sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

MEDITAÇÕES - Criticar pelo mais fácil



A DESTRUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE PELOS HUMANOS

O modo como muitas pessoas comentam a presença da adolescente sueca Greta, incluídas quem pretendem ser apreciadas como educadas, sensatas e até ciosas das boas causas, nos pode desorientar. Simplesmente porque notamos que preferem avaliar o facto pela parte mais sensível e fora de contexto. Claramente, tratam de tirar valor à acção acusadora desta rapariga baseando-se num diagnóstico de avaliação psicológica, não confirmado, que a ser correcto nem por isso lhe devia retirar o mérito de encarar este assunto com a intensidade que tem faltado a muitos adultos, tão sãos de cabeça e de espírio quanto os detractores.

Vasculharam a biografia e família desta adolescente e insistem em pormenores que os devia envergonhar, nem que fosse porque com esta atitude de acusar e denegrir pretendem esconder a sua apatia e conivência com os factos que, actualmente, são indubitavelmente conhecidos e considerados perigosos para a futura permanência da humanidade, e outros seres vivos, neste planeta que, por enquanto e assim continuará, é o nosso único poiso.

Se estes críticos boçais avaliassem a situação actual da degradação do meio ambiente, que nem sequer conseguimos travar, e muito menos eliminar para recuperar o que existia um século atrás, então quiçá alterariam o seu discurso. Tudo começou, com velocidade inusual quando ocorreu a celebrada revolução industrial, que com a máquina de vapor, os geradores de electricidade e os motores de explosão, abriram a porta dos fundos para chegar aos descalabro actual.

Se usassem os seus neurónios para pensar, estes mesmos críticos insensatos, que se ficam pelas ramas e desprezam o conteúdo, integrar-se-iam em multidões de activistas que, mesmo arriscando-se a ser considerados retrógrados, denunciariam que muita da evolução que nos rodeia é causadora de uma poluição nefasta incontrolável. Estes manifestantes, apesar de identificar a degradação ambiental actual, não sabem nem vislumbram projectos credíveis de a travar e eliminar. E o que conhecem está fora das suas capacidades de acção.

Os mais “modernos e evoluídos” devem considerar que estes propósitos de emenda, sem garantia de ser factível, não eliminam o perigo de destruição acelerada do meio ambiente, e que a isso corresponde  um atraso social de muitas dezenas de anos, ou mesmo centenas. A essa dedução, pessimista em extremo, mas negativista perante o problema, mais do que já confirmado e inegável, a atitude que penso seria mais positiva era a de recordar que a humanidade já ultrapassou, mesmo com perdas de enorme importância, catástrofes climáticas e geológicas, e que sobreviveu, até recuperou, lenta mas progressivamente, a capacidade de se adaptar às novas condições.

O que está acontecendo, especialmente com a incorporação, tanto nos mares como na terra emersa, de detritos não degradáveis, e que inclusive aquilo que nos dizem ser bio-degradável deixa um rastro de partículas, minúsculas, até microscópicas, que não estavam na natureza, e que esta natureza ainda não teve tempo de combinar de um modo estável e inócuo para a vida que se gerou, sob uma imensidade de formas evolutivas ao longo de milhões de anos, mesmo de eras, e que hoje sentimos estar em perigo.

Não tentaremos negar o que se conhece de grandes períodos de glaciação e outros de calor ou de subida do nível das águas. Muito se conhece e se pode observar (por testemunhos geológicos e até escritos) destas mudanças climáticas. Mas sempre as causas e correcções foram endógenas, sem a contribuição do homem. Foi a ânsia de saber como, porque e como alterar o equilíbrio que, nos levou a uma situação que parece repetir a ameaça bíblica de que todo o nosso mal estava concentrado na árvore do saber; do bem e do mal.

Terminada a segunda guerra mundial e insistindo na decisão de usar a potência que estava confinada nas partículas elementares, a denominada energia atómica, que nos convencemos poder domesticar, os chefes decisores viram-se confrontados com a terrível possibilidade de gerar uma catástrofe, que inclusive podia ter a consequência da destruição da vida se desencadeassem uma guerra nuclear. Por enquanto desistiram desta loucura. Mas a ciência não descansa, tem que avançar por outros caminhos, que cada dia vão surgindo mercê da inteligência destravada dos humanos.

E hoje não só nos responsabilizamos por uma artificial mudança da temperatura e daí do clima, como, por ser pouca coisa (?) ainda lhe acrescentamos uma progressivamente maior poluição, e consequente degradação.

Penso que os futurólogos que seguem os textos bíblicos -e não só, pois que outras profecias existem sem ser as que conhecemos e que, bem ou mal, acreditamos- não terão também os seus novos profetas. Uns e outros se debaterão com mais ou menos dificuldades para deduzir que os males que nos atingem (e que ainda não vemos na dimensão que estão próximos de atingir) são tão fáceis de explicar como eram os sonhos que o faraó relatava a Josué.

Sem comentários:

Enviar um comentário