segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

MEDITAÇÕES - Dormir



O nosso corpo só para quando o coração desiste

O estado “letárgico” do nosso corpo necessita um período de tranquilidade, que normalmente qualificamos como sono. Mas será que recordamos que muito, mas mesmo muito daquele complexo sistema funcional que nos confere a vida, não está inactivo? Dou como certo de que todos temos consciência que o coração e os pulmões funcionam, mesmo que com marcha reduzida, e também sentimos que o aparelho digestivo não está em estado de letargia, incluindo o equipamento de depuração do sangue de que estão incumbidos os rins, em comandita com o fígado, pois que o fluxo de saída deste sistema de depuração, acumulando-se na bexiga, dá o alarme de ser necessário esvaziar. A não ser que o equipamento de aviso esteja deteriorado ou inactivo.

Mas o órgão de comando geral, que admitimos está concentrado no cérebro, ali na caixa craniana, este nunca deixa de trabalhar, não só coordenando as funções vitais como arrumando as mais recentes observações do exterior, mais as deduções internas, nos seus complexos ficheiros. E tal como nos acontece quando procuramos um livro nas estantes, o arquivista cerebral é atreito a consultar e manipular, a seu entender, o passado e o tornar quase que perceptível com imagens mentais que denominamos de sonhos.

Chegados à constatação de termos, no nosso corpo, sistemas internos que não descansam, mesmo que possam amainar no seu funcionamento, é de boa lei recordar a existência de outros muitos complexos funcionais, indispensáveis, e dos quais só nos apercebemos quando, por alguma eventualidade ou simples desgaste, deixam de estar devidamente activos que estas “indústrias” internas são obrigadas a ter um funcionamento contínuo, e por não auferem do merecido. Falta-lhes um sindicato activista que exija o justo descanso.

Ou seja, admitir, sem ponderar todos os factos ao nosso dispor, que se “dorme como uma pedra” é não avaliar esta afirmação na sua dimensão real: não passa de uma figura de estilo.

Não sei avaliar que proporção do nosso corpo está, ou admitimos que esteja, em estado letárgico quando dormimos. Possivelmente é muito pouco, pois nem o cabelo nem as unhas dão sinais de interromper o seu crescimento por um período concreto. Ou seja, admitir, sem ponderar todos os factos ao nosso dispor, que se dorme como se desligassem o corpo de uma tomada de corrente é errado.

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