Problemas com solução problemática
E,
por azar, estes dois problemas, entre outros, são de incerta
solução, e suficientemente complexos para nos aconselhar não os
querer tratar, até porque cada individuo, isoladamente, não tem
potencial para poder agir no sentido de condicionar a sua evolução.
E,
após esta espécie de introdução, que nada diz, será que o leitor
está preparado para o que daí pode advir? Podemos “entrar a
matar” sem receio de provocar AVC? Pois aí vão, sem os referir
por ordem de importância, pois cada um, no seu género e dimensão,
nos prometem alterações na débil tranquilidade que tanto
apreciamos. Outros existem com previsíveis consequências nefastas.
Referirei,
em primeiro lugar, o que está ainda quentinho, nas letras gordas de
todos os jornais desta zona em que nos encontramos. Ou seja, que o
tema do dia corresponde ao resultado da última consulta eleitoral
havida no Reino Unido, e que, em poucas palavras, corresponde à liberdade de
decisão do governo inglês, eleito ontem, para proceder à gestão
da vontade maioritária dos súbditos de Sua Majestade no sentido de abandonar a
sua presença na União Europeia.
Os
que se consideram muito entendidos quanto aos efeitos que podem
causar este tal de Brexit, que
podemos valorizar, de forma excessivamente simplista, como sendo uma
espécie de divórcio entre nações livres e soberanas. Apesar de
este propósito estar na ordem do dia durante muitos meses, deve ser
geral ignorar, concretamente, todos
os efeitos directos e indirectos que poderá causar, tanto para os
súbditos de Sua Majestade como para os restantes membros da União
Europeia.
Para
já é possível que nem sequer a maioria dos votantes do U.K., que
ofereceram, ao seu partido conservador, as chaves desta iniciativa, que se
pode entender como uma ordem de despejo
à medida dos inquilinos, sem passar pela fase de um divórcio não
litigioso, devem conhecer toda a água no bico que carrega esta
separação. Tem o potencial de uma verdadeira inundação, na qual
muitos se afogarão.
Admito que muitos cidadãos da
Inglaterra actual, e mais concretamente os que são desta
naturalidade por direito de gerações pretéritas, votaram
condicionados por questões com génese complexa e que não serão
neutralizadas pelos que ganharam estas eleições. O responsabilizar as normas fronteiriças vigentes na UE pelo
crescente número de migrantes estrangeiros que ocupam os postos de
trabalho dos nacionais(?) é esquecer a porta dos fundos aberta para os originários da Comunidade Britânica, herdeira do seu Império.
Entendamos.
Muitas destas situações tiveram a sua génese já no tempo da
Margaret Thatcher quando do encerramento de minas de carvão e ferro, dos altos fornos produtores de aço, e por
arrastamento, de algumas actividades que, ao abrir as fronteiras aos
produtos que se encomendaram a países do Oriente, com grande
satisfacção de quem abandonou a produção na Inglaterra -assim
como sucedeu nos restantes países ocidentais-
pensando que livravam-se dos problemas sindicais, e outros anexos,
mas mantinham a comercialização das suas marcas, com melhores
margens e menos problemas, não tardaram a verificar que a invasão
de cópias fabricadas pelos mesmos que aceitaram produzir os seus
modelos patenteados, fatalmente produziram versões próprias, que
comercializaram directamente invadindo os mercados ocidentais e
mundiais em geral.
Apesar de não ser exactamente
idênticas as duas situações, podemos avaliar esta falta de
previsão com a dos colonos na Austrália, que para eliminar outros
problemas locais implantaram espécies não autóctones, nomeadamente
coelhos e gatos, que actualmente constituem pragas de difícil
neutralização.
Ninguém se atreve a profetizar as
consequências que podem advir da saída do RU na “sociedade em
comandita” que é a UE. Entre os optimistas e os pessimistas deve
existir uma longa lista de efeitos, do tipo co-lateral, que poucos se
atrevem a diagnosticar. Já é suficiente considerar que, sejam
poucos ou muitos, simples ou complexos, os temas que se terão que
abordar. Não demorarão a vir à tona da água, ou a descer às
profundidades do irresolúvel.
E o segundo tema “bicudo” que gostaríamos de esquecer, sem conseguir, é o da degradação
ambiental. Não só do aquecimento global de que muito se tem
falado e pouco ou nada agido para tentar travar, mas também o
problema dos resíduos da sociedade actual. Não só são as matérias
plásticas de síntese, não degradáveis na natureza, mas também de outros
muitos resíduos industriais, incluídos materiais rejeitados mas com
longos períodos de radioactividade.
São muitos os compostos descartados
com características perniciosas venenosas e até que não se podem
reutilizar, ou seria “muito caro”, “não rentável” o eliminar
as características perniciosas. Daí que, com atitudes
irresponsáveis e totalmente inaceitáveis, livram-se de ter o
problema em casa, como quem varre o lixo para debaixo do tapete.
Tanto o ocidente industrial como a evoluída Ásia e Indostão, numa
atitude cinicamente capitalista, enviam para zonas pobres de outros países, muito do que não podem esconder ou neutralizar. Com
estas atitudes transformam áreas campestres em perigosas lixeiras.
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