quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

MEDITAÇÕES - Está tudo doido



NÃO BASTOU COM O TAL BLACK-FRIDAY

Se a influência americana para cair no consumismo desenfreado já nos instalou os dias de compras insensatas, através de publicidade intensiva e enganosa, nestes dias recentes assistimos a que esta tentação irracional, mas pensada e tratada com profissionalismo e adesão total por quem vende, apanhou muitos bolsos já em estado de exaustão depois das despesas ligadas ao regresso das férias de verão e, nomeadamente, aos que tem filhos em idade escolar.

O calendário, porém, está de conluio com o comércio, e se já se entrou na fase das exigentes compras natalícias Tantas vezes absurdamente inúteis e despropositadas, mesmo que com o propósito de agradar a familiares e amigos, ou até para cumprir com compromissos profissionais. Não serão poucos os cidadãos que já esgotaram o seu topo de débito automático e estejam caindo, a pique, no crédito, com os implacáveis juros que só aparecem quando as mentes não pensam.

Ah! Mas as tentações do comércio não esperam que as cabeças dos adictos ao consumo tenham tempo e calma para pensar. Já estão preparando, e os compradores aguardando, enfeitar as suas montras com cartazes de DESCONTOS DE NATAL ou com o espanholizado REBAIXAS. E toca a gastar mais. Insistindo progressivamente no crédito.

Oficiosamente nos pretendem tranquilizar afirmando que o progresso económico do País depende de que a roda do comércio gire sem parar. PARAR É MORRER ! Raramente nos elucidam de que muito do que os nossos compatriotas compram foi importado, e que as facturas correspondentes empurram o deficit da economia cada vez para mais alto, sem que a produção de bens, tanto para consumo interno como para exportar (que é o mais importante nesta contabilidade) acompanhe neutralizando a evolução negativista.

O canto da sereia vai-se adaptando às circunstâncias. Todos recordamos as campanhas, mais ou menos disfarçadas, que se fizeram negando a qualidade dos visitantes mochileiros, que sujavam mais do que limpavam -em verdade nunca se entretiveram a limpar, nem sequer aquilo que eles mesmo sujavam- Mas agora, caídos noutra maré, tipo maremoto ou tsunami para os mais letrados..., recebemos a invasão dos que nos chegam canalizados por redes de contratação electrónica, ocupando, com as suas malas de rodinhas, que substituíram muitas mochilas, partes de casas particulares.

É um fartote! São a salvação do País !? Dizem que estes viajantes deixam muito dinheiro no comércio!? E no "bebércio!", porque encontram aqui o comer e o beber a preços que, comparando com os dos seus países, são da uva mijona. Podem comer bem, e beber até cair, por menos da metade do que despenderiam na sua terra. E nós, nem lembramos que o trigo com que se faz a farinha e o pão que compram barato, está com preço subsidiado; pois que também se importa quase na totalidade.

Após ter estas notícias favoráveis quem se atreve à decisão de amainar nas suas “necessidades” consumistas? Se o meu falecido sogro estivesse presente, tenho a certeza absoluta que diria, e com razão: Está tudo doido! Andam esgaseados ! (um termo do léxico popular que ficou desde o regresso dos militares regressados da frente de Verdum. Hoje só os mais velhos, vivos, é que o recordam)

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