ela pretende-se contrariar, ou mesmo eliminar, o  factor sorte ou azar. Ou seja, dos que não podem ser muito influenciados pela capacidade cognitiva, memoristica e calculista do jogador. De facto os jogos competitivos são uma preparação para a vida real, pois incitam e preparam para a previsão, assim como nos podem dar possibilidades para colocar o adversário num beco sem saída, derrotando-o. É a cínica regra social, claramente maquiavelista, que se deve ter presente para não ser destinado, sem apelo, à mó de baixo.

Há quem defina esta situação, real, da vida em sociedade, com a afirmação de que o homem vive sempre numa selva, em perigo de esmagamento, de morte. Só escapam, sacrificando-se eles próprios, aqueles que optam pelo eremitério de facto-nem que seja figuradamente- num alheamento quase total. Escolherem o ostracismo. O que equivale a renegar de uma vida em sociedade aberta.

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