O
nosso corpo só para quando o coração desiste
O
estado “letárgico” do nosso corpo necessita um período de
tranquilidade, que normalmente qualificamos como sono. Mas será que
recordamos que muito, mas mesmo muito daquele complexo sistema
funcional que nos confere a vida, não está inactivo? Dou como certo
de que todos temos consciência que o coração e os pulmões
funcionam, mesmo que com marcha reduzida, e também sentimos que o
aparelho digestivo não está em estado de letargia, incluindo o
equipamento de depuração do sangue de que estão incumbidos os
rins, em comandita com o fígado, pois que o fluxo de saída deste
sistema de depuração, acumulando-se na bexiga, dá o alarme de ser
necessário esvaziar. A não ser que o equipamento de aviso esteja
deteriorado ou inactivo.
Mas
o órgão de comando geral, que admitimos está concentrado no
cérebro, ali na caixa craniana, este nunca deixa de trabalhar, não
só coordenando as funções vitais como arrumando as mais recentes
observações do exterior, mais as deduções internas, nos seus
complexos ficheiros. E tal como nos acontece quando procuramos um
livro nas estantes, o arquivista cerebral é atreito a consultar e
manipular, a seu entender, o passado e o tornar quase que perceptível
com imagens mentais que denominamos de sonhos.
Chegados
à constatação de termos, no nosso corpo, sistemas internos que não
descansam, mesmo que possam amainar no seu funcionamento, é de boa
lei recordar a existência de outros muitos complexos funcionais,
indispensáveis, e dos quais só nos apercebemos quando, por alguma
eventualidade ou simples desgaste, deixam de estar devidamente
activos que estas “indústrias” internas são obrigadas a ter um
funcionamento contínuo, e por não auferem do merecido. Falta-lhes
um sindicato activista que exija o justo descanso.
Ou
seja, admitir, sem ponderar todos os factos ao nosso dispor, que se
“dorme como uma pedra” é não avaliar esta afirmação na sua
dimensão real: não passa de uma figura de estilo.
Não
sei avaliar que proporção do nosso corpo está, ou admitimos que
esteja, em estado letárgico quando dormimos. Possivelmente é muito
pouco, pois nem o cabelo nem as unhas dão sinais de interromper o
seu crescimento por um período concreto. Ou seja, admitir, sem
ponderar todos os factos ao nosso dispor, que se dorme como se
desligassem o corpo de uma tomada de corrente é errado.
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