NÃO
BASTOU COM O TAL BLACK-FRIDAY
Se
a influência americana para cair no consumismo desenfreado já nos
instalou os dias de compras insensatas, através de publicidade
intensiva e enganosa, nestes dias recentes assistimos a que esta
tentação irracional, mas pensada e tratada com profissionalismo e
adesão total por quem vende, apanhou muitos bolsos já em estado de exaustão depois das despesas ligadas ao regresso das férias de
verão e, nomeadamente, aos que tem filhos em idade escolar.
O
calendário, porém, está de conluio com o comércio, e se já se
entrou na fase das exigentes compras natalícias Tantas vezes
absurdamente inúteis e despropositadas, mesmo que com o propósito
de agradar a familiares e amigos, ou até para cumprir com
compromissos profissionais. Não serão poucos os cidadãos que já
esgotaram o seu topo de débito automático e estejam caindo, a
pique, no crédito, com os implacáveis juros que só aparecem quando
as mentes não pensam.
Ah!
Mas as tentações do comércio não esperam que as cabeças dos
adictos ao consumo tenham tempo e calma para pensar. Já estão
preparando, e os compradores aguardando, enfeitar as suas montras com
cartazes de DESCONTOS DE NATAL ou com o espanholizado REBAIXAS. E
toca a gastar mais. Insistindo progressivamente no crédito.
Oficiosamente
nos pretendem tranquilizar afirmando que o progresso económico do
País depende de que a roda do comércio gire sem parar. PARAR É
MORRER ! Raramente nos elucidam de que muito do que os nossos
compatriotas compram foi importado, e que as facturas correspondentes
empurram o deficit da economia cada vez para mais alto, sem que a
produção de bens, tanto para consumo interno como para exportar
(que é o mais importante
nesta contabilidade) acompanhe neutralizando a evolução negativista.
O
canto da sereia vai-se adaptando às circunstâncias. Todos
recordamos as campanhas, mais ou menos disfarçadas, que se fizeram
negando a qualidade dos visitantes mochileiros, que sujavam mais do
que limpavam -em verdade nunca se entretiveram a limpar,
nem sequer aquilo que eles mesmo sujavam- Mas agora, caídos
noutra maré, tipo maremoto ou tsunami para os mais letrados...,
recebemos a invasão dos que nos chegam canalizados por redes de
contratação electrónica, ocupando, com as suas malas de rodinhas,
que substituíram muitas mochilas, partes de casas particulares.
É
um fartote! São a salvação do País !? Dizem que estes viajantes
deixam muito dinheiro no comércio!? E no "bebércio!", porque
encontram aqui o comer e o beber a preços que, comparando com os dos
seus países, são da uva mijona. Podem comer bem, e beber até cair,
por menos da metade do que despenderiam na sua terra. E nós, nem
lembramos que o trigo com que se faz a farinha e o pão que compram
barato, está com preço subsidiado; pois que também se importa
quase na totalidade.
Após
ter estas notícias favoráveis quem se atreve à decisão de amainar
nas suas “necessidades” consumistas? Se o meu falecido sogro
estivesse presente, tenho a certeza absoluta que diria, e com razão:
Está tudo doido! Andam esgaseados ! (um
termo do léxico popular que ficou desde o regresso dos militares
regressados da frente de Verdum. Hoje só os mais velhos, vivos, é
que o recordam)
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